segunda-feira, julho 18, 2005

O CORREIO-MOR FEITO PELOS SEUS LEITORES

Do nosso colega e amigo Carlos Capela recebemos o seguinte texto que consideramos muito importante:

CONFIANÇA

À semelhança de anos anteriores, a revista EXAME publicou em Janeiro passado a lista das 20 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal – 2005.

Nos três primeiros lugares da lista surgem, por esta ordem, a Microsoft, a BP e a Mapfre.

Empresas como a Microsoft, a BP, a Mapfre, a Bristol-Myers Squibb, a Merck Sharp & Dohme, a Diageo, a General Electric, a Johnson & Johnson, a Delloitte, a Jazztel, a Ericsson, as portuguesas Real Seguros e Somague, a DHL e a TNT no segmento dos courrier, para referir apenas alguns exemplos, têm ocupado regularmente uma posição de destaque entre as Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal, ao longo das diferentes edições desta iniciativa.

Algumas ocupam também um lugar na lista das 100 Melhores Empresas para Trabalhar na União Europeia.

O que têm de especial estas empresas?

A lista das Melhores Empresas para Trabalhar tem por base os resultados da avaliação realizada anualmente pelo Great Place to Work Institute.

O projecto Great Place to Work teve origem nos EUA, há cerca de 20 anos. Mais recentemente, veio a ser apoiado pela Comissão Europeia no quadro de iniciativas comunitárias visando estimular a assunção da responsabilidade social das empresas.

A abordagem desenvolvida pelo Great Place to Work Institute baseia-se no princípio, sustentado em resultados da investigação, de que a confiança entre os dirigentes e os colaboradores é o factor mais importante que caracteriza os melhores locais para trabalhar. O «melhor local para trabalhar» é aquele em que os colaboradores confiam nos gestores, têm orgulho no que fazem e gostam das pessoas com quem trabalham.

O modelo subjacente tem em consideração cinco factores ou dimensões:

· Credibilidade, Respeito e Justiça, que, em conjunto, constituem a Confiança;
· Orgulho, no sentido positivo de identificação com o trabalho, com a equipa, com a organização e com o projecto empresarial;
· Camaradagem, no sentido da existência de uma atmosfera de trabalho amigável, descontraída e solidária.

Na dimensão Credibilidade são tomadas em consideração a ética e consistência na prossecução da visão e da estratégia da organização, a racionalidade, transparência e coerência das decisões, a comunicação franca, aberta e acessível, a coerência entre o discurso e a acção, a competência na coordenação dos recursos humanos e materiais.

O Respeito (pelas pessoas) envolve o apoio efectivo ao desenvolvimento profissional dos colaboradores, nomeadamente através do acesso a formação, o envolvimento e participação nas decisões que têm a ver com o trabalho e com o projecto empresarial, a promoção de um ambiente de trabalho saudável e seguro, a demonstração de apreço pelo trabalho bem realizado ou empenhamento para além do exigido, o respeito pela vida pessoal dos colaboradores e o equilíbrio entre a vida profissional e familiar, assim como a inexistência de quaisquer formas de pressão ou discriminação ilegítimas exercidas sobre os colaboradores.

A Justiça (ou Equidade) tem sobretudo em consideração um tratamento justo e equilibrado para todos, em termos de reconhecimento e recompensas, a imparcialidade e ausência de favoritismos nas contratações, promoções e nomeações e a possibilidade de acesso a instâncias de recurso ou de arbitragem independentes e isentas.

Existe um largo consenso em como um clima de confiança entre os dirigentes e os colaboradores, o respeito pelas pessoas, o envolvimento e participação nas decisões, a consistência e transparência das práticas de gestão, favorecem interacções de trabalho mais positivas, maior produtividade e melhores resultados. Existem, aliás, estudos que sugerem que As Melhores Empresas para Trabalhar apresentam também melhores resultados económicos e mais valor para o accionista. A lista das empresas “seleccionadas” parece constituir uma prova disso.

De uma forma geral, estas empresas procuram desenvolver «boas práticas» de cidadania organizacional e de relacionamento com os seus stakeholders e com a comunidade, baseadas em políticas de Responsabilidade Social Empresarial claras, participadas e amplamente difundidas, internamente e externamente.

Para além de uma política de Responsabilidade Social, possuem, na maior parte dos casos, um «código de conduta» e políticas claras, documentadas e acessíveis de desenvolvimento de recursos humanos, de educação e formação, de saúde e segurança, de gestão de riscos, de defesa do ambiente, de combate a formas de pressão ou discriminação ilegítimas, para mencionar apenas algumas das mais importantes.

Os dados da investigação - e o bom senso - sugerem que "os bons locais para trabalhar são espaços potenciais de conciliação da saúde organizacional com a saúde física e mental dos seus membros. As empresas que descuram a saúde física e psicológica dos seus colaboradores podem comprometer as suas próprias saúde, competitividade e longevidade".

Os gestores que ambicionam construir empresas saudáveis e com elevado desempenho, necessitam, antes de mais, de estar atentos ao modo ético, íntegro, coerente e justo como actuam, à razoabilidade e transparência dos processos e das decisões, à forma equilibrada e justa como reconhecem e recompensam o desempenho, às oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento que proporcionam aos seus colaboradores e ao modo como envolvem e promovem a participação dos colaboradores nas decisões que têm a ver com o seu trabalho e com o projecto empresarial.

Regressando aos CTT, a aprovação de uma «Carta» de Princípios Gerais de Política da Sociedade é um bom ponto de partida.

Carlos Capela

Referências:

Rego, A. (2005). “Bons locais para trabalhar”, stress e bem-estar afectivo no trabalho. Documentos de Trabalho em Gestão, Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial, Universidade de Aveiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

As empresas mais desejadas para Trabalhar em Portugal tem todas características comuns:
São organizações de Pessoas.
Ética,mas autêntica,não faz de conta.
Responsabilidade Transversal.
Clareza de Processos.
Os colaboradores sabem com o que contam.
Coerência,Envolvimento,Partilha de Responsabilidades e Resultados.
Comunicação Clara e Objectiva.
Trabalho de Equipa.
Compreensão e definição clara da Missão,Objectivos e Metas.
Conhecimento do Negócio ,desde o contínuo ao CEO,a linguagem é a mesma.O segredo deixou de ser a alma do Negócio.São o valor acrescentado para o Cliente,Fornecedores,Trabalhadores e depois o Acionista sera devidamente recompensado(todos os Interessados-stakeholders) e Criação Objectiva de Vantagens competitivas.
A Excelência só se concegue na era da Globalização,do Conhecimento e da Intangibilidade Crescente dos activos, em Empresas que são Fundamentalmente Organizações de Pessoas..Pessoas..Pessoas e o resto virá por acréscimo