sexta-feira, setembro 12, 2014

Para Descansar a Vista ...no Outono

Em tempo de Outono que terá chegado este ano umas semanas adiantado (alguém viu por aí o Verão?) deixo-vos um poema também ele outonal.

Melancólico e pensativo, propenso a passeios por entre as folhas caídas no chão e a apanhar o odor da chuva na terra molhada e das castanhas no assador.

Em uma Tarde de Outono

Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...

Olavo Bilac, in "Poesias"

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