sexta-feira, novembro 15, 2013

Blogger na Inauguração da Brasiliana

Parto para o Rio de Janeiro na Segunda feira e só regresso a estas lides na próxima Sexta Feira.

Passem bem e esperem pela volta, com comentários sobre a maior exposição filatélica das Américas em 2013.

E não deixem o País naufragar enquanto eu aqui não estiver!

2 comentários:

Américo Oliveira disse...

A propósito de,

BRASIL

Pátria de imigração.
É num poema que te posso ter...
A terra - possessiva inspiração;
E os rios - como versos a correr.

Achada na longínqua meninice,
Perdida na perdida juventude,
Guardei-te como podia:
na doce quietude
Da força represada da poesia.

E assim consigo ver-te
Como te sinto:
Na doirada moldura de lembrança,
O retrato da pura imensidade
A que dei a possível semelhança
Com palavras e rimas de saudade.

[Miguel Torga]

Américo Oliveira disse...

Versos de um poeta brasileiro dedicado a um,

O SIBARITA ROMANO

Escravo, dá-me a c'roa de amaranto
Que mandou-me inda há pouco Afra impudente.
Orna-me a fronte... Enrola-me os cabelos,
Quero o mole perfume do Oriente.

Lança nas chamas dessa etrusca pira
O nardo trescalante de Medina.
Vem... Desenrola aos pés do meu triclínio
As felpas de uma colcha bizantina.

Oh! Tenho tédio... Embalde, ao pôr da tarde,
Pelas nereidas louras embalado,
Vogo em minha galera ao som das harpas,
Da cortesã nos seios recostado.

Debalde, em meu palácio altivo, imenso,
De mosaicos brilhantes embutido,
Nuas, volvem as filhas do Oriente
No morno banho em termas de porfido.

Só amo o circo... A dor, gritos e flores,
A pantera, o leão de hirsuta coma;
Onde o banho de sangue do universo
Rejuvenesce a púrpura de Roma.

E o povo rei — na vítima do mundo
Palpa as entranhas que inda sangue escorrem,
E ergue-se o grito extremo dos cativos:
— Ave, Cesar! Saúdam-te os que morrem!

Escravo, quero um canto... Vibra a lira,
De Orfeu desperta a fibra dolorida,
Canta a volúpia das bacantes nudas,
Fere o hino de amor que inflama a vida.

Doce, como do Himeto o mel dourado,
Puro como o perfume... Escravo insano!
Teu canto é o grito rouco das Eumênides,
Sombrio como um verso de Lucano.

Quero a ode de amor que o vento canta
Do Palatino aos flóreos arvoredos.
Quero os cantos de Nero... Escravo infame,
Quebras as cordas nos convulsos dedos!

Deixa esta lira! Como o tempo é longo!
Insano! Insano! Que tormento sinto!
Traze o louro falerno transparente
Na mais custosa taça de Corinto.

Pesa-me a vida!... Está deserto o Forum!
E o tédio!... O tédio!... Que infernal idéia!
Dá-me a taça, e do ergástulo das servas
Tua irmã trar-me-ás, — a grega Haidéia!

Quero em seu seio... Escravo desgraçado,
A este nome tremeu-te o braço exangue?
Vê... Manchaste-me a toga com o falerno,
Irás manchar o Coliseu com o sangue!...

[António de Castro Alves (1847-1871), poeta brasileiro]