A falta de assunto de conversa começa a notar-se, mesmo entre Amigos mais chegados, quanto mais entre Mulher e Marido, Pais e Filhos. É chegada a altura de dar um espaço e alguma distância aos relacionamentos mais próximos, para que todos se reencontrem lá mais para Setembro com assuntos na ponta da língua , novidades para trocar e outra vez desejosos da companhia uns dos outros.
Mas a Amizade (ou o Amor) é assim uma coisa que "cansa"? Perguntarão alguns...
Tenho a ideia que tudo acaba por nos cansar se durar mais do que o seu tempo útil de vida... O problema é saber exactamente quando (nós ou os outros ) estamos a passar do tal "prazo de validade".
Acho que as Férias se fizeram exactamente para isso, para dar descanso "às terras" e permitir que a renovação dos relacionamentos se faça de forma natural, tal como os métodos do "pousio" e da "alternância de colheitas" eram antigamente utilizados na Agricultura para garantir a fertilidade.
Todos tivémos namoros de Verão e, independentemente da doçura dessas aventuras, passadas fora dos nossos feudos habituais, todos nós também acabámos por voltar ao "redil", quais filhos pródigos regressados ao lar, que aqui mais não era do que os braços da "Namorada de Inverno"...
Eu próprio, desde os meus 15 anos que vivia 2 meses à solta , em Monte Gordo, com alguns amigos e amigas (estas com as famílias, porque estamos a falar de 1970) e nessas alturas havia que improvisar para chegarmos outra vez a casa escorreitos e com algum dinheiro nos bolsos, do "adiantamento" paternal. Por isso aprendi a cozinhar. Por isso também havia dias que passávamos a comer uvas que comprávamos no mercado, porque os 20 paus da diária estavam guardados para ir à Piscina e depois à Discoteca...
Era de tal forma que, lá mais para os 17 anos , a Namorada de Inverno (com quem acabei por casar, vejam lá o perigo!) já não ia na cantiga e passou a exigir dos Pais férias em Monte Gordo também, para controlar de perto o que lá se passava. Escusado será dizer que desde essa altura as Férias de Verão perderam grande parte da sua graça... Para mim, quero dizer.
Não estou para aqui a dizer que as mulheres ou os homens legítimos são assim uma espécie de "terras de cultivo" que devem ser de vez em quando abandonadas e das outras vezes emprestadas a uns (umas) e a outros (outras) para que o Amor antigo se renove! Quero apenas afirmar que devemos aproveitar as férias para mudar comportamentos e, ao fazê-lo, reencontrarmos o prazer de estar uns com os outros outra vez ...
Repararam na minha habilidade? Viram como dei a volta a um texto que estava a ficar demasiado liberal, sobretudo para elas? Tomei conta dos meus sentidos e passei a ser politicamente correcto, para gáudio e aplauso das Leitoras do Blog... O que eu penso não será exactamente isso, mas também não interessa nada estar aqui com essas miudezas. Até porque de quando em vez temos de lá ir à "fonte de Jacob" e convém que as águas estejam limpídas e o caminho relativamente desimpedido de calhaus e ortigas... (Capisci?!)
Não há dinheiro para sair do ambiente habitual? Mudem-se então os hábitos na casa ancestral. Invertam-se os papéis!
(Isto agora não me saíu muito bem... Inverter os papéis não quer dizer o marido dar uma de mulher e a mulher uma de marido. Apenas que seria saudável o Homem passar a fazer as tarefas da Mulher - cozinhar, por exemplo - e dar à Mulher tempo e espaço para fazer as coisas de que ela gosta. Pronto, vá lá ,está bem, se puderem e gostarem podem trocar de posição na cama também. Têm é de se lembrar de trocar também as mesas de cabeceira...)
Reinventar o Amor durante as férias, com 2 ou 3 filhos adolescentes em casa, as contas do mês para pagar, e ainda a sogra para aturar (seja de quem for) não é fácil. Haja Imaginação e Boa vontade!
a) Contem aos filhos que sofrem de "moleza patogénica aguda" e que por isso necessitam de fazer a sesta todas as tardes. Duas horitas em que agradecem que eles saiam de casa... Aproveitem ...
b) Determinem que , devido às preocupações ambientais e de sustentabilidade, no Verão e durante as Férias deixou de haver jantar organizado. No frigorífico haverá sempre queijo , fiambre, marmelada e coisas que tais. Na caixa do pão existirá o dito cujo. Na fruteira haverá fruta. Está instalado o regime do self-service nos comes e bebes.
c) Mais determinem que a ida para a Praia depois das 11h ( o que é a norma) implica que não haverá almoço disponível no chão pátrio às 15h ou às 16h (A Sesta, recordam-se??!!). De novo faça-se apelo ao carrego frigorifical - leite e yougurtes, gelatinas. Não se esqueçam dos cereais.
d) Aos Domingos convidem a sogra para fazer o almoço. Na mesma altura confidenciem-lhe que "os netos andam a comer mal e já não sabem o que hão-de fazer..."
Aproveitem também para lhe pedir que se atravesse nalgumas compras para a casa... Se tiverem sorte e se ela for do calibre de algumas que conheço, para além de assar o Pargo para todos (que ela comprou) ainda sai lá de casa deixando também no frigorífico dois ou três blocos de carne já assada e fatiada, 3 Tupperwares de arroz branco já feito, uma terrina grande de carapaus de escabeche e duas tigelonas de mousse de chocolate.
Boas Férias! Aproveitem!
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