quinta-feira, janeiro 29, 2015

A Barba do Faraó

Não sei se têm estado a acompanhar um dos assuntos mais interessantes dos últimos dias? O caso da barba do velho Tutankamon?

A "coisa" conta-se em poucas palavras. A múmia mais famosa do mundo encontra-se no Museu Egípcio do Cairo, a cargo do poderoso departamento de antiguidades egípcias, que se designa adequadamente por Conselho Supremo das Antiguidades Egípcias.

O único Director deste "Supremo" que eu conheci  não era pessoa para se encontrar numa noite escura...Nem de dia, quanto mais de noite!

 Consta no Cairo que até o "faraó"  dos tempos modernos, o Sr. Mubarak, apesar do poder absoluto, tinha alguma "calma" quando lidava com a tal criatura.   Trata-se do  Egiptólogo Zahi Hawass, demitido em 2011 por "proximidade a Housni Mubarak", mas logo depois readmitido devido à greve das múmias de todo o mundo, que o idolatravam. O Homem ia buscar múmias à cabeça de um tinhoso e guardava-as ferozmente.

Tive o "prazer" de trocar algumas mensagens com ele quando lhe pedi autorização para reproduzir a pirâmide do amigo Kéops em selo (para as Maravilhas do Mundo, uma sinecura que nos impuseram).
Membro da classe alta egípcia, o Director do Supremo Conselho das  Antiguidades não me mandou catar piolhos em mandris, mas a resposta, dada de forma educada,  tinha o mesmo sentido...

Mas divago. Voltemos à vaca, digo, à barba.

O jovem Tut (quando morreu era adolescente) foi enterrado com  a mais impressionante colecção de objectos da época que chegou aos nossos dias. Tal era a profusão e o valor dos objectos enterrados com aquele rei adolescente, e sem ainda ter feito história que se visse, que muitos egiptólogos se interrogaram como seria se o túmulo do grande Ramses II tivesse chegado aos nossos dias sem ter sido profanado...

Por entre os ditos objectos sobressai a máscara funerária do sarcófago real, em ouro e madeira pintada a dourado e azul. Essa máscara tem barba.

A barba é cerimonial, todos os sarcófagos que chegaram aos nossos dias tinham a dita cuja, mesmo que o faraó em causa fosse mulher. Era uma indicação de  nascimento nobre e de ligação aos deuses. Um sinal de classe real.

Pois bem, um destes dias, durante a noite, estava a malta do museu egípcio do Cairo a fazer a manutenção do sarcófago do amigo Tut quando, inadvertidamente, deixaram cair ao chão a máscara e ...partiram a barba do faraó.

À rasca  -  é o termo, aqui sinónimo de transidos de medo do velho Zahi Hawass, que apesar de se ter reformado parece que percorre de noite os corredores do "seu" Museu à procura de ladrões (coitados) -  os operários basaram do local , deixando à desgraçada da Conservadora Chefe do Museu a tarefa de resolver o assunto.

A Srª Conservadora  Alham Abdelrahman, na iminência de lhe dar uma (ou duas) coisinhas más logo ali no local, lembrou-se de um estratagema: colar a barba ao queixo do Tut com um tubinho de cola tudo.

Descoberta a tramóia ( a cola epóxica deixou na barba do faraó uma cor esquisita que seria prenúncio de higiene deficiente se o gajo fosse vivo) a ira do Zahi "y sus descendientes" abateu-se sobre a pobre da Conservadora.

Na impossibilidade prática de a enterrarem viva ( que era a proposta inicial, muito à moda dos procedimentos semelhantes ali no burgo em 2800A.C.) foi imediatamente afastada das funções  e cometida a "Conservar" o real museu das carroças e carros de bois dos faraós, onde a utilização de cola moderna nos eixos das rodas  não dará tanto nas vistas...

Moral da História:   Entre pentear a  barba do faraó e dar serventia às bestas dista apenas um tubo de cola...Dos pequenos...

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