quarta-feira, julho 23, 2008

Os novos iletrados


Pelas vezes que tenho "zurzido" nas políticas do Governo actual acho que ganhei - pelo menos a meus próprios olhos - um crédito de credibilidade que me permite também dizer bem quando tal me parece justo.

Não é possível, neste Século XXI, falarmos de analfabetismo como os nossos Pais e Avós falavam, dando-lhe o significado de anátema que condenava ao trabalho braçal desqualificado, deficiência grave da formação humana que impedia o homem ou a mulher de aceder a altos cargos, de ter uma vida profissional intelectualmente satisfatória.

Hoje em dia o “analfabetismo” ainda existe mas - para todos os efeitos sociais atrás referidos - foi substituído do ponto de vista da ponderação estatística pela “info-exclusão”, pela impossibilidade de aceder ou pela dificuldade de manusear os instrumentos digitais desta sociedade da informação em que nos transformámos.

A produtividade do trabalho começa a medir-se cada vez mais em termos de rapidez do acesso à informação, da habilidade em procurar os melhores locais para a recolher e da capacidade de a utilizarmos com critério.

Para que isto se concretize é fundamental que os nossos jovens – todos eles, ricos e pobres – tenham acesso às melhores tecnologias digitais de comunicação disponíveis, compreendendo quais são os seus limites e as suas capacidades.

Esta familiaridade com o “universo do digital” estava até aqui normalmente associada à afluência das famílias. Pais licenciados com profissões adequadas às suas habilitações têm muito maior probabilidade de também gerarem filhos e filhas com licenciaturas já que, para além de tudo o resto, existem frequentemente um ou mais computadores nestes lares privilegiados e também uma ou mais ligações à Internet.

O que o Programa “e.escola” pretende fazer é contrariar a base desta relação causa-efeito, garantindo que todos os alunos das nossas escolas – mesmo os que não provêm de agregados familiares afluentes – possam ter acesso à informação digital onde quer que esta se encontre.
Este programa e.escola, a começar em 15 Setembro, garantirá a todos os alunos que se matriculem nos próximos três anos no 10º ano, a aquisição de computadores com acesso à Internet de banda larga mas a preços muito mais baixos do que os do mercado normal destes componentes.

Todos os alunos terão disponível um pacote integrado com um computador portátil e acesso à Banda Larga. Para a maioria, estes meios são propostos por uma entrada inicial de 150 euros e um valor mensal inferior em 5 euros às ofertas de mercado dos operadores aderentes.
Mas para os alunos inscritos na Acção Social Escolar, e para aqueles com agregados familiares de baixos rendimentos, esta oportunidade terá ainda melhores condições : nada de entrada inicial e mensalidades da banda larga substancialmente reduzidas!


Boa malha Socrática Criatura!

Vamos lá a ver a concretização desta (muito) boa ideia...

3 comentários:

Anônimo disse...

Penso este programa do governo foi sem duvida uma boa iniciativa, mas será que os nossos miúdos vão utilizar esta ferramenta de trabalho/estudo bem, isso ainda estará para se ver.
Quanto ao selo comemorativo do programa e-escola penso dois coisas:
1ª Será necessário os correios servirem de meio para passar propaganda do governo para os portugueses.
2º Terá o programa e-escola tido assim tanto sucesso para que os correios criassem um selo comemorativo?

Mirkud

altitude disse...

Ó Mirkud
Tenha calma. Não é crime celebrarmos algo que é bom. Mesmo que não seja o máximo.
Eu celebro todos os avanços, mesmo que pequenos. E peço sempre mais, claro.

Anônimo disse...

Claro que há que comemorar. E para tão ilustre e grandiosa iniciativa, nada melhor que os CTT emitirem um selo de valor facial 3 €. Vai ser um prazer ver este selo circular nas cartas e afins, por esse mundo fora glorificando esta "Boa Malha Socrática".

Wikoli