A Dobradinha

Nasci em 1955. Faço 55 anos hoje. Consegui chegar à chamada "dobradinha"...

Não sei se o meu Senhorio lá chegará, ele que nasceu em 1981... Mas outros bons amigos, os da colheita dos "quarentas" já o fizeram.

Ontem à noite jantei com amigos. E bem. Talvez bem demais... Não sei se com medo daquilo que o futuro nos reserva, ou se para vincar este acontecimento único em qualquer uma das nossas vidas.

Em 1955 o Praesidium do Soviete Supremo da  União Soviética decreta oficialmente o final da guerra com a Alemanha (!!!); A República Popular da China e Taiwan hostilizam-se mutuamente, a 7ª Esquadra é enviada para as costas da China para evacuar chineses para Taiwan. Claudette Colvin a heroína negra de 15 anos recusa dar o seu lugar a uma branca, num autocarro do Alabama, Foi o início da luta pelos direitos civis. É finalmente aprovada pela FDA a vacina contra a poliomielite. A Austria recupera a soberania. Morre James Dean ao volante do seu Porsche. É descoberto o número de cromossomas dos humanos (46). Nascem neste ano Sarkozy (sim, esse mesmo), Mr Bean (Rowan Atkinson), Steve Jobs (o da "fruta"), Bruce Willis, Isabelle Adjani (quem diria!) e Bill Gates (o pobrezinho...). Tanto milionário e a mim não calhou nada?

Em 1955, em Portugal,  várias casas do Douro declararam ano Vintage. Dessas não tenho nenhuma, mas tenho o colheita de 55 da Niepoort....Portugal é aceite como membro da ONU. Morre Gulbenkian deixando o seu famoso testamento que muito beneficiou Portugal. A sua Fundação foi muitas vezes considerada como o verdadeiro Ministério da Cultura luso.

FCP foi Campeão nesse ano e o SLB segundo, Belenenses em terceiro e SCP em quarto. Melhor marcador José Águas (SLB). O Sporting de Braga (último) foi despromovido... Subiu o Oriental.

Estou a fazer o almoço para hoje: Bacalhau à Gomes de Sá...Convidei a minha "santa" para cá vir ao bacalhauzinho. Só espero sobreviver tendo em conta o que se passou no último Natal...

Até amanhã  se estivermos todos vivos. Devemos estar. Acho eu...

O Regresso ao Trabalho

Eufemismo para quem teve as férias que V.sabem... De todas as formas hoje, Segunda feira , 30 de Agosto, parece ser o dia oficialmente escolhido para o início da rentrée.

Politicamente falando o País esteve bem nestas férias.

O Dr Passos Coelho esgrimiu os seus argumentos revisionistas, aliviou ( e de que maneira) a pressão sobre o 1º Ministro e este, encantado com a benesse, lá empunhou a bandeira do socialismo propriamente dito: do SNS, da defesa do Emprego e etc e tal...  Até por acaso teve graves problemas em encontrar a tal bandeira, arrumada a um canto do sótão do Largo do Rato, por baixo de uns tapetes cheios de caruncho, ao cuidado dos bichos da traça e outros, infelizmente habituada a ser arejada apenas nas vésperas das Eleições... mas lá a encontrou com o auxílo das brigadas cinotécnicas da GNR..

O PCP apresentou o seu candidato a PR! Quem é? Não sei, Ouvi o nome e dele já me esqueci...O mesmo acontecerá a todos os leitores certamente... Paulinho "o Portas" continua na sua campanha securitária.  Mas ultimamente anunciou estar preocupado com os cuidados paliativos e que deles fará a sua (dele, do CDS) primeira inciativa parlamentar.

O BE   "emaluqueceu, endoidou, passou-se da cornadura" ... O seu Líder  (O querido Líder) anunciou ontem ser o BE o único partido verdadeiramente democrático da nossa esfera política! E que o PS não deseja a vitória de Manuel Alegre nas próximas eleições! (aqui  vamos mais devagar que nos dizeres das crianças e dos loucos por vezes se apanham algumas verdades...)

O País, fora da conjuntura Política, tem ardido.

 Tem ardido que se farta! Tem mesmo ficado carbonizado!! Mal do tempo, dos calores, dos ventos, da mão humana, e etc...À conta disso tudo já lá irão mais de 70 000 ha... E - o que muito me penaliza - grande parte na Serra da Estrela, com cerca de 20 000 ha ...

Ainda antes de fazer o verdadeiro "rescaldo" da época , uma ou duas coisas têm de ser ditas e assumidas por quem de direito: Não se faz prevenção, não se limpam matas, não se utilizam meios de profilaxia pedagógica. E o Sr Estado tem culpas no cartório! 

Para quando uma campanha nacional com os meios e o know how da utilizada pela Prevenção Rodoviária Nacional?  Para ontem... Digo eu.

Aguardamos os Comícios oficiais da rentrée política. Aguardamos a tomada de posição majestática de D. Cavaco el Linguini Primeiro. Aguardamos a campanha Presidencial....

E vamos falando por aqui.Reparo agora que hoje nem de vinhos nem de morfes botei palavra... Pode ser que amanhã seja diferente.

Para Descansar a Vista

De Pablo Neruda, o grande mestre Chileno, Poeta e Diplomata como Vinicius, vamos descobrindo algumas jóias. Hoje aqui deixo esta sua homenagem à lingua portuguesa , o bastas vezes citado poema "Saudade":

Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.

Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.

Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...

Saudade...

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage

Biografia por cortesia de MCG-Cultura

Filho de um operário ferrroviário e de uma professora primária, nasceu em 12 de julho de 1904, na cidade de Parral (Chile). O seu nome verdadeiro era Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Perdeu a mãe no momento do nascimento.


Em 1906, a família muda-se para a cidade de Temuco. Começa a estudar por volta dos sete anos no Liceu da cidade. Ainda em fase escolar, publica os seus primeiros poemas no jornal “ La Manãna”. No ano de 1920, começa a contribuir para a revista literária “Selva Austral”, já utilizando o pseudônimo de Pablo Neruda (homenagem ao poeta tcheco Jan Neruda e ao francês Paul Verlaine).Em 1921, passa morar na cidade de Santiago e estuda pedagogia no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile. Em 1923 publica ‘Crepusculário” e no ano seguinte “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”, já com uma forte marca do modernismo.No ano de 1927, começa sua carreira diplomática como cônsul na Birmânia. Em seguida passa a exercer a função no Sri Lança, Java Singapura, Buenos Aires, Barcelona e Madrid. Nesta viagens, conhece diversas pessoas importantes do mundo cultural. Em Buenos Aires, conheceu Garcia Lorca, e em Barcelona Rafael Alberti. Em 1930, casa-se com María Antonieta Hagenaar, divorciando-se em 1936. Logo após começou a viver com Delia de Carril, com quem se casou em 1946, até o divórcio em 1955. Em 1966, casou-se novamente, agora com Matilde Urrutia.Em 1936, explode a Guerra Civil Espanhola. Comovido com a guerra e com o assassinato do amigo Garcia Lorca, compromete-se com o movimento republicano. Na França, em 1937, escreve “Espanha no coração”. Retorna neste ano para o Chile e começa a produzir textos com temáticas políticas e sociais.

No ano de 1939, é designado cônsul para a imigração espanhola em Paris e pouco tempo depois cônsul Geral no México. Neste país escreve “Canto Geral do Chile”, que é considerado um poema épico sobre as belezas naturais e sociais do continente americano.Em 1943, é eleito senador da República. Comovido com o tratamento repressivo que era dado aos trabalhadores de minas, começa a fazer vários discursos, criticando o presidente González Videla. Passa a ser perseguido pelo governo e é exilado na Europa.Em 1952, publica “Os versos do capitão” e dois anos depois “ As uvas e o vento”. Recebe o prêmio Stalin da Paz em 1953. Em 1965, recebe o título de Doutor honoris causa da Universidade de Oxford (Inglaterra).

Em Outubro de 1971, recebe o Prêmio Nobel de Literatura.

Durante o governo do socialista Salvador Allende, é designado embaixador na França. Doente, retorna para o Chile em 1972. Em 23 de setembro do ano seguinte, morre de cancro da próstata na Clínica Santa Maria de Santiago (Chile).

David também escreve na Pública!!!

O nosso Inspector emnda ( e bem):

Apesar de andar um bocado chateado com o "Público", que até melhorou nos últimos tempos com as excelentes reportagens da Alexandra Lucas Coelho sobre o México e da Sofia Lorena (que nome!) sobre o Iraque, claro que leio o Fugas! Mas a receita da salada russa não saíu no Sábado na Fugas, saíu na Pública, no Domingo.

 Ai a insolação, ai, ai...

Comentário ao Comentário: Nem que escrevesse no SOL (vade retro...) seria sempre o nosso David! E lá que escreveu sobre a salada russa, isso escreveu...Obrigado pela emenda amigo Maigret!

