segunda-feira, janeiro 31, 2011

Hospitalidades

Lembro-me  cada vez mais ultimamente do meu bom Amigo Faouzi Belhassen , Director de Relações Internacionais dos Correios da Tunísia, e da forma como ele e a Direcção Geral dos Correios Tunisinos  - Sr. Mohamed Basly - organizaram o Fórum da UPU do ano passado.
A hospitalidade árabe-mediterrânica na seu melhor... Desde a recepção à saída do avião, sem passar pela alfândega, até à disponibilização de uma viatura com motorista dedicado para todos os dias da estadia... E acabando com uma limusina a levar-nos directamente à carlinga do outro avião, o do regresso, sem que ninguém se atevesse a pedir a bagagem - pouco ou muito aumentada  - para a vistoriar.

O mesmo só me tinha acontecido há longos anos, no Brasil , quando era Presidente da ECT o Coronel Botto de Barros (depois  Director da Secretaria Geral da UPU),o grande  amigo do General Figueiredo que governou com pulso de ferro a ECT Brasil até ao advento da democracia.

 O Coronel Botto de Barros, que era considerado um dos maiores "pecuaristas" da América do Sul, e que quando lhe perguntei com espanto de garoto recém-chegado a estas lides:
- "Quantas Vacas é que o Sr Coronel possui?"
Respondeu com bonomia:
 - " Filho, vaca eu nem conto. Boi-macho tem mais de mil..."

Como cada Touro cobria em redor de 30 vacas, façam as contas...

Pois com os últimos desenvolvimentos  -  primeiro na Tunísia e agora no Egipto (que se lixe o acordo ortográfico!!)   - lembrei-me inevitavelmente das conversas que tive com os colegas europeus sobre como seria muito difícil, para não dizer impossível, fazer uma recepção idêntica à que tivémos em Tunes aqui na nossa Europa democrática.

Impedir os colegas de passarem pela Alfândega? Convencer os nossos presidentes (dos Correios) a abrirem a bolsa para disponibilizarem viaturas com motorista a todos os chefes de delegação ?  Argumentar com o SEF que , à saída dos congressistas , era "bar aberto" ?  Impossível!

Tudo isto é (foi...) possível num regime autoritário onde o Correio era uma Empresa Pública de Bandeira, gerida por amigos (ou até familiares!!) dos Governantes.

Nas democracias ocidentais a recepção aos colegas visitantes sempre se fez à medida da bonomia e hospitalidade de cada anfitrião.  E sempre dentro da Lei, que assume nesses locais o papel do mandão ditador. Por exemplo, e sendo eu como sou, acho que aqui de Portugal ninguém se pode queixar...Mas, pelo contrário, outros locais onde estive em trabalho já não primavam pela "generosidade".. Alemanha, Suiça...

Podemos encontrar quase que uma regra matemática sobre estas coisas dos níveis das "recepções": Mais quentes de Norte para Sul, seguindo o clima, e  mais calorosas quanto mais pequeno o País ou menos habituado a estas "altas-rodas".  De facto os nossos colegas mais "cool" ( em tudo, até no clima e nas afeições) costumam dizer que existe um certo "provincianismo" nestas coisas de receber muito bem quem nos visita.

Mas mesmo no frio há excepções! Nas Repúblicas que se libertaram do Império Soviético somos ainda tratados como reis... (O povo é que se pode e deve queixar). Em Baku, na República do Azerbeijão, situada nas margens do Cáspio, o meu Colega dos Correios locais recebe a "malta" com tigelas de Caviar e Vodka aos baldes... Mas quem arranja pretextos para ali se deslocar (a não ser mesmo o Caviar)?

Do Egipto moderno conheço pouco. Da civilização egípcia sempre fui admirador e estudioso, mas não é a mesma coisa...Mas por norma e dedicação sempre gritarei a favor dos pobres e dos oprimidos. Que maravilha ver chegar a moderna democracia ao velho Nilo!!
Mas preservem o Património! Protejam as Antiguidades! lembrem-se do que se passou no Museu  de Bagdad...
 Tomem  lá cuidado com as velhas múmias malta! Olhem que o Ramses II, dito "O Grande" (1279AC-1213 AC),  ainda se chateia com o barulho que lhe estão a fazer à porta e pode vir cá para fora pedir satisfações! E - aí ao lado - já o vi com melhor aspecto...

Não viram o filme? Depois não se queixem! 
Imhotep! Imhotep!...

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