segunda-feira, novembro 28, 2005

A Tradição da Golegâ - Versão Raul

Frequento a Golegâ desde que me lembro.

Meu Avô paterno era aficionado de Touros e de Cavalos e muito cedo habituou o neto a essas andanças: chovesse ou fizesse sol o S. Martinho era sempre na Feira.

Com o passar dos anos, e depois do meu Avô ter falecido, continuei a honrar essa tradição familiar, embora com algumas adaptações aos tempos que correm. A mais importante talvez diga respeito à maior sensibilidade que eu tenho face aos consumos "dentro da Feira", com relevo para as àguas-pés , cervejas, etc... dos quais partilho com muita parcimónia.
Meu Avô tudo bebia e tudo comia e nunca dei que lhe fizesse mal...

Por norma marco sempre Almoço no Chico Elias (em Algaravias, à saída de Tomar) no dia em que vou à Feira. A Dª Céu, excelente cozinheira que aprendeu em casa de Mestre José Quitério, faz uns pratos deliciosos e que não se comem em mais lado nenhum (é claro que tudo só por encomenda) dentre eles destaco o Coelho na Abóbora e o Bacalhau com carne.

Depois vou para a Golegâ, onde costumo chegar por volta das 16.00H. Daí até voltar para Lisboa (lá para as 24.00H) é só ver se encontro Amigos de outros tempos e banquetear os olhos com os cavalos e as amazonas que preenchem a Manga do Arneiro.

Quando se janta (nem sempre, depende dos petiscos partilhadas nas "casetas" dos criadores ) é num restaurante "móvel" que a Companhia das Lezírias desloca para a Feira e onde se pode comer um decente "arroz de costela" acompanhado pelos vinhos das Lezírias.

Na Feira tudo se perdoa: o mau serviço dos restaurantes, as casas de banho impróprias, os preços inflaccionados, os encontrões e as grandes "cadelas" (parecem serras-da estrela) que por lá se vislumbram à medida que cai a noite.

Há algo de mágico na Golegâ, sobretudo em noites onde o frio e a fumaraça dos assadores de castanhas nos dão a ideia de que caminhamos por fantasmagóricos "moors" escoceses retirados de uma novela gótica. Nem falta o cheiro de cavalos e o ruído dos cascos para dar ambiente!

O problema é a partida: ter o cuidado necessário para fazer uma "autoavaliação alcoólica" ou, ainda melhor, compartilhar os prazeres da Feira com quem beba pouco.

Este ano tudo correu da melhor maneira possível. Boa Feira (enfim, não foi das melhores dos últimos anos, mas muito razoável) Bom Almoço (sempre insuperável o Chico Elias) e regresso a casa sem qualquer problema.

Espero que para o ano seja também assim.

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