quarta-feira, outubro 04, 2006

O Espírito da Língua: a culpa é da Televisão?




Várias vezes me tenho insurgido com a falta de Cultura - nos seus aspectos de linguagem falada ou escrita - observada nos comportamentos do dia-a-dia das pessoas ditas civilizadas e de extracto social pseudo- elevado.

Escrevo "pseudo" porque me parece que a abundância de dinheiro não deve (nem pode ) ser o único critério de avaliação destas coisas.

Estive, como sabem, muitos anos ao abrigo destas barbaridades porque passava os dias nos CTT e grande parte das noites na Faculdade, onde ensinei durante 30 anos. Em conclusão pouco via Televisão e quando o fazia era quase sempre para dar uma olhadela às séries da FOX que o meu filho gravava ou aos jogos de Futebol.

Ultimamente chego a casa mais cedo e é inevitável passar os olhos pela "Caixa" mesmo que com um Livro na mão.

É uma atracção esquisita (quase fatal) que nos leva a sintonizar a TV quando chegamos a casa, mesmo que ocupados a fazer outras coisas. Já deram por isso? Será com medo que "algo" se passe, tipo "notícia de última hora" que não podemos perder? Não sei...

Mas, retomando o raciocínio, tenho agora dado conta que a Programação dos canais generalistas - pelo menos assim me parece - é uma telenovela pegada onde, nos intervalos, passam notícias e alguns concursos.

A pobreza dos diálogos é confrangedora, a qualidade dos actores - com honrosas excepções - vou ali e já venho, o português falado "é de cair para o lado"... E não estou a falar das Telenovelas Brasileiras!

Desta forma como se há-de querer que o nível e a qualidade geral da nossa língua não estejam pelas ruas da amargura?

Avanço para os Canais dos "seriados" como se diz no Brasil - AXN e FOX - e deparo com traduções "de se lhes tirar o chapéu". Faço Zapping para os Filmes e idem, idem...

Os Canais de Documentários - último bastião do descontente - ou passam apontamentos de 1999 (!!) ou então têm mais anúncios do que matéria noticiosa (National Geographic por exemplo).

Há pouco tempo estreou um destes, chamado "Infinito" onde fiquei a saber que os Antigos Egípcios tinham já inventado a Física quântica... E que as Pirâmides eram gigantescas "Pilhas Atómicas"...

Dou por mim, quase à hora de me deitar, a ver a ARTE (Franco-Alemã) ou a dar uma vista de olhos à SIC Notícias (que com a RTP Norte me parecem agradáveis excepções a esta regra geral de mediocridade).

Nunca estamos satisfeitos, dirão os "velhos do Restelo" : quando tinham só um canal (ou dois) achavam que éramos um país de pelintras, agora que têm 50 disponíveis acham que somos frívolos...

Pode ser que sim, mas a quantidade e a qualidade não andam sempre de mão dada, nem na Televisão nem noutras coisas da vida...

Quem escolhe aquilo que vemos e ouvimos e com que critérios?

Um comentário:

Anônimo disse...

É tudo uma questão de CURTURA,ver perto,tamanho,distância,digo CULTURA,de quem é responsável pelos programas/Dirige.
Os critérios serão sempre os das audiências e do share.Preocupações culturais?Para quê?Ainda querem mais?Estão e estarão sempre no nosso Espírito...
Com tanto pontapé na gramática,é mais pontapé,menos pontapé.
É só ver as coincidências entre os vários canais....
É preciso dar aquilo que o cliente consome.
Preocupações culturais?rigor na informação?qualidade? o que é issso realmente? isso não serão preocupações exageradas que trarão custos adicionais...e se "queilhar" até reduzem as audiências...o Zé pagode consome o que se lhe dá, há falta de melhor até gosta...não são já feitos inquéritos,estudos de opinião?...que querem estes velhadas do Restelo?....serão só do Restelo?quem não estiver satisfeito que se ponha, que mude de canal ou que desligue o televisor.
Meias verdades,notícias mediáticas,concursos,muita porrada digo violência,muita insinuação,sexo,futebol do que até gosto,alguns directos se possível com notícias bombásticas e intriga á mistura,muita publicidade,são as Receitas do canal.....será isto o que vende?...à falta de outra coisa e de acordo com os hábitos de consumo do espectador...serão?para quê preocupações com a língua e cultura?
Os Clientes assim o exigem,não foi já criado um Provador,digo Provedor do Cliente,porra!!! engano-me sempre, com estas coisas de Provedores....não serão realmente Provadores,aqueles que provam.
Critérios,que é isso?É algo que aumenta as audiências,as receitas e reduz os custos?O Economês junto com o Marquetês, em Rede, é que está a dar Raul.