terça-feira, agosto 13, 2013

Crónicas da Serra 4




Refrescou esta noite o que foi agradável. Aqui para cima custa aguentar os trinta e muitos sem o refrigério da água salgada. Não se pode ter tudo.

Ontem dei por mim a acompanhar os ruídos desta ruralidade, porventura sempre os mesmos há centenas de anos por estas serranias.
Durante as horas mais quentes do dia não se ouve nada. Depois, pela tardinha começam a chegar os pássaros aos ninhos. São dezenas e dezenas em alegre chilreada, brigando uns com os outros. O pastor João tem as ovelhas mesmo à nossa frente, passam a noite aqui mesmo, o que dá para ouvir bem os chocalhos quando começam a pastar, mas já depois de ter caído a noite. Pastam à fresca porque são ovelhas mas não são parvas!
Os badalos terminam pelas 21h. A partir daí começa a reinar a cigarra e sobretudo os grilos que não se calam a noite toda.
Ainda eu às vezes me queixo do carro solitário que por lá passa na minha rua do Estoril velho, ou dos vizinhos a falar mais alto, entusiasmados com o bridge no jardim em frente…

Temos dado valentemente nas garrafitas de verde que trouxe de Guimarães. Bem fresco é o melhor aperitivo para os finais de tarde. Comer é que não tem apetecido muito. É o calor.
Os nossos primos apareceram ontem carregados de amoras do jardim. Foi essa a minha ceia: amoras frescas com chantilly gelado, fazendo boa companhia a uma garrafa de espadeiro. O resto da malta como de costume deu algum estrago nos queijos e enchidos, com o bom pão de centeio do Sabugueiro
Hoje asso para o almoço lombo de porco preto. Parte do avio que ainda me coube das aventuras por Ourique. Com salada da nossa horta e batatas fritas, porque o tamanho do lombo não consente meter batatas no mesmo tabuleiro.
Teremos de beber tinto, mas vou ter de refrescar as garrafitas. Há um Dão da antiga Adega de S. Paio, com cerca de 5 anos, que nos ofereceram em caixa e que carece de ser provado. Será logo ao almoço.

Um comentário:

Anônimo disse...

Grandes crónicas Amigo, queirozianente falando petiscos como esses nem em Paris Raul amigo...
Quanto á falta de política na conversa é bom sinal de que a paz do campo determina paz de espirito bem necessária nestes tempos de incoerente pratica da res publica.
Boas ferias da parte de que em Lisboa permanece, pois como dizia D. Tomás de Mello Breyner, Lisboa em Agosto é melhor que Baden Baden ...