De Pantufas...

Costas a doer, ouvido entupido, ainda por cima barrão a anunciar ventania lá para o Guincho... Dia de Pantufas.

Não é assim tão mau. Vou daqui a pouco comprar uma vazia pequena  e faço um Rosbife para o almoço. O "senhorio" ontem teve a despedida de um colega que vai trabalhar para Bucareste e não se deve levantar antes do meio-dia, ou pior... Por isso também não dava para contar com ele.

Nas minhas previsões faço o almoço lá para as 3 da tarde, e dá logo para aconchegar o estômago até à deita. Truques de sobrevivência...

Para a tarde pode ser que se decida ir ao cinema. Já vi a "Origem" (história interessante, espectaculares efeitos especiais, ficamos com água na boca para mais desenvolvimentos). Mas estão a passar  o "Último Airbender (na internet dizem o pior dele) e o "Aprendiz de Feiticeiro"...  Cá em casa tenho o Avatar para repetir se for caso disso.

Rosbife à minha moda

Uma vazia bem macia, de vitela\vaca de preferência (ou seja, nem de vitela desmamada nem de vaca de trabalho, há 20 anos a puxar pelo arado).Mandem limpar mas conservando alguma gordura.
 Faz-se no almofariz a pasta de barrar: apenas alho esmagado, pimenta preta em grão e flor de sal. Barra-se a carne com essa pasta (dica: passem os alhos pelo espremedor dos ditos, mas para mais sabor deitem no almofariz uma ou duas cabeças esmagadas com a lâmina da faca, grosseiramente). Não se preocupem se os grãos de pimenta ficarem apenas grosseiramente partidos.

Pôe-se ao lume um tacho de fundo grosso (ferro ou alumínio fundido). Dentro do Tacho uma colher grande de banha de porco (de pata negra é melhor) e outra de manteiga gastronómica (temos das melhores do mundo nos Açores). Eu NÃO disse margarina!!

Nota: Nunca percebi porque devíamos misturar as duas gorduras, contra os preceitos dos puristas e altos gastrónomos, mas uma coisa é certa: já tentei só com azeite, só com manteiga, só com banha.. Mas assim sabe melhor. Não explico. Apenas constato.

Deixamos a gordura aquecer muito bem e depois introduz-se o rosbife bem barrado para selar a carne com os seus sucos vitais lá dentro. Com um garfo grande virem de todos os lados até ficar bem marcada a vazia mas não bem passada.
Retirem ao fim de uns 10 minutos (ou menos) e fatiem de imediato para servir no momento. Para quem não gosta da carne em sangue passem as fatias num pouco do molho que ficou no tacho.

Podem acompanhar com puré de batata, à moda do antigamente, ou então deixem esfriar a vazia  inteira, fatiem em frio com uma faca eléctrica e neste Verão acompanhem com uma salada russa. Mestre David, no Fugas da semana passada explica todos os segredos desta última. Não me digam que não leêm os FUGAS??!!

Vingança nº 2: Um dia de Guincho

Hoje logo pelas 8.00h já estava a caminho do Guincho, para ver se havia "Barrão". Como sabem se a barra de nuvens está por cima do horizonte é certo e sabido que temos vento e lá se vai o dia de Guincho... Não havia Barrão!

Para a Garret buscar o pequeno almoço, dali para o barbeiro já com o meu senhorio "ao estribo". Do Sr Pica para o Arriba, onde chegámos pelas 10.00h!

Passou-se a manhã (quase até às 16h) no Arriba. Que tristeza ver a decadência a que chegou o "João Padeiro"!! Assunto para outro Post,

Agora estou com um começo de insolação, o que é o costume na primeira saída de praia da época - por pouco a 1ª saída de praia ia sendo lá para as vindimas...Mas adiante.

Tive que me entreter lá na piscina, eu que não tenho "AI Podes" e outros Polícias Militares "amaricanos" (MP's)...

Como ainda não tomo banho de óculos (com a decadência lá chegarei) e por isso sou capaz de confundir o cabide do banheiro com a Lara Croft de bikini, houve que fazer uso dos outros sentidos...Sobretudo do ouvido.

É que na água o som propaga-se melhor. Assim , muito descansado e de costas para as impetrantes, lá fiquei a saber algumas coisas da vida dos outros... Nada de especial, as habituais facadas matrimoniais (dos outros!!) , Divórcios sangrentos e Clínicas de Re-Hab...

E, já me esquecia, muita gentinha (também homenzinhos) a usar e abusar das plásticas! Sobretudo as lipo-aspirações ditas "não invasivas"...

E a dizerem isto aquelas taradas não deixavam de olhar para mim! Juro, embora estivesse de costas!

Gandas malukas! Pirei-me logo, está claro, tal e qual como um perú lá para os meados de Dezembro baza assim que lhe aparece o dono fora da hora do milho.

Lipo? Eu? Moi?!! Um liberal?! Vão mas é regar o tomatal que lá têm em casa antes que outra os colha por vocês, suas Frenéticas de côxas casca de laranja!

Agora estou a "marinar", em casa, com uma garrafa de Green Tea bem gelado à mão e o corpinho a tilintar, quente como lava de vulcão.

Amanhã logo se vê o que faço.

Para o meu Dia de Guincho estar completo faltou ainda a obrigatória passagem pelo Mar do Inferno, lá pela tardinha, saído da piscina, para umas bejecas, uns Percebes e uma Canilha, encerrando tudo com um havano curto...mas hoje estava fechado.

Sexta feira regresso ao Purgatório. Há muita coisa para ir tratando... Burrocracias à Antiga Portuguesa .

Depois falamos.

Vingança nº 1 - a Lampreia fora da época!

Calma que ainda o mundo não deu a volta e apresentou lampreias em Agosto! Estou a falar de a comermos fora de época e não da "bicha" por cá ter aparecido nestes dias...

Agendado para o famoso Beira Mar estava há já algum tempo um almoço de Amigos.

O Amigo Paulo Mendonça casou lá para o "Minho Galego" (salvo seja!) e a família da Dª Eduarda tem acesso (segundo me parece por concurso ou leilão) aos melhores locais para apanhar as lampreias. Tendo apanhado mais de 160 no ano passado , depois de as comerem e venderem ainda tiveram de tratar de algumas das que sobraram: Fumaram e rechearam umas tantas, e congelaram dentro da água do viveiro algumas outras.

Neste Domingo tivémos direito a 4 lampreias: duas delas fumadas e outras duas assadas no forno com as batatinhas novas... espectaculares!!

A Lampreia fumada é depois simplesmente grelhada , untada com alguma gordura (azeite ou há quem prefira barrá-la com a gordura do Presunto de Porco preto) , e come-se acompanhada com uma cebolada em crú à qual se acrescentam uns coentros também eles frescos.

A Lampreia Assada no forno tem várias declinações. Desde a do Camelo da Apúlia, que lhe incorpora algum chocolate, até à forma que os minhotos e galegos têm de a confecionar, quase tal e qual fosse um peixe assado no forno, apenas evitando sobrecarregá-la de cebola e de tomate. Em suma: umas pedrinhas de sal, salpicar de salsa picada, um fio de azeite pequeno (pois a lampreia tem bastante gordura natural). Acompanha com as batatas novas da terra, também elas assadas. Soberba!

Antes das Lampreias houve lugar a uma degustação de Lagostins e de Percebes, do melhor que por ali ainda se encontra na nossa Costa. Simplesmente cozidos em água. De cair para o lado...

Bebeu-se Branco da Bacalhoa 2007, excepcional vinho branco com laivos de maracujá e de alperce, feito de Sauvignon, Alvarinho e de Semillion.  O Tinto foi particular, feito com uvas de Palmela (Castelão Francês) mas vinificado particularmente. Muito bom também. Para digestivo uma garrafita de Orujo de Hierbas  vinda directamente do produtor...

Estávamos à mesa com dois grandes entendidos no mar português -um deles pescador e armador, o outro um grande comerciante de pescado - juntamente com a proprietária do Beira e com o filho, as conversas tinham que ir dar ao peixe e ao marisco da nossa costa, do que ainda se apanha e como, e onde...

Matéria suficiente para mais alguns destes Posts...

Por cá ficamos

Estão a complicar-se as coisas por causa da PORTUGAL 2010. Nada de especial, apenas a conhecida propensão da humanidade  (que nós erradamente atribuímos sempre aos portugueses) para deixar os assuntos  importantes para as últimas horas...Já com o Passaporte a imprimir não deixam de chegar mais pedidos para stands e presenças de comerciantes e operadores postais... e, custando muito dizer-lhes que não, o certo é que escasseiam os stands e o espaço para colocar mais... E quanto ao passaporte, uma vez impresso só é possível acrescentar páginas ao meio....E retirar em dobra...

