terça-feira, julho 04, 2006
O Cabaz de Compras, a Inflacção e a Qualidade de Vida
Como complemento ao Post de ontem sobre Economia Portuguesa convêm fazer ainda algumas observações sobre as formas como "medimos" - os Contribuintes individuais - a nossa satisfação ou insatisfação com a situação actual. Os nossos Níveis de Felicidade!
Esta ideia de que o "Cabaz de Compras" que se utiliza oficialmente para medir a subida do ìndice de Preços no Consumidor (vulgo a "Inflacção") pode na prática variar muito de pessoa para pessoa e de classe social para classe social é engraçada e tem sido objecto de muitas abordagens científicas, e não só por economistas!!
Não há uniformidade no tipo de Produtos e de Serviços que são mais utilizados pelas pessoas depois de uma plataforma de base a que todos têm teoricamente direito, que são as necessidades ditas "básicas".
Depois de satisfeitas essas necessidades básicas - fome, frio, cuidados de saúde, educação, electricidade, água, renda de casa ou hipoteca, etc... - caímos no "reino" da definição do que cada um entende como "a sua Qualidade de Vida".
E aqui temos de encarar a questão das "Necessidades Psico-Sociais" e a forma como as mesmas se declinam nos diversos grupos que constituem a nossa Sociedade.
Estou a falar em variáveis socialmente modeladas pelos MCS, como o "Fashion", o "Status", as "Obrigações Sociais" - por um lado - mas também em coisas muito mais pessoais como as nossas idiosincrisias (Hobbies, Círculos de Amigos, Grupos de Interesses, Clubes de que fazemos parte, etc, etc...)
É engraçado que este assunto não é nada novo.
Conto uma história atribuída ao imortal autor dos "Três Mosqueteiros" Alexandre Dumas:
"Alexandre Dumas era Aristocrata por nascimento e tinha no mais alto grau a obrigação social a que essa "nobreza" o obrigava.
Como andava quase sempre falido e não tinha dinheiro para pagar a muitos criados, era costume fardar-se ele de libré, como um lacaio, e ir pendurado por detrás da sua própria carruagem , para que não o criticassem de só ter um cocheiro...
Dentro da carruagem não ia ninguém, é claro..."
Como vemos, as pessoas que hoje se endividam para comprar roupa e ir a uma festa "a que não podem faltar" ou aquelas que, depois de alguns meses de Leasing lá têm de devolver o Carrão que não conseguem pagar, etc... sempre tiveram "parceiros" ao longo dos tempos...
Lembro-me de alguns conhecidos meus que - em alturas de vacas magras - deixaram de frequentar certos restaurantes por causa das expectativas que a sua presença naqueles locais causava aos donos: normalmente bebiam e comiam do melhor e - como agora não o podiam fazer - preferiam não ir do que limitar os seus consumos.
A Felicidade talvez tenha a ver com a capacidade que cada um de nós tem que desenvolver para se adaptar às novas circunstâncias sem perder amor-próprio e dignidade pessoal...
Eu começaria já a treinar filhos e netos em padrões de consumo bem mais modestos, para que se habituassem a tudo. E contra mim falo...
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