quarta-feira, julho 09, 2014

9 horas de alcatrão

Ir e vir do Estoril a Figueira de Castelo Rodrigo dá mais ou menos 9 horitas por estrada, parando e andando.  Porque a coluna (a da besta, não  falo do obelisco da Praça dos Restauradores) assim o exige.

E temos que concordar que, embora hoje seja mister diabolizar o homem, se não fosse a "sanha betânica" de José Sócrates, este percurso demoraria mais ainda.

A sessão solene comemorativa dos 350 Anos da Batalha da Salgadeira (Castelo Rodrigo) foi muito interessante. Para além do Sr. Presidente da  Câmara  falou o Prof. Braga da Cruz, o General VCEME e o General Ramalho Eanes, em representação do Sr. PR.

A descrição da táctica e do desenrolar da batalha fez pôr os cabelos do peito em pé a muito ouvinte (onde me incluo). Levámos um banho de patriotismo e de anti-iberismo tão grande  que até agora ainda não me saíu do sistema...

Uma coisa é certa: naquela ocasião e para fazer o que fizeram, decerto que estávamos perante homens com pesada "fruta vermelha" no sítio e mulheres de barba rija !!

Não me contenho sem contar o seguinte: Originalmente tinha sido convidado um "key note speaker" da Universidade Complutense de Madrid, mas este à ultima hora deu o dito por não dito e não apareceu.

Pudera! Foram convidar um professor espanhol para falar de uma batalha onde os castelhanos levaram porrada até vir a mulher da fava-rica... Era como se eu fosse a Marrocos discursar sobre Alcáçer-Quibir...

Há malta que às vezes não pensa. Mas adiante.

Que dizer de Figueira de Castelo Rodrigo?

 Come-se carne excelente, dizem-nos que  é  Mirandesa, embora um pouco distante do verdadeiro "solar da raça" (Bragança, Vinhais, Vimioso...). Mas é de sabor magnífico e tenra.

Os vinhos desta zona do país - Beira Interior - são difíceis. Talvez por se tratar  de uma zona de confluências e influências, entre o Douro, a Terra Fria e o Dão.

 Existe nos brancos a casta "Síria" ( no Alentejo chama-se Roupeiro) que permite fazer vinhos leves, frescos e de bom bouquet. Desta gostei bastante, bebido em garrafas da marca "Beyra"  e fazendo complemento a outra casta típica daqui, a "Fonte Cal" (vinificação de Rui Reboredo Madeira).  Mas dos tintos ( e salvo melhor opinião) não fiquei cliente.

No regresso - para lá fomos pela A23, de regresso viémos pela A25 - passámos por Viseu para almoçar no Santa Luzia, onde me vinguei dos tintos com um admirável Quinta da Pellada de 2011 a acompanhar o cabrito assado.

E apenas vos digo isto: comprem-no agora! Por cerca de 18 euros a garrafa está muito bem em relação qualidade\preço. E vai subir! Como todos os Tintos desse ano grandioso. Outra dica: Quinta do Crasto Vinhas Velhas 2011 ainda se encontra a menos de 25 euros. E o Superior do mesmo "estábulo" e do mesmo ano, a 17 euros!

Do Santa Luzia, ex-libris do Dão com a sua carta de vinhos onde as referências a esta região ultrapassam a meia centena de marcas, mais uma vez  só posso dizer bem.

 É daqueles locais onde regressamos sempre com vontade, seguros que ao sair, depois da refeição,  ficamos sempre com  boas memórias.

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