Para complicar um pouco mais as coisas, Taiwan e México informaram que não podiam vir, e...já têm o nome no Passaporte... Há que arranjar um carimbo especial para colocar nessas páginas, informando os compradores que esses Países não contam para esta nossa Exposição...

Também estou agora agarrado às discussões técnicas por causa do IVA nas vendas de material filatélico nos stands de OP's e de Dealers, de Países Terceiros e da própria UE.

Em conclusão: vou-me manter aqui por Lisboa... E vingo-me como puder. A primeira Vingança já foi no Domingo passado, no Beira Mar. Leiam à frente sff.

Férias em Sagres?

Temos lá o Hotel reservado, temos lá os Amigos à espera. Seria uma semanita, a próxima semana, para carregar as baterias e regressarmos prontos para os grandes trabalhos que se avizinham, com a PORTUGAL 2010 a agigantar-se no horizonte... Falta pouco mais do que 1 mês!!

Por isso mesmo, e sendo conhecida a condição de permanente ansiedade do Blogger nestas circunstâncias e noutras semelhantes, há dúvidas fortes sobre a possibilidade de partir exactamente nesta altura, em que todos os dias chegam dúvidas e questões, de todo o mundo.

Bem sei que temos a Net, o acesso remoto aos Servidores e todas essas coisas...

Mesmo assim não é garantido que parta... Lá ficará a gerência do Martinhal aviada com o adiantamento....

A ver vamos.

Se for,  é provável que só regresse ao V. convívio a 1 de Setembro, mais coisa , menos coisa.

Se não for, cá estarei  - não direi na Segunda, porque tenho uma reunião de trabalho com o Comendador Rocha de Matos da AIP por causa da nossa exposição - mas decerto na Terça Feira 24.

Para Descansar a Vista

De Ruy Belo, o Grande Poeta, uma reflexão sobre a nossa vida de todos os dias e de como a tristeza , de tão normal e comezinha, nossa condição natural, pode nela ser incorporada e até reinventada, afinal, como  sintoma e medida de felicidade...

A mão no arado

Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias

Podem passar os meses e os anos, nunca lhe faltará

Oh! como é triste envelhecer à porta
entretecer nas mãos um coração tardio

Oh como é triste arriscar em humanos regressos
o equilíbrio azul das extremas manhãs do verão
ao longo do mar transbordante de nós
no demorado adeus da nossa condição

É triste no jardim a solidão do sol
vê-lo desde o rumor e as casas da cidade
até uma vaga promessa de rio
e a pequenina vida que se concede às unhas

Mais triste é termos de nascer e morrer
e haver árvores ao fim da rua

É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro

É triste no outono concluir
que era o verão a única estação

Passou o solitário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas
 com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita

Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois

A tarde morre pelos dias fora

É muito triste andar por entre Deus ausente

Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente.

Ruy Belo

Comentário à "Purga" no PS

Um dos nossos Leitores comenta:

O caso de Alegre não pode ser confundido com isto: Narciso concorreu nas autárquicas contra a lista do PS enquanto as presidenciais são, por definição, eleições supra-partidárias (embora os partidos apoiem candidatos). O PS devia livrar-se de muito mais malta do que estes 100!


Comentário ao Comentário: estou de acordo que mais do que 100 deveriam bazar ou ser "bazados" do PS. E ainda hoje lemos que o Tribunal Constitucional deu razão (desta vez ao PSD) numa outra "Purga" de militantes seus. Não é por aí que vou. Reconheço o direito a qualquer agremiação  de escolher os seus sócios. Mas embora as diferenças entre as Autárquicas e as Presidenciais sejam tal como diz o Leitor, convenhamos que do ponto de vista ético se trata de "pormenores técnicos"... tal como o assassino que é posto em liberdade porque a polícia não tinha mandado de busca quando entrou em casa dele e descobriu a arma do crime...

O "Castigo" do Queiroz

Não sei  - porque não estava lá - se houve faltas de respeito lá para a Covilhã, por ocasião da visita matinal não anunciada do "balde do mijo" à Selecção.

Mas acredito que alguma coisa se passou. Injúrias? Encontrões? Palavrões?  Alguém terá errado o alvo propositadamente e ...mijado as calças dos analistas? Carlos Queiroz, erguendo-se em defesa da honra dos seleccionados - parece que acordados pelas 8.30h, hora da primeira micção do dia, onde estariam mais concentrados os "produtos tóxicos" - terá partido as provetas e  esmagado debaixo dos seus pés os recipientes da colheita?

Não sei, repito, porque não estava lá. Uma coisa ou duas sei:

 - Se a Selecção tem ido à final e ganho, (como muito bem disse um dos nossos analistas , mas dos jornais, não das urinas e quejandos) Queiroz poderia ter furado os olhos ao Presidente do Comité do Doping (ou lá como se chama aquilo, parece que é Autoridade Anti-Dopagem de Portugal - ADoP)  e castrado com uma pedra afiada os seus acompanhantes, que nada lhe teria acontecido... Provavelmente o inquérito  chegaria à conclusão que o Presidente da ADoP teria inadvertidamente tropeçado e  caído de frente para cima de uma vedação com picos, furando assim ambos os olhos, ao mesmo tempo que os seus acompanhantes - genta danada para a brincadeira -  teriam brincado ao "salto ao eixo" por cima de um muro de arame farpado, ocasionando infelizmante a perda de ambos os testículos de cada um deles...

 - Mas como a Selecção cumpriu apenas os "mínimos muito mínimos" e há um vozear tonitruante para que o Queiroz dê lugar a outro ( e quanto a isso  eu também guincho e esbracejo concordantemente) lá se arranjou o Caso das Injúrias...

Fala-se que lhe vão dar uma suspensão de um mês, a mais fraquinha de todas as penas disciplinares à disposição da FPF.

Não me admirava nada. Neste País e nestas entidades da Justiça Desportiva já nos habituámos a tudo... Desde o Apito Dourado que os factos são aquilo que a política da caserna quiser que eles sejam, nem que para isso seja necessário "encenar" de novo os acontecimentos à medida dos "clientes"...

Tudo isto não é mais do que Teatro,  uma espécie de Farsa produzida e representada por maus actores, numa sala a cair de podre, mas que tem honras de horário nobre televisivo... Quem diria?

Comentário à proibição das "Más Notícias"

O nosso Leitor Silvério Comenta:

Bom dia
O que me preocupa em Portugal não é haver más noticias mas o facto delas serem preferencialmente utilizadas para a 1ª página dos Jornais ou para abrir os Telejornais. É mais fácil ganhar o Euromilhões do que ouvir uma boa notícia na abertura dos telejornais.

Comentário ao Comentário: Aí, nisso, estou 100% de acordo com o Leitor. Nem o Everest do Optimismo "à la mode du Premier Ministre" , nem esta nefasta "Fossa do Mindanau" da Desgraça em que parecem apostados os Media, à procura de mais audiências,  sem dúvida crentes que os portugueses apostam todos no velho aforismo : Pimenta no olho do outro para mim é refresco!

Não há notícias Más!!

Parece que um Tribunal da Venezuela decretou a todos os Meios de Comunicação do país a proibição de , durante um mês, publicarem Notícias com temas violentos, sobre mortes e assassinatos, sobre roubos e violações, sobre desacatos e assaltos...

O objectivo - segundo me pareceu do que li e ouvi - terá a ver com a salvaguarda dos jovens e das crianças, para que estes não vivam no medo e no sobressalto, para que não tenham receio de sair à rua, no fim de contas para que não deixem de levar uma vida normal.

Esta decisão - se assim foi tomada - devia ser estudada em todas as Universidades e Institutos de Investigação deste mundo. Trata-se de garantir, pela via administrativa, não que os actos criminosos deixem de existir (o que seria ainda mais estranho!) ,ou que sejam combatidos,  mas sim que deixem de ser publicitados!

Não é nova esta política, embora fosse mais encapotada na concretização...Nos regimes ditatoriais todos sabemos que sempre houve um controlo mais ou menos musculado sobre estas coisas das notícias que "podiam ser objecto de inssossego público e de pública agitação". Aqui em Portugal  - para dar um exemplo que está na hora do dia - foram cuidadosamente "maquilhados" acontecimentos como o da morte dos 25 militares do Regimento de Artilharia Fixa de Queluz no Grande Fogo da Serra de Sintra de 1966.

Agora me lembro também que, há alguns anos,  os periódicos ingleses, querendo fazer um "miminho" ao herdeiro do trono - Carlos de Gales -que se queixava das notícias sombrias que infestavam as primeiras páginas dos Jornais, no dia dos anos dele só trouxeram para a 1ª Página notícias boas e soalheiras... É claro que foram avisando que, lá no interior dos jornais, viriam as notícias más... Era a Vida e ele que tivesse paciência...

Proibir por Decreto que se noticiem as "coisas más" é de antologia!

