sexta-feira, setembro 06, 2013

Para Descansar a Vista

Um dia destes dei por mim a ver namorar… Mesmo ali à beira Tejo, em frente da Praça da Ribeira, um casal de namorados beijava-se com as mãos dadas em pleno jardim da Praça D. Luis I.

Terreno esse que já foi de coisas muito mais bizarras do que namorados a beijarem-se para pacóvio ver…
 
Entre os sem-abrigo e os agarrados de toda a espécie que por lá abancavam e assaltavam transeuntes, e agora estes casais de namorados que aproveitam toda uma recuperação do espaço urbano fronteiro ao antigo edifício da Central Telegráfica para usufruir uns dos outros,  vai uma grande – enorme mesmo -  melhoria.

Venha de lá então poema que celebre de uma forma bem disposta estes amores de Lisboa:

Os Namorados Lisboetas

Entre o olival e a vinha
o Tejo líquido jumento
sua solar viola afina
a todo o azul do seu comprimento

tendo por lânguida bainha
barcaças de bacia larga
que possessas de ócio animam
o sol a possuí-las de ilharga.

Sua lata de branca tinta
vai derramando um vapor
precisando a tela marinha
debuxada com os lápis de cor

da liberdade de sermos dois
a máquina de fazer púrpura
que em todas as coisas fermenta
seu tácito sumo de uva.

Natália Correia, in "O Vinho e a Lira

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