quarta-feira, outubro 14, 2009

A Frota Branca durante a II Guerra


Ontem o vosso Blogger esteve em Ílhavo para uma reunião com os responsáveis do Museu Marítimo. Estava em causa uma proposta que nos tinha sido feita para um tema de um Livro filatélico que desse conta das ligações profundas dos portugueses ao bacalhau e à sua captura, e da forma como estas ligações "tremeram" e se aguentaram durante os anos da II Guerra Mundial onde os mares do Atlântico Norte estavam "proíbidos" às frotas mercantes pelos submarinos e navios de guerra das potências beligerantes.

Saí de lá estupefacto, pois não fazia ideia - e acho que os leitores também não - sobre a escala deste fenómeno social (a importância política do bacalhau para o Estado Novo) e sobre as formas como os governantes de então tentaram apaziguar as "massas" com as promessas de que o "fiel amigo" nunca faltaria à mesa dos portugueses, e a preços controlados...

E dá-nos até a ideia de que a falta do bacalhau seria causa de agitação social de alto nível!

Mas para garantir esse objectivo do "bacalhau em todas as mesas" foi precisa muita coragem e extrema dedicação dos homens do mar, concordando em partir para a "Faina Maior" nestas condições de perigo, bem assim como muitos esforços diplomáticos que tentassem garantir, à conta da neutralidade de Portugal, o salvo conduto dos comboios bacalhoeiros que passavam do Tejo à Terra Nova.

E, mesmo assim, os submarinos alemães afundaram propositadamente e sem pré-aviso dois navios portugueses, os Lugres "Delães" e o "Maria da Glória" (36 mortos e desaparecidos, muitos deles da Fuseta algarvia) .

Esses U-Boats , U94 e U96, foram depois também afundados pelos Aliados, um deles ao largo de Tenerife e o outro nas docas alemãs. Traidores dos Comandantes Alemães que ignoraram a lei do Mar !

A história oficial do Estado Novo falava de "manobras bolcheviques" para explicar o afundamento dos Lugres, e em toda a comunicação social portuguesa sempre se referiu "submarinos de origem desconhecida" para explicar os infortúnios.

Hoje em dia os historiadores acham que estes afundamentos foram feitos como "aviso" às autoridades portuguesas para não venderem mais volfrâmio aos Aliados. Seria assim?

De todas as formas é esta a a história da famosa "White Fleet" - os navios da Paz - que circulavam pelo Atlântico Norte pintados de branco para mais fácil identificação, mas também é uma história com espiões à mistura (dois radio-telegrafistas dos Lugres bacalhoeiros estariam a soldo da Alemanha, para dar indicações da frota naval aliada) e com muita, mesmo muita coragem na base disto tudo...

Merece ser outra vez contada. E tudo farei para que o seja , aqui nos nossos Livros temáticos. Lá para 2011...

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