No fim de contas transforma-se o jornalismo em ficção "cor de rosa": Ninguém morre, ninguém adoece, não há descarrilamentos, não há incêndios, não há inundações, não há tremores de terra , nem Tsunamis...

Nos jornais, está claro...Porque na Rua continuarão a haver os assaltos e os roubos e os assassinatos.

E será melhor isolarmos as crianças destes factos ou...prepará-las para a selva em que certas cidades estão transformadas?

Vão mas é Escalar Montanhas!

Neste fim de semana, num programa matinal de TV tive ocasião de ver e ouvir uma "peça" - e que saudades do Pessa, do verdadeiro "E esta hein?!" - filmada acho que na Nazaré, onde uma proprietária de um Restaurante local fazia a apologia da sua casa mostrando, entre outras coisas, uma caldeirada de Raia . "só leva raia que é um peixe nobre e quase não tem espinhas, os turistas adoram!" uma Espetada de Gambas com Batata Frita, que aparentemente "as crianças  também adoram!"  e um Robalo do Mar  "apanhado pelo barco do meu irmão, mesmo aqui à nossa frente, ESCALADO que é como os turistas gostam, quase sem as espinhas" e mais barbaridades que não repetirei por uma questão de respeito pela vista e entendimento dos Leitores... Pobres Turistas...

A mania do Peixe ESCALADO apareceu neste pobre País há já alguns anos, para gáudio e satisfação de muitos restauradores que assim ganhavam duas coisas: tempo a menos na confecção, menor necessidade de conhecimento à frente do assador.... Para já não falar que um peixe ressequido pela abertura ao meio e contacto com as brasas durante algum tempo a mais disfarça magnificamente a "frescura"...

Robalo legítimo, Dourada do Mar, Linguado ou Pregado verdadeiros, todos estes peixes nobres devem ser confeccionados inteiros sobre as brasas, para que os maravilhosos sucos internos nos deliciem com os seus aromas e para que a carne propriamente dita fique macia, rescendente a mar e sobretudo não fique seca!! O bom Peixe fresco quer-se Sápido, de carnes firmes da natação em águas frias.

Para que isso aconteça, quando a forma escolhida para o processar for a grelha, há que contar com um mestre assador que saiba muito bem calcular o "ponto certo" , a partir do qual a espinha já não  está ensaguentada, mas as carnes ainda conservam toda a sua sapidez natural.

A dimensão do peixe também é aqui de primordial importância, motivo pelo qual a partir de 1,5 kg ou de 2 kg  sempre se aconselha a meter estas espécies magníficas num forno.

ESCALAR , em termos gastronómicos, sempre foi no antigamente sinónimo de conservação. Abria-se o peixe ao meio , salgava-se e secava-se. E daí resultava o Dom Bacalhau, o Pixelim, o Atum e etc...  No Algarve sempre se conservaram assim escalados os peixes mais pequenos - carapaus na sua forma "alimada", Boqueirões e quejandos.

Quando alguém , num restaurante lá para os locais turísticos, vos aconselhar um peixe destes mais nobres  escalado, sff mandem-no ( a ele ou a ela) escalar mas é um Roberto! (Chiça que me fugiu a boca... Queria dizer "um Frango!")

Despedimo-nos do Jorge

No Domingo lá fomos ao Alto de S. João, dizer Adeus! e Até Logo! ao Jorge.

Ao fim de não sei quantos Acidentes Isquémicos Transitórios (AIT's) , dois AVC's e, pelo meio disto tudo, ainda  um carcinoma no Intestino, o nosso Amigo Jorge Geraldes repousou por fim. Mas deu luta ... E que Luta.... Dez anos de Luta.

No Jantar de despedida do Jorge da sua vida activa, em 2004, tive o privilégio de ser o orador. Muitos se recordarão das circunstâncias desse Jantar e desse discurso... Aqui o trago de novo, porque o considero ainda actual, em homenagem ao nosso Amigo

O Mote para este jantar é a Amizade: Jantar de Amigos, com Amigos e entre Amigos.
Amigos que, sem ser por acaso, compartilham um local de Trabalho, uma Aliança de Trabalho, uma Empresa a que se dedicam, uma Função, um Objectivo, um Projecto de Vida.

Assim eram os CTT para alguém que aqui entrou em 78 ou 79; assim foram durante toda a vida profissional do nosso Amigo Jorge Geraldes.

Talvez seja hoje difícil de explicar aos novos colegas a forma como esta Casa tomava conta das nossas vidas, mexia com os nossos horários, intrometia-se nos nossos Planos de Férias, atravessava-se nas celebrações de aniversários familiares, era, enfim, uma despudorada ditadora de comportamentos, conduzindo os seus fiéis pela mais insidiosa das serventias: a do amor que lhe dedicavam.

Era difícil separar as águas entre o domínio privado e o do trabalho. Muitas vezes os colegas de trabalho continuavam as conversas das repartições durante os almoços de Sábado ou de Domingo.

Quantas remodelações e reestruturações dos CTT (em teoria) não foram feitas depois das horas normais de trabalho, à mesa de um restaurante ou nas casas de um ou outro colega? Vários Ministros da Tutela e até Governos completos caíram e foram rapidamente substituídos (também teoricamente) nesses almoços, dependendo da quantidade e qualidade dos líquidos entretanto ingeridos.

Bem, as boas notícias são que esta Ditadura acabou hoje teoricamente para o nosso Amigo Jorge Geraldes

As más notícias são que, na prática, continuará tudo na mesma. Bem pode o Jorge querer dedicar-se às couves, ou às vinhas ou a comentador desportivo: sempre, em todo o lado e em todas as ocasiões este estigma de ter sido Trabalhador  dos CTT o continuará a perseguir e a envolver, tal como se fosse uma Marca de Dia cravada no peito (era para dizer noutro sítio mas não me deixaram ...)

Para o resto do Mundo um Bicho é um Bicho mesmo, para o Jorge será sempre um "errado encaminhamento"...

Como dizia um Amigo nosso  (também dos CTT): " A Vida é como a dos cães e há que ter Paciência!"

Jorge, Meu Amigo: Lembra-te da história que me contaste há muitos anos sobre a Marquesa de Tancos e o seu Touro de Cobrição e nunca te esqueças:

Que o conceito de Vida Activa está hoje em dia completamente desactualizado face ao advento da InterNet e das Novas Tecnologias de Informação: Mesmo em casa continua a chagar a cabeça a todos os colegas de quem te lembres! Nem que seja para enviares anedotas!

É este o melhor conselho que te posso dar!

 Boa Sorte e Boa Vida Nova Amigo!

Hoje é Sexta Feira 13

Esta mania de que as Sextas feiras 13 são dias de azar deriva, como devem saber, de um facto histórico. Segundo parece  o Rei Filipe IV de França teria ordenado a matança e o sequestro de todos os cavaleiros do templo (em conluio com o Papa Clemente V, ao que dizem amigo de infância de Filipe o Belo...) exactamente numa Sexta 13, em 1306 ou 1307.

Há quem diga também que foi numa Sexta feira 13 que o rei Harold de Inglaterra perdeu a batalha de Hastings, em 14 de Outubro de 1066, para o Duque William da Normandia, o que veio provocar a todos os saxões um ódio visceral pela data sinistra.

Não me lembro de acontecimentos trágicos que me tenham ocorrido, a mim pessoalmente,  numa Sexta Feira 13, e se calhar o mesmo se passa com a esmagadora maioria dos Leitores...

A não ser, está claro,  algum ano em que o 13 de Fevereiro calhasse a uma Sexta feira!! Foi recentemente em 2004 e em 2009. Cruzes canhoto! Que  é o dia de aniversário da Senhora minha Mãe, mais conhecida como a Sargenta do Alto Estoril  ... De fugir a sete pés para a Papua-Nova Guiné!

Para Descansar a Vista

Porque hoje é Sexta feira,  e penitenciando-me da outra anterior, retomo os nossos Versos.

Meu Mestre Torga não fazia apenas longos poemas. Aqui vão para exemplo duas das suas jóias mais curtas:

Poema Melancólico a não sei que Mulher

Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...

Miguel Torga, in 'Diário VII'


Cântico de Humanidade

Hinos aos deuses, não.
Os homens é que merecem
Que se lhes cante a virtude.
Bichos que lavram no chão,
Actuam como parecem,
Sem um disfarce que os mude.

Apenas se os deuses querem
Ser homens, nós os cantemos.
E à soga do mesmo carro,
Com os aguilhões que nos ferem,
Nós também lhes demonstremos
Que são mortais e de barro.

Miguel Torga, in 'Nihil Sibi'

Adeus às Armas

Belo Livro do velho Ernesto... Aqui recuperado em  título para dar notícia da cada vez menor aptidão da "malta nova" para estas questões da cultura castrense e da entrada na carreira das armas. Não é que lhes falte vontade, diga-se desde já .... O problema é que só vontade não chega e quando se exige prova das aptidões vem tudo descambelhado pela ladeira abaixo como se fossem carrinhos de rolamentos com os travões de pneu já furados...

