terça-feira, dezembro 09, 2008

Em torno do que se lê - Alçada Baptista


Aos 81 anos Mestre Alçada Baptista deixou-nos este fim de semana. Digo deixou-nos porque a morte deste grande personagem das letras portuguesas foi assim uma coisa mansa e digna, própria de um homem que - sendo crente no interior de si - dizia que não temia a morte, embora a achasse "...uma chatice, que nos tira da apreciação das coisas boas que a vida tem".

Era formado em ...Direito (quem diria!!??) e levou uma vida inteira a pugnar pelas coisas em que acreditava. Fundou a "Moraes" e a revista "O Tempo e o Modo"; diz quem melhor o conheceu que tal era a sua dedicação àquilo que fazia que ficou cheio de dívidas para que estes seus "filhos do intelecto" continuassem a laborar.

Lidei com ele na altura em que nos escreveu - em 1989 - "Um Passeio por Lisboa" para o Clube do Coleccionador dos CTT, livro com fotografia (extraordinária) de Luis Filipe Cândido.

Um Senhor das letras, obviamente, uma extraordinária pose de alfacinha convicto e militante que amava esta sua Lisboa como poucos embora tivesse nascido na Covilhã.

Jornalista, assessor de Veiga Simão no Ministério da Educação caetanista, opositor ao regime de Salazar às claras, criador do Instituto Português do Livro, era no fim de contas e como muito bem conta o Livro que lhe foi feito em homenagem sentida, um "Amigo de todos Nós" :

"António Alçada Baptista. Tempo afectuoso – Homenagem ao escritor amigo de todos nós», volume de textos publicado em 2007 em sua homenagem, onde 45 personalidades, de familiares a escritores, catedráticos e políticos, escreveram sobre a importância da obra de Alçada Baptista e o que a sua figura inspirou.
De ente eles: Eduardo Lourenço, Mário de Carvalho, Teolinda Gersão, Dinis Machado, António Ramos Rosa, Mário Soares, Pedro Roseta e Edgar Morin.

Adeus Mestre e até ao próximo encontro por aí nalguma tertúlia celestial dedicada à literatura.
Nota: "Cacilheiro na Praça do Comércio" é uma tela de Ana Sofia Santos.

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