Braga do nosso Minho.. Há lá o Congresso e o Senhorio é Delegado. Oportunidade para o Blogger fazer de motorista e ir a Braga. Depois contarei como foi...
Então aqui vão dois poemas para nos dispor bem. Num fim de semana que se adivinha de Sol e Mar desejos de boa praia a todos os leitores!
Nesta jóia de Millor Fernandes vive o absurdo daqueles que tudo têm  mas sempre encontram motivo para se sentirem infelizes... Só a sarna lhes falta.
Poeminha de Insatisfação Absoluta 
O que me dói 
É que quando está tudo acabado 
Pronto pronto 
Não há nada acabado 
Nem pronto pronto 
Pintou-me a casa toda 
Está tudo limpado 
O armário fechado 
A roupa arrumada 
Tudo belo, perfeito. 
E no mesmo instante 
Em que aperfeiçoamos a perfeição 
Uma lasca diminuta, ténue, microscópica, 
Não sei onde, 
Está começando 
Na pintura da casa 
E as traças, não sei onde, 
Estão batendo asas 
E a poeira, em geral, está caindo invisível, 
E a ferrugem está comendo não sei quê 
E não há jeito de parar. 
Millôr Fernandes, in "Pif-Paf"
Exdistem criaturas que por muito banho de boutique e aulas de etiqueta que venham a ter nunca se "alevantam"  da condição de Jumentos (com desculpas aos jumentos!)...
Com a Fortuna não Perde o Ser de Besta 
Na carreira veloz, a deusa cega 
Lança às vezes a mão a um feio mono 
E o sobe, num instante, a um coche, a um trono, 
Onde a Virtude com trabalho chega. 
Porém se, louca, num jumento pega, 
Por mais que o erga não lhe dá abono: 
Bem se vê que foi sonho de seu sono, 
Quando a vara ou bastão ela lhe entrega. 
Pouco importa adornar asno casmurro 
Com jaezes reais, mantas de festa, 
Se a conhecer se dá no rouco zurro. 
Quem, no berço, por vil se manifesta, 
Quem nele baixo foi, quem nace burro, 
Co'a Fortuna não perde o ser de besta. 
Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'
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