De facto, e segundo informação fidedigna: Este ano a Escola de Oficiais do Exército teve o maior número de candidaturas de sempre. Porém, quase metade dos 1716 candidatos chumbou na inspecção médica e nas provas de aptidão física. A causa principal é a falta de condição física dos jovens candidatos.

As razões que levam os jovens a escolher a via militar são conhecidas: trabalho (ou melhor dito, emprego) garantido! Também já não estamos naquela situação - de guerra obviamente - em que tudo o que vinha à rede era peixe, nem que fossem amblíopes, sofressem da doença de Touret, tivessem bronquite asmática ou até uma pernita a menos... Nessa década de 65 a 75 , um dos meus Amigos, com 8 dioptrias em cada olho  já nessa idade , como era refilão e pertencia às "J's" na faculdade, foi incorporado - por causa do seu metro e noventa -  na Arma de Artilharia!!   Não sei se estão  a ver bem? Cada Bojarda  a seguir na "direcção geral do inimigo" , muito lato sensum, está claro...Eu acho que só me sentiria seguro no teatro das operações se estivesse amarrado ao cinturão dele...  E mesmo assim...

 Hoje em dia - e muito bem - os responsáveis da Força Aérea, Marinha e Exército querem escolher  ( e podem!!) e exigem os melhores.

Sabendo isto até me admiro que não tenham ainda proliferado aqui em Portugal  as escolas ou os cursos  de preparação da "malta" para estes exames de admissão nas Academias MIlitares.

São entidades que já existem nos USA, por exemplo, País onde estas coisas são levadas tão a sério que essas escolas de preparação para a entrada na vida militar começam logo com os rapazes e raparigas depois da pré-primária, tal como os Pupilos do Exército ou a Escola Militar aqui em Portugal. Somente com a diferença que essas, lá nos States, são abertas a qualquer um que as possa pagar.

Tenho a ideia que  - nas "guerras" que temos hoje - apenas o profissionalismo e a cultura da excelência devem definir as Forças Armadas de Portugal. Tal como nas outras profissões, aqui deve imperar o culto pela melhoria contínua, o fazer bem  logo da primeira vez, o Just in Time na logística,  e por aí fora. Na prática uma cultura de Business School moderna adaptada às contingências da função. Só assim as tropas podem sobreviver num mundo para o qual já não estarão muito preparadas.

Porque embora alguns não o saibam, para manter um soldado de élite a combater estima-se que sejam necessários mais 11 elementos na rectaguarda... E quando, por exemplo no Afeganistão e Iraque,  se começa a substituir esse apoio de rectaguarda militar por empresas privadas de logística e transportes, é claro que se está a dar um sinal aos Estados Maiores que Militares são para o seu verdadeiro trabalho (combater mesmo) devendo deixar aos civis as outras tarefas. E,  quando e se,  isso acontecer na generalidade e para todo o mundo, acabaríamos por ter em Portugal,  como Forças Armadas exclusivas  de pé-no chão,  o Centro de Tropas Comandos, os Fusos e os Páras . E mais nada.

O Fogo de Agosto

Regressei da Beira Alta onde o cenário já não era brilhante quanto a incêndios na semana passada. Pelo que vejo, ouço e leio, terá piorado em todo o país nesta semana, por causa das temperaturas a subir.

Temos, pelos vistos, cerca de 1800 Bombeiros entregues de alma e coração a estes combates que - no dizer do nosso Ministro "orelhudo" da Administração Interna -  são praticamente "uma Guerra".

Então por que não envolver ainda mais os meios militares nesta frente nacional do combate aos incêndios?

Bem sei que se trata de uma questão de treino e que mandar tropas para morrerem por desconhecimento daquilo que estão a fazer será um absurdo - recordo-me sempre do que aconteceu em Sintra nos anos 60 - mas nas actividades de profilaxia do incêndio, durante o Outono e Inverno, já não entendo porque é que não usamos mais meios militares que estejam  disponíveis...

A Purga

Parece que cento e picos socialistas que se portaram mal nas últimas autárquicas vão ser convidados a sair do PS.

Entre eles o Autarca de Matosinhos, Narciso Miranda.

Não sei se gostam ou se não gostam... Se fosse um Clube de Futebol como seria? Eram postos na rua por terem cartões de outros clubes? Mas todos os Presidentes têm cartões dos outros (ou quase todos...).

Aqui o caso é mais sério porque se trata de personalidades que apoiaram outros candidatos fora das listas do PS , ou que se candidataram eles próprios contra o PS. Tal como o Dr. Manuel Alegre contra o Dr Mário Soares, lembram-se?

Pois é...  O que chateia é esta coisa dos pesos e das medidas mudarem consoante a fronha da besta (salvo seja...) .

Se não fosse isso nada teria a dizer. Quem semeia ventos já se sabe que recolhe tempestades...

De tudo se cansa um Homem...

A falta de assunto de conversa começa a notar-se, mesmo entre Amigos mais chegados, quanto mais entre Mulher e Marido, Pais e Filhos. É chegada a altura de dar um espaço e alguma distância aos relacionamentos  mais próximos, para que todos se reencontrem lá mais para Setembro com assuntos na ponta da língua , novidades para trocar e outra vez desejosos da companhia uns dos outros.

Mas a Amizade (ou o Amor) é assim uma coisa que "cansa"? Perguntarão alguns...

Tenho a ideia que tudo acaba por nos cansar se durar mais do que o seu tempo útil de vida... O problema é saber exactamente quando (nós ou os outros ) estamos a passar do tal "prazo de validade". 

Acho que as Férias se fizeram exactamente para isso, para dar descanso "às terras"  e permitir que a renovação dos relacionamentos se faça de forma natural, tal como os métodos do "pousio"  e da "alternância de colheitas" eram antigamente utilizados na Agricultura para garantir a fertilidade.

Todos tivémos namoros de Verão e, independentemente da doçura dessas aventuras, passadas fora dos nossos feudos habituais, todos nós também acabámos por voltar ao "redil",  quais filhos pródigos regressados ao lar, que aqui mais não era do que os braços da  "Namorada de Inverno"...

Eu próprio, desde os meus 15 anos que vivia 2 meses à solta , em Monte Gordo, com alguns amigos e amigas (estas com as famílias, porque estamos a falar de 1970)  e  nessas alturas havia que improvisar para chegarmos outra vez a casa escorreitos e com algum dinheiro nos bolsos, do "adiantamento" paternal. Por isso aprendi a cozinhar. Por isso também havia dias que passávamos a comer uvas que comprávamos no mercado, porque os  20 paus da diária estavam guardados para ir à Piscina  e depois à Discoteca...

Era de tal forma que, lá mais para os 17 anos , a Namorada de Inverno (com quem acabei por casar, vejam lá o perigo!) já não ia na cantiga e passou a exigir dos Pais férias em Monte Gordo também, para controlar de perto o que lá se passava. Escusado será dizer que desde essa altura as Férias de Verão perderam grande parte da sua graça... Para mim, quero dizer.

Não estou para aqui a dizer que as mulheres ou os homens legítimos são assim uma espécie de "terras de cultivo" que devem ser de vez em quando abandonadas e das outras vezes emprestadas a uns (umas) e a outros (outras) para que o Amor antigo se renove! Quero apenas afirmar que devemos aproveitar as férias para mudar comportamentos e, ao fazê-lo, reencontrarmos o prazer de estar uns com os outros outra vez ...

Repararam na minha habilidade? Viram como dei a volta a um texto que estava a ficar demasiado liberal, sobretudo para elas? Tomei conta dos meus sentidos e passei a ser politicamente correcto, para gáudio e aplauso  das Leitoras do Blog... O que eu penso não será exactamente isso,   mas também não interessa nada estar aqui com essas miudezas. Até porque de quando em vez temos de lá ir à "fonte de Jacob" e convém que as águas estejam limpídas e o caminho relativamente desimpedido de calhaus e ortigas... (Capisci?!)

Não há dinheiro para sair do ambiente habitual? Mudem-se então os hábitos na casa ancestral. Invertam-se os papéis!

(Isto agora não me saíu muito bem... Inverter os papéis não quer dizer o marido dar uma de mulher e a mulher uma de marido. Apenas que seria saudável o Homem passar a fazer as tarefas da Mulher - cozinhar, por exemplo - e dar à Mulher tempo e espaço para fazer as coisas de que ela gosta. Pronto, vá lá ,está bem, se puderem e gostarem podem trocar de posição na cama também. Têm é de se lembrar de trocar também as mesas de cabeceira...)

