quarta-feira, agosto 17, 2011

Comentários ao "O Passado e o Presente"

Dois dos nossos Leitores comentam este Post "O Passado e o Presente", o que muito agradeço. Podem ler esses comentários no local do costume.

Aqui faço algumas observações sobre os mesmos.

De facto não é possível comparar os anos 60 do século passado com os dias de hoje. E ainda bem. Os progressos que o 25 de Abril permitiu que se fizessem em todas as vertentes da modernidade foram notáveis, com especial relevo para os índices de desenvolvimento humano, como a taxa de mortalidade à nascença, a literacia\educação, a expectativa de vida ao nascer e o PIB per capite.

Hoje em dia (dados de 2009 publicados pela ONU em 2010) Portugal ocupava a 40ª posição entre os 42 Países considerados "Muito Desenvolvidos". E evidentemente que o PIB per capite nos penalizava ...

O que quis fazer notar com aquele Post era outra coisa. Era a importância da componente financeira no comportamento humano.

Em 2012 muitos portugueses poderão estar  perante o Consumo tal como estavam os seus Pais e avós em 1960.  Por exemplo, o esforço que se fazia em 1960 para comprar casa, ou pagar um aluguer, com os salários da época, pode vir a ser comparado com esforço financeiro semelhante em 2012. Digo isto sem ter feito os cáculos, apenas por conhecimento empírico. O que fez mudar a filosofia de habitação em Portugal foi o acesso ao crédito bancário. Que hoje , se não acabou,  estará muito perto de ter acabado...

A situação financeira das famílias pode assim estar a caminho de ficar igual, ou pior, porque, como muito bem faz notar a Maria da Paz, nesses anos 60 não havia tanto desemprego como hoje e ( infelizmente) amanhã.

E o pior de tudo é que esta gente da actualidade não está habituada a esses sacrifícios! Filhos e Netos foram as mais das vezes criados numa sociedade de pretensa abundância, onde era fácil, muito fácil, o acesso ao crédito e, através dele, às benesses e tentações da Sociedade de Consumo levada ao extremo.

O meu Bisavô, que era carteiro no Estoril em 1930 , seria  talvez mais "rico" do que um carteiro actual. Não porque ganhasse mais (em termos comparativos), mas porque era muito mais "frugal" na sua vida do dia-a-dia. Não tinha os "maus" hábitos de consumo do carteiro actual.

Poderão os meus leitores sempre dizer que o que está mal são esses maus hábitos e que é necessário cortar as expectativas em todos os lares da classe média. Será assim, sem dúvida, mas que vai ser difícil e muito doloroso, disso podem ter a certeza.

Um comentário:

Felisberto Lopes disse...

Inteiramente de acordo. Estamos provavelmente na alvorada de uma nova epoca; epoca onde o consumo desenfreado irá dar lugar a um consumo feito com razoabilidade.
Que isso irá trazer muita dor por culpa dos maus hábitos, sim vai.
Mas não poderia estar mais de acordo com tudo o que o meu amigo disse.