terça-feira, junho 05, 2012

Restaurantes: Os Amigos e Conhecidos

Alguns amigos do Norte (carago!) deram-me um toque sobre o Dona Júlia aqui falado ontem. E disseram-me que, não obstante as qualidades apontadas, o proprietário:

- "às vezes discrimina positivamente  os amigos e conhecidos em relação aos  outros clientes que por lá aparecem".

Esta afirmação é muito comum no âmbito da restauração em Portugal. Por causa dessa e doutras  é que meu Mestre Quitério anda sempre incógnito, até levando a um extremo quase doentio a preocupação em não se deixar fotografar, não se deixar tratar pelo nome de família , etc...

O que eu posso dizer é que fui pela primeira vez ao Dona Júlia naquele dia. Tinha ido ao anterior restaurante dos mesmos proprietários - o Aristides - mas há mais de 10 anos  atrás... Não creio que se lembrassem de mim.

Pode acontecer - e é verdade em muitos casos que presenciei - que os responsáveis pelos restaurantes saibam reconhecer o "bom" Cliente pelas perguntas, pela forma como está, por aquilo que pede para comer, pelo vinho que escolhe... e que em função disso lá saia um tratamento mais esmerado... Não devia ser assim, eu sei, mas na prática é assim mesmo.

Devemos protestar?

Era o que faltava eu protestar por estar a ser bem tratado!!

O conselho que dou aos outros é que façam como eu... Por exemplo, não vão pedir peixes grelhados ou cozidos fora de carta, num Sábado ou Domingo ao almoço, de casa cheia e  quando a cozinha está atulhada de pedidos de forno...Ou que evitem pedir uma dose para duas pessoas e uma garrafa de meio litro de água do Luso  nas mesmas circunstâncias... E que tratem os empregados com cortesia, agradecendo sempre que  servem o vinho ou a água.

Bem sei que o que disse soa a "riquinho de boca cheia " mas a intenção não é essa.

Obviamente que há quem não beba vinho e  coma muito pouco, por doença ou convicção, e não deixa de ter  exatamente o mesmo direito de comer fora tal como os outros "normais mortais". A teoria e os canones restaurativos definidos nas escolas da arte mandam que esses clientes - os da "dose a dividir e água nos copos" - sejam exatamente servidos com a mesma qualidade dos outros.

Mas  eu seria hipócrita se,  na prática, não notasse que  os olhos de proprietários e de empregados assumem um outro brilhozinho quando servem quem vai mais longe no capítulo dos secos e molhados...  

Porque para os "outros", para os metrosexuais desejosos de ser vistos,  mas não amantes do "enfardamento" sólido ou líquido, para aqueles homens e mulheres para quem o cheiro de um meio flute de espumante e um prato enorme com um pedacinho de comida lá no meio (muito bem decorado) são o suficiente para satisfazer o desejo, haverá outros locais onde ir,  e cada vez mais têm aparecido!  Não serão os Donas Júlias deste Mundo (abençoados!) os mais indicados para a sua delicada e esguia aparência...

Mas aqui no Blog desses locais não farei referência, por motivos óbvios, a não ser que um dia lá entre enganado!

É a vida.  Todos temos de ter preferências... (como diz o Sérgio Godinho no anúncio da TSF).

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