Reinventar o Amor durante as férias, com 2 ou 3 filhos adolescentes em casa, as contas do mês para pagar, e ainda a sogra para aturar (seja de quem for) não é fácil. Haja Imaginação e Boa vontade!

a) Contem aos filhos que sofrem de "moleza patogénica aguda" e que por isso necessitam de fazer a sesta todas as tardes. Duas horitas em que agradecem que eles saiam de casa... Aproveitem ...

b) Determinem que , devido às preocupações ambientais e de sustentabilidade, no Verão e durante as Férias deixou de haver jantar organizado. No frigorífico haverá sempre queijo , fiambre, marmelada e coisas que tais. Na caixa do pão existirá o dito cujo. Na fruteira haverá fruta. Está instalado o regime do self-service nos comes e bebes.

c) Mais determinem que a ida para a Praia depois das 11h ( o que é a norma) implica que não haverá almoço disponível no chão pátrio às 15h ou às 16h (A Sesta, recordam-se??!!). De novo faça-se apelo ao carrego frigorifical - leite e yougurtes, gelatinas. Não se esqueçam dos cereais.

d) Aos Domingos convidem a sogra para fazer o almoço.  Na mesma  altura confidenciem-lhe que "os netos andam a comer mal e já não sabem o que hão-de fazer..."

 Aproveitem  também para lhe pedir que se atravesse nalgumas compras para a casa... Se tiverem sorte  e se ela for do calibre de algumas que conheço, para além de assar o Pargo para todos (que ela comprou) ainda sai lá de casa deixando também no frigorífico dois ou três blocos de carne já assada e fatiada, 3 Tupperwares de arroz branco já feito, uma terrina grande de carapaus de escabeche e duas tigelonas de mousse de chocolate.

Boas Férias! Aproveitem!

O problema do regresso ao trabalho sendo Agosto em Lisboa.

Grande título amigos leitores... Por aqui se vê a falta de inspiração nesta Segunda Feira de Agosto em que me encontro já sentado no local do crime habitual...

O quiosque dos jornais fechado. Os restaurantes do costume fermés. A pastelariazinha do pequeno almoço, chiusa...

Os carros ainda se movimentam . Estranho que pelas 7,10h tenha encontrado mesmo assim tanta carroça nas Avenidas, em direcção ao Marquês. Pode ser de gente que tenta evitar o calor da manhã mais tardia, ou então - como me aconteceu - que teve dificuldade em dormir.

Começo assim  por relatar algumas boas ideias para aturar esta Lisboa em Agosto:

a) A Versailles não fecha...
b) Estão também abertos o Galito (grande oportunidade para o Gaspachosinho da Srª Dª Gertrudes); e o Gambrinus que antigamente só fechava um dia por ano, no 1º de Maio; O Solar dos Presuntos  fecha agora, mas reabre o seu vizinho , o Verde Mar do Sr Araújo lá para os lados da Rua do Coliseu (R. S. José).
c) Caso venham trabalhar mais cedo e possam sair também um pouco mais cedo, combinem um final de tarde com uns amigos (ou lá com quem acharem melhor ). Em Lisboa há bares de Hotel excepcionais e onde se está muito bem nas tardes e noites  de Verão - Bairro Alto Hotel; Altis Belém Hotel&Spa;  Sheraton (aqui o Restaurante também é muito bom, mas carote...); Sky Bar do Hotel Tivoli; O Aguarela em Alfama e o velhinho Pavilhão Chinês são boas apostas calmas  também. E o Kubo Bar, excelente! Na Rua da Cintura de Santos, a partir das 18.00h. E o Chapitô, está claro, embora com o inconveniente do estacionamento.

Um programa sempre bom de Lisboa em Agosto é ir jantar à outra banda, com vista para o lado de cá: Ponto Final, Atira-te ao Rio e Amarra o Tejo são boas opções. Há até a hipótese de alugar um barco e ir directo de Lisboa para Almada.

A Televisão  (para quem é fanático dos enlatados) está em banho maria baixo. Ficar em casa a ler um bom livro é sempre uma ideia, desde que se encontre no encanto do lar a "fresquidão" necessária ao usufruto da leitura, o que nem sempre é fácil . Por isso aproveitem e saiam mais um pouco de casa nestas noites de Agosto, estejam ou não de férias. Se forem para a cama mais cedo também não conseguem dormir...

E que tal um gelado do Santini pelas 22.00h? Em Cascais ou em Lisboa... E aproveitem para ir para lá de mão dada e virem com os lábios lambuzados... Óptima oportunidade para fingirem que são novos e trocarem de sabores,  dos lábios de um para os lábios da outra... E vice-versa!

Ao nosso Embaixador

Já li e já emendei Sr Embaixador!

Belo Blogue. Não conhecia e aqui o recomendo:

http://www.pontocome.blogspot.com/.

Adeus à Serra com uma Receita

Amanhã zarpamos para o Estoril. Mais duas semanitas de Lisboa em pleno Agosto, antes de passar por Sagres, para apanhar o bom ar do Atlântico e o imcomparável Peixe fresco daqueles mares. Continuarei de Férias nestas duas semanas que entram, mas irei todas as manhãs ao gabinete para que os assuntos da PORTUGAL 2010 não fiquem para trás.

Para me despedir da Serra da Estrela e da gloriosa sinfonia do Dão , dos Borregos , do forno e do campo que parece que arde mesmo sem fogo neste Agosto terrível, convidámos a  família para almoçar hoje, antecipando a chegada do Benfica-Porto de mais logo, à volta do qual terá de se preparar mais um "lanchinho"... Haja coragem e entranhas para semelhante "sacrifício"...

Entretanto as minhas Primas gostaram muito de uma Carne de Vaca estufada que cá fizémos para o almoço de hoje, pelo que aqui deixo a Receita.

Carne de Vaca estufada à minha moda: Para 5\6 pessoas escolhemos um "ganso redondo" com cerca de 2 kg. Limpamos a carne de peles e nervos (ou pede-se para fazerem lá isso no talho). Num bom tacho de ferro, ou de alumínio fundido, com fundo grosso picam-se 3 ou 4 dentes de alho miudamente. Coloca-se uma mão de sal grosso. Depois,  um ramo de salsa e azeite do que houver de melhor em casa (Extra-Virgem) a cobrir bem o fundo do tacho aí com um dedo de espessura. Por cima de tudo uma "nuvem" de pimentão doce em pó (ou Paprika). Mexe-se bem com uma colher o azeite com o alho, a salsa e o pimentão até este se diluir.

Nesta fase, que consiste em "selar" a peça de carne com os seus sucos essenciais , deixamos o azeite aquecer e alourar bastante no tacho apenas com o alho, salsa, pimentão doce  e o sal. Em estando louro e a ferver bem introduz-se a peça de carne e vai-se virando a mesma alternadamente dos 4 lados, usando 2 garfos compridos,  até estar bem "marcada" . Pode durar esta tarefa cerca de 15 minutos, sempre com o lume forte.

Depois de bem "selada" a peça de carne deitamos no tacho 5 ou 6 cebolinhas pequenas , bem lavadas e descascadas, 2 cenouras aos bocados grossos e juntamos um copo alto de bom vinho branco.
Ao fim de mais uns 15 minutos reduzimos o lume.

Nesta altura podemos cortar ao meio a peça de carne, no sentido do veio , longitudinalmente, para estufar mais rapidamente e ficar mais tenra. Se o fizermos convém ser cortada mesmo no tacho, com cuidado, para que não se percam os tais sucos saborosos.

Eu, desde que conheço intimamente as facas de cerâmica (somos unha com carne, o que quer dizer que já me cortei algumas vezes com elas) não utilizo outras para estas tarefas mais delicadas. Agora, para  descascar batatas é que nunca mais, Chiça!

Deixamos estufar lentamente por mais uma hora. E está pronto a ir para a mesa, com um belo molho espesso e saboroso.
 
Normalmente acompanho com puré de batata do "verdadeiro", sobretudo quando tenho mão de obra gratuita para as tarefas mais chatas (descascar o batatame, cozer, misturar com o Leite, meter a noz moscada e a manteiga fresca, e triturar tudo). Mas fica bem à mesma  - no Verão - com uma boa salada mista e batatas fritas aos cubos.

 
Há variações , claro. Por exemplo também fica bem se acrescentarmos às cebolinhas e à salsa dois nabos cortados aos bocados grossos, em vez da cenoura. Dessa forma fica menos doce e mais "acre".  Ou se utilizarmos tomate fresco aos pedaços, em vez da cenoura. Assim acidifica-se a carne um pouco mais, e há quem goste também...

Ou pode ir  à mesa salpicada de coentros frescos, tal como o Puré de batata (disso gosto eu).

Acompanhámos com o nosso Tinto de 2009, um Tintão do Dão com 14,7 graus!

