segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Sobre a Solidão

No Dia dos Namorados falar sobre a Solidão é mórbido, típico de uma mente retorcida e magoada...Dirão alguns.

Ou talvez não.... Nem sempre a solidão, o estar sózinho, é um opróbio... Por vezes faz parte da escolha consciente de um indivíduo estar sózinho, e em paz resolver os seus derradeiros assuntos. Com Deus e com os Homens.

Discorrer um pouco sobre a  Solidão veio-me  à memória com aquelas histórias dos velhinhos que morrem em suas casas, secretamente, sem família nem amigos que testemunhem a "passagem" e lhes dêem algum conforto nos últimos instantes de vida.

Estes relatos são obviamente dolorosos e trazem para a praça pública todos os pecados modernos deste século XXI: o abandono dos doentes e velhos, a estratégia das "Casas de Repouso", dos "Lares" , muitas vezes transformados em "olvidos" , naqueles buracos  para onde se deitavam os incómodos politicamente activos mas que não se podiam matar,  na Idade Média, de forma a que toda a gente se esquecesse deles.

Por mim preferia mil vezes morrer sózinho, no meio dos meus livros, do que ser obrigado a viver os meus derradeiros dias num desses estabelecimentos, a interagir com quem não escolhi e a perder, dia a dia, o que restasse da minha dignidade.

O verdadeiro pesadelo, pelo menos para mim, não é morrer em casa, sózinho, mas sim  ver chegar o dia em que não sou já senhor das minhas decisões para poder opor-me a  qualquer um desses tipos de "transferências"...

Um Homem sózinho em casa tem vantagens. Já aqui o disse, num dos Posts mais comentados na história deste Blogue... Não só do ponto de vista da independência moral,  mas também em termos do domínio que passa a ter sobre o seu "habitat", sobre o seu ambiente.

As palavras "viver casualmente"  são importantes, como sinónimo de uma vida sossegada, sem pressões de nenhuma espécie. Os "códigos de vestuário" perfeitamente adaptados ao conforto e já não às exigências da sociedade, os horários feitos em termos de si próprio e nunca à medida dos outros, o supremo luxo que é escolher o que vamos fazer sem outras limitações que não sejam as que decorrem do dinheiro disponível ou dos níveis de  saúde ainda em reserva.

Por isso direi, neste Dia do Amor e dos Apaixonados: Amem-se muito e,  se puderem, vivam Felizes para sempre. Como o Amor não escolhe idades, isto tanto é possível para quem tem 20 anos como para quem tem 70...

Mas se tiverem o azar de estarem  sózinhos neste mundo - mesmo que entre duas relações, temporariamente -  não esmoreçam. Há ainda muita coisa para fazer , muito livro para ler, muito filme para ver e muita maravilha para descobrir.... Algumas até do sexo oposto.

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