Tinha preparado uns poemas de incentivo à Seleção, que bem precisa agora que se conhece o temível adversário das meias-finais. Por isso, e apesar de ser Segunda Feira (que chatice) aqui vão eles:
a) De Ricardo Reis, uma injunção a Lídia (substituída pela figura do momento)
Cumpre-te Hoje, não Esperando
Não queiras, Seleção, edificar no spaço
Que figuras futuro, ou prometer-te
Amanhã. Cumpre-te hoje, não 'sperando.
Tu mesma és tua vida.
Não te destines, que não és futura.
Quem sabe se, entre a taça que esvazias,
E ela de novo enchida, não te a sorte
Interpõe o abismo?
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
b) E de Fernando Pessoa (ele próprio) um excerto da sua Mensagem. Que incentivando a "malta" a mexer os pés ("é a Hora!") não deixa de fazer simples e rigoroso retrato destes tempos e daquilo em que nos tornámos.. O Homem era místico e lidava com a Astrologia, o que explica muita coisa (ou não...).
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Fernando Pessoa
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