Já agora se comprarem o "Público" de hoje (é imperativo ler sempre o FUGAS senhores!) leiam no Fugas o que dois ou três gurus "estrangeiros lá de fora"disseram dos brancos e tintos do "meu" ( e de nós todos) Centro de Estudos Vitivinicolas de Nelas!

 Desde chamarem "Monumento" ao tinto Vilhena de 63 até "igual aos melhores do mundo" para o branco de 71, igualmente do Sr Eng. Vilhena...

Bom Proveito e até Segunda Feira próxima!

Ele há coincidências do ca…do Coiso…

Então não querem ver que numa Revista "Sábado" destas  5ª Feiras – que não comprei a não ser mais tarde mesmo , et pour cause! - o artigo sobre Restaurantes foi acerca do Vilalva, em Vila Real? Onde eu estive ontem? E não querem também saber quem lá estava a almoçar?

Pois era o nosso  Embaixador em Paris, Seixas da Costa, que assina como Augusto M. de Saa, na mesmíssima Revista "Sábado", aqueles artigozinhos…

 Em favor do Sr Embaixador sempre digo que pagou a conta!

De todas as formas, agora não faltará quem diga que estou aqui a plagiar um artigo já saído e a que toda a gente teve acesso…

Comprei a "Visão" nessa Quinta Feira por causa da capa , para mim mais sugestiva do que a da sua rival - se querem saber porquê alcem o real assento das cadeiras e vão espreitar à banca sff, mas já não as encontram,  he!he!he! Tinha a ver com mulherio está claro! -  pelo que não me apercebi da “desmanda”.

Só mesmo no Vilalva, à saída, quando o feliz proprietário mostrava aos Clientes a tal  "Sábado"...

Mas enfim, como duas opiniões valem talvez mais do que uma aqui vai o meu ( e do meu senhorio) recenseamento do Vilalva.

É difícil lá chegar. Procurem o Centro Comercial Dolce Vita, em Vila Real, subam dele até à chamada Rotunda da Araucária, virem aí à direita e sempre em frente. Começam a aparecer vários letreiros anunciando Restaurantes. Não parem e depois do último que se chama “Paulo” ou Paulus” estão já perto do Vilalva. Este é a poucos metros à esquerda, na rua última que intersecta em “T” a rua dos outros Restaurantes.

Na dúvida telefonem e perguntem:

RESTAURANTE VILALVA
Rua Engº Botelho de Lucena
Vila Real
Telefone – 259 323 786

Lista muito completa e engraçada, com pratos emblemáticos daquela zona de transição entre o Alto Douro Vinhateiro e Trás-os-Montes, mas a demonstrar grande empenhamento do Chefe e Proprietário, Sr João Rodrigues, em mostrar o que sabe fazer com os ingredientes tradicionais (onde se incluem a morcela e o presunto de Murça também) e uma pontinha de génio culinário.
Ora leiam sff:

Entradas: Creme de Morcela de Murça com Compota de Maçã Bravo Esmolfe e Redução de Vinho do Porto, Folhado de Alheira com Repolgas Salteadas em Azeite do Romeu, Carpaccio de Polvo com Vinagrete Três Pimentos;Carpaccio de Vitela Maronesa com azeite do Romeu e Repolgas.

 Peixe: Bacalhau à Vilalva, Arroz de Marisco, Caril de Gambas à Indiana, Bacalhau com Natas e Cogumelos Frescos, Polvo à Lagareiro;

Carne: Posta de Vitela Maronesa com Molho de Azeite e Alho, Bife da Vazia com Cogumelos Salteados em Azeite e Perfumados com Serpão, Lombinho de Vitela Gratinado com queijo da Serra da Estrela;

Sobremesas: Sinfonia de Sabores Transmontanos, Frutos Silvestres Gratinados com Gelado de Baunilha, Pudim de Laranja; Toucinho do Céu Tradicional de Murça

Boas ferramentas, pano em mesa e para a boca, copos adequados. Serviço muito simpático mas algo “estendido”, como a manteiga na ponta da faca, em casa do pobre, que tem que dar para 5 torradas…

Comemos : Folhado de alheira com cogumelos; Carpaccio de vitela maronesa com azeite do Romeu; Posta Maronesa com batata a murro, rattatouille de verduras da época e arroz de forno; Lombinhos de Bísaro grelhados com molho de natas e cogumelos frescos ; Toucinho do Céu na receita tradicional de Murça, Frutos Silvestres gratinados com gelado de baunilha; dois cafés. Tudo isto, com a excelente broa da Campeã e azeitonas de cura privada, um branco do Soutinho (Douro) de 2007 e um Tinto também Douro, Cistus de 2008, por 62 euros.

Tudo estava muito bom. E ficou a vista e o olfacto nas belas postas de bacalhau que de lá iam também saindo – com Natas, à moda da Casa.. E obviamente na excelente Vitela do Marão, fonte de toda a oferta vacum deste estabelecimento, tal como acontece com o Bísaro para os pratos porcinos.

Mas mais do que a qualidade do que se comeu e a justeza dos preços, há que celebrar o cuidado em fazer diferente, em sair da tradição dos pratos já de si tão tentadores daquela riquíssima zona do país, para se aventurar em demandas gastronómicas – não direi que de Alta Cozinha – mas sem dúvida merecedoras de público louvor e atenção!

Só por isso merece este Vilalva o nosso Aplauso e grande vontade de Repetição!


Pena ficar tão longe de Lisboa…

Outra Vez de Viagem

Mesmo em Férias o trabalho não dá descanso...

Mais uma voltimha para falar com uma associação de Vila Real que se propôe fazer um Postal e Carimbo comemorativos.

Agora pela A25 e A24 levamos 2 horas e picos a fazer o trajecto aqui de Seia... Se fosse há 15 anos seria o dobro. Algumas vantagens da União Europeia.

Em Vila Real penso ir almoçar ao Vilalva ou à Maria do Carmo. Logo se vê como param as modas.

Também me avisaram que a meio do percurso, em Castro Daire, freguesia do Mezio, existia um Restaurante a trabalhar nas instalações da Associação Etnológica de Montemuro, que valia muito a pena visitar, embora o seu ex-libris - o incomparável Cabrito de Montemuro - só se poder comer com marcação prévia.

"A ver vamos" como dizia o Ti Rosa lá de Cascais que, por ter nascido ceguinho, apalpava à vontade as varinas do mercado do peixe  quando lá ia às compras, "para não se desequilibrar"...

Crónicas da Serra 6: Os Primos do "Luxamburgo"

Meu Cunhado deixou-nos, a mim e ao meu Senhorio, um pouco sózinhos neste Agosto de todos os incêndios. Faz parte de uma "quadrilha" ou "patrulha" ou lá como se chama, de Protecção e Vigilância das Florestas, aqui da Câmara de Seia.

Trabalho de grande necessidade e extremamente válido, está claro! Então neste Verão danado!

Nos dias pares vão desbastar as matas com máquinas próprias, num veículo 4x4 com 500 litros de água para o que der e vier, e regressam sujos como porcos e cansados como ceifeiros de Setembro....Nos dias ímpares vestem-se com umas fardas que metem medo ao susto, incluindo umas gárgolas para protecção da vista, e "fazem a vigilância da Floresta" no mesmo 4x4.

Há aqui qualquer coisa estranha nesses dias, pois o homem tem o cuidado de engraxar as botas e de lavar o carro para a tal de "Vigilância"... Como nao me consta que as Árvores reparem nessas coisas, provavelmente a "Vigilância" faz-se perto de algum cabeleireiro ou loja de senhora... Mas não lhe posso dizer isto que ainda me deixa de falar.

Sózinhos tivémos que receber os nossos bons primos do "Luxamburgo", malta excelente que sempre aporta aqui no Agosto de mata-saudades.

Têm os filhos quase "Aluxamburgados" por completo, tendo lá concluído os cursos superiores e lá também encontrado emprego. Quando nascerem os netos não sei se regressarão tantas vezes ao canto serrano onde nasceram.

Falámos de tudo e de tudo discutimos: A crise - sim, também no rico Luxemburgo desatou  a haver cortes nos sistemas sociais , nas bolsas aos filhos dos "trans-fronteiriços" e coisas assim. A falta que ainda sentem dos "sabores" aqui da terra, e da falta que não sentem do "resto" , das coisas más e piores deste Portugal, que são muitas , como sabemos, se comparadas com uma democracia abastada do centro da Europa.

Por exemplo: no Luxemburgo os médicos e as clínicas encontram.se abertos e a aceitar consultas a partir das 6 da manhã, altura em que a maior parte dos trabalhadores as frequenta. O mesmo para as Repartições Publicas e Bancos. Com duas excepções... A CGD e o BCP continuam a abrir à hora de Lisboa...

As pessoas entram nos seus empregos e nas escolas às 7,30h , o mais tardar, e regressam a casa também mais cedo, pelas 16,30h. Outras formas de vida...

Se o português não tem juízo - e muitos infelizmente não têm -  entre as 17h e as 20h encontram-se nos bares e nos cafés, a beberem cerveja local com Macieira e a discutirem a bola pátria.

Quando regressam estes nossos primos já se sabe que as primeiras tardes são de desbunda, à procura dos tais "sabores" que são aquilo que mais lhes faz falta .

E não pensem que estou só a falar do Bacalhau! Bacalhau também há lá no Luxemburgo, onde hoje em dia tem  estatuto de prato "nacional", exactamente por nossa causa.

Falo da "cavaqueira da Adega",  do queijo e do presunto, com a chouriça caseira e o pão do Sabugueiro, do Branco e do Tinto feitos em casa.  Do bagaço ou da "vínica velha" antes de partirem,

Ontem calhou-nos a nós fazer esta recepção...Nem lhes passa pela cabeça...Entre as 16h e as 20h ( o tal período do "relax luxamburguês")  aviámos o seguinte "lanche":

Bacalhau crú desfiado à mão (a famosa "onanista" forma de o tragar) com cebola, alho e fio de azeite; Presunto; Queijo da serra curado; Morcelas e farinheiras torradas na sertã; Chouriça assada em canoa de bagaço; Torresmos grelhados na brasa;Fígado de porco assado na brasa; 5 garrafas de tinto, 4 garrafas de branco. Algum bagaço (ninguém sabe quanto...)

Imaginem uma dama da Pastelaria Versailles a comparar este lanche com a sua meia torrada aparada e serviço de chá Earl Grey...Das duas uma, ou desmaiava com o susto, ou então...virava-se para estas orgias e ainda abria uma carvoaria com taberna em plena Avenida da Liberdade, ao lado do Louis Vuitton...

Isso é que eu gostava de ver.

Hoje ainda tenho a boca a saber a papel de música e o estômago aos saltos com a tareia que levou. Gosto muito desta malta,  mas para estas cerimónias começo a não ter a necessária "preparação física".

"-Oh Primo, então tem faltado aos treinos lá em Lisboa??!! Falta de tempo para treinar  está claro"

E, aqui para nós, ainda bem....

Crónicas da Serra 5 : Os Electrónicos Piu-Chius Blacks!

Na aldeia multiplicaram-se estranhamente na minha ausência de alguns meses as antenas parabólicas da ZON, penduradas ao lado das janelas, junto às chaminés, mas não (ou raramente) nos telhados , que era o local onde a minha imaginação situava a parabólica antiga de metro e meio, com motor rotativo e capaz de apanhar 3 ou 4 satélites. A, digamos assim, Parabólica-Matriz, da qual hoje descendem as MEOs e as ZONs, mais maneirinhas e discretas, mas infelizmente enfeudadas a uma única fonte de entretenimento.

Houve decerto aqui campanha evangelizadora da ZON, cujos apóstolos proselitizadores teriam chegado ao local antes dos inimigos da MEO, e depois aconteceu o já conhecido fenómeno da multiplicação nas aldeias (que digo eu, até em Lisboa…) constituído pela rábula do “Se ela tem eu também quero, quem é que ela pensa que é? Tem a mania que é mais do que os outros ou quê?”

Isto do avanço da TV Cabo na “mais alta”, por si só, não quebraria a minha habitual neutralidade quanto a estas coisas das modernices e respectiva invasão do espaço telúrico onde me acolheram há 30 anos.

Desde que – está claro - continue a existir a touriga e o encruzado, o Tinto e o Branco (este que dê boa prova, o que é mais difícil) e Pastos para as ovelhas que se trocam por queijos e borregos.

Tudo o resto me deixa tão imperturbável como o velho Tio Santidade quando as vizinhas se queixavam que “ia faltar a água”.

Água??!! Água era coisa que o Tio Santidade só bebia se misturada no vinho (sem ele saber). E, para banhos, acho que dela se servia uma vez por ano, na Páscoa da Ressurreição, logo de manhã, e isto quando o “compasso” lá ia a casa…

Porque quando acabou esse velhíssimo hábito da visita pascal, o Tio Santidade terá também , por falta de utilidade e com medo de se constipar, acabado com a ideia do banho anual. Morreu como os outros, mas aos 92 anos, coitado, e para quem fumava 2 maços de “3 vintes” e bebia, por dia, meio garrafão até às 8 da noite, e o outro meio entre as 8 e as meia-noite, até que não foi “convocado” muito cedo…. Leva-nos a pensar se não haverá demasiada água na nossa vida actual…

Mas adiante !

Olhando melhor para as antenas parabólicas, acabei por reparar que muitas delas tinham pregado no fio um saco de plástico preto esvoaçando ao vento…

Tive que tomar coragem para perguntar para que era aquilo. A resposta, como sempre, foi prática que bastasse:

“-Então não sabe que a passarada aproveitava as antenas e os fios para estarem para ali em cantoria logo a partir das 4 da manhã? Ninguém dormia nestas casas!”

O plástico negro esvoaçante não era mais do que um “dissuasor da cacofonia pardaleja”!

Um verdadeiro gadjet de alta tecnologia aplicada a um problema prático!

Logo ali o crismei: Electrónico PIU-CHIU Black.

E temos esta tecnologia disponível para exportar e vender!

Pelo menos enquanto os ciganos da Feira de Seia, das Quartas Feiras, continuarem a embalar a mercadoria em sacos de plástico pretos…

Vinhos e Coisas

Centro de Estudos Vitivinicolas de Nelas, Branco de 2006 à venda e Tinto de 2005. Se forem atenciosos, bem-educados e  levarem dinheiro vivo na carteira, pode ser que saiam de lá com umas caixitas. E, se forem MUITO bem educados ainda pode ser que lhes dispensem uma garrafita de Aguardente com mais de 30 anos, feita também ali mesmo no Centro e que está melhor que muitos Cognacs... Vinho branco e Tinto a cerca de 3 euros a garrafa, aguardente velha a 35 euros. Tudo mais IVA que ali estamos em "terrenos" do Ministério da Agricultura e não se brinca em serviço dos impostos!

Deram-nos notícias de um novo Produtor, mas o fogo que se espalhou entre Viseu e Seia nessa tarde de ontem não nos deixou passar lá pela Quinta. Aqui fica a indicação, com mais detalhes , depois da prova, para darmos num destes dias:

Quinta de Amigo, em Paranhos da Beira. Perguntem (onde havia de ser??!!) na Estação de Correio de Paranhos as indicações para lá chegarem. Parece que promete!

O malvado do fogo acabou por nos trocar as voltas , como disse, e já não houve hipótese depois do almoço no Santa Luzia de tornar a Nelas, ficando para trás a Fata e os domínios do Engº Álvaro e Castro, em Pinhanços.

No velhinho SANTA LUZIA (já aqui referenciado) comeu-se uma Mayonnaise de camarão, bem feita embora o bicho fosse congelado (que queriam aqui na Serra?) mas fresca o bastante para iniciar as hostilidades. Depois as morcelas e farinheiras torradas, o melão bem gelado ( e que doce era) para cortar. Prato de resistência: Vitela assada, no forno, com esparregado grosso (ervas),  batatas assadas no forno com a pele e arroz de "sustância" que incluía bocadinhos de vitela e chouriça. Tudo muito bom.

Beberam-se algumas preciosidades:
Branco SAUZELHE de 2006  -  as últimas garrafitas. Vão lá ou arrependem-se de nunca terem provado um dos melhores brancos portugueses.Com Encruzado e Malvasia! Soberbo.
 Tinto Qunta de SAES Estágio Prolongado , Reserva de 2006. Excelente também.

75 euros para três pessoas e bebendo excelentemente!

Abro aqui um parêntesis para falar das generalidades que têm a ver com a classificação dos anos e das regiões vinícolas. Por norma tenho aconselhado os Leitores a fugir dos anos de 2002 e de 2006. Contudo muito bom vinho foi feito nesses anos!As generalizações são assim mesmo, é preciso ter depois alguma cultura específica para se lhes dar as voltas... Por exemplo, O Quinta do Mouro rótulo de ouro de 2002 é considerado pelo seu Autor um dos melhores "Mouros" de sempre. E, repito, este Sauzelhe Branco, alguns Pelladas em Magnum  e o Quinta de Saes Reserva, todos de 2006, estão fabulosos!

Depois do passeio só nos restava estirar o cadáver aqui no terraço, e  de tanto calor que estava lá nos mantivémos quase até às 23h, trocando histórias de fantasmas e almas penadas, como é da praxe nestas noites de estio (ao deitar ainda estavam 26 graus!).

Nota: Temos de começar a pensar que em 3, 4 e 5 de Setembro está em Viseu a Mostra de Vinhos do Dão deste ano de 2010. Belos vinhos do Produtor ao consumidor, directamente! Mais de 200 vinhos em Prova! A não perder, mesmo no centro de Viseu, no Largo da Feira.