sexta-feira, novembro 28, 2008

Para Descansar a Vista


Ao sabor do vento aqui vos deixo um curto poema da grande Sophia:


Assim o amor


Espantado meu olhar com teus cabelos
Espantado meu olhar com teus cavalos
E grandes praias fluidas avenidas
Tardes que oscilam demoradas
E um confuso rumor de obscuras vidas
E o tempo sentado no limiar dos campos
Com seu fuso sua faca e seus novelos
Em vão busquei eterna luz precisa
Sophia de Mello Breyner

A doce brisa da nostalgia

Num dia de reencontros tive ocasião de visitar um local onde não ia , seguramente, há muitos, muitos anos: a minha infância.

Nas duas últimas semanas reatei a amizade e a convivência com duas amigas dos meus tempos de rapaz, a quem sempre me ligou muita amizade, mas que se encontravam de mim separadas pelo tempo e pelas circunstâncias, embora não tanto assim pelo espaço.

Foi pretexto a edição por uma delas de um livro:

O Grande Livro dos Chefs
Fatima Moura
Editora Quimera

Nesse livro tecem-se saborosas histórias sobre as vidas e o talento de 14 Chefs de cozinha, dos maiores que trabalham hoje em dia em Portugal. Obviamente que - estando o meu interesse centrado também nestes assuntos da gastronomia e da restauração - mais cedo ou mais tarde havíamos de nos encontrar... Só não sabia , quando a Fátima me telefonou, que era a mesma Fátima com quem eu tinha brincado há uns ...38 anos.

Por acaso a história até foi mais rebuscada, com o Quitério amigo a aconselhar a Fátima para falar com o "Raul lá dos correios, boa praça!" sobre a necessidade do chef do Pestana Valle-Flor encontrar um editor para um original seu.

Ao falar de mim à escritora despertou nela um interesse sobre se seria ou não o mesmo Raul de outros tempos.

Nesse reencontro teve papel preponderante outra grande amiga minha do mesmo tempo, a minha melhor amiga de infância, também ela algo separada do meu circuito de adulto, aqui mais fruto das escolhas que ambos fizémos, tanto do ponto de vista pessoal como profissional.

O tempo que hoje temos não será tanto como aquele que já tivémos - e sobre este assunto já ontem à noite se discorreu bastante - mas a doce brisa da nostalgia tem ainda uma influência preponderante sobre as nossas percepções e, de uma maneira ou de outra, estes reencontros não serão mais do que o abrir do pano para um novo espectáculo... Mesmo que os actores não tenham já nas pernas a vivacidade da juventude...

E, ao meio dos cinquenta, quem poderá dizer que não é bom encher mais uma vez os olhos de estrelas?

quarta-feira, novembro 26, 2008

A Crise está escondida?


Quem frequenta com alguma avidez a FNAC e quejandos, sempre à espreita do último DVD ou do Livro que nos amenize a solidão dos fds , não deixa de reparar e de elogiar a estratégia de MKT que é montada pelo gigante francês, obviamente que por alinhamento com o que se passa nos outros países onde estão. E mesmo que ao lado, na Worten por exemplo, se paguem os mesmos DVD's a um pouco menos, o facto é que não deixamos - pelo menos eu não deixo - de continuar a ser clientes FNAC.

Neste final de Novembro alinhavam-se concertos gratuitos com a Maria João e o Mário Laginha e com o Luis Represas. Nos escaparates das novidades e das recomendações cheira-se já o Natal, desde os jogos de computador, com mais uma versão da Laura Croft "underworld", até aos DVD's e aos Livros. Nos velhos CD's a "biblioteca" clássica aumentou e de que maneira, assim como as prateleiras do Jazz... Obviamente que tudo isto se passa tendo em vista "armadilhar" o cliente que por ali entra e aumentar as vendas. Mas se é bem feito deixo-me sempre ir com gosto nesse "engano ledo e cego". E não sou só eu...Ontem à noite, estive 10 minutos à espera para pagar nas caixas, e estavam 3 abertas...

Vem esta introdução a propósito de uma reflexão de um dos meus amigos ontem ao almoço. Trata-se de um industrial francês mas de origem alemã, que veio instalar-se em Portugal exactamente em 1974 e por cá sempre ficou desde essa altura, gerindo uma empresa que montou de raiz.

Segundo ele "esta crise - por enquanto - é mais inventada do que real, e não se nota assim tanto na contenção do consumo em Portugal". E mais, assevera que possui informações (bancárias, segundo me apercebi) segundo as quais "o comércio em Lisboa terá tido em 2008 um dos melhores anos de sempre em termos de vendas".

Não posssuo dados reais para desmentir ou confirmar o que ouvi... Mas uma coisa me pôs a pensar: é que , na FNAC ou nos outros lados que frequento, não noto de facto menos gente a comprar.

E alguns dos "meus" restaurantes - Solar dos Presuntos, Galito, Tertúlia do Paço, etc... estâo sempre cheios.

E ainda, no ano passado, telefonaram-me da perfumaria onde compro as prendas de Natal quase todas, oferecendo uma promoção de 50% se fizesse lá as compras em determinado dia de Novembro, e neste ano, nada...

Estará a crise por enquanto, e ainda bem, "adiada"? Ou serão estas observações meras conjunturas tiradas de uma amostra enviezada pela classe social?

Como especialista de Pesquisas de Mercado é evidente que não me permito generalizar com base nestas conversas ou experiências , nem, por outro lado, nas queixas dos comerciantes, porque essas são recorrentes todos os anos, haja ou não haja subprime afundado ou bancos a falir...
Mas enquanto não há dados sobre o consumo privado de Novembro e de Dezembro não temos outros meios de saber. E uma coisa é certa: ou a crise ainda não bateu aos bolsos dos portugueses, ou então a malta lusa endoidou...

terça-feira, novembro 25, 2008

Louvor do Fialho


Tendo deixado aparecer primeiro - et pour cause - a crónica do Zé Quitério no Expresso sobre a ida a Évora e o reencontro (mais dele) com o Fialho, já estou hoje mais à vontade para falar da mesma aventura onde tive a sorte de ser um dos convivas...

Já nos apercebemos da crónica de Sábado passado que um dos 4 almoçantes estava com a "víscera estragada". Era o David, queixando-se amargamente dos exageros que experimentou em casa de Dirk Nieepoort, provando numa noite não sei quantos vinhos do grande especialista.

Fui o primeiro a chegar e, convicto do segredo que o Zé quer sempre imprimir a estas suas demandas, apenas disse que esperava alguns amigos, mas que eram gente de respeito... a filha do Gabriel, que estava infelizmente em casa acamado com uma crise de asma , mandava nesse dia nos fogões. Uma menina (hoje com dois filhos) que conheci muito bem em Cascais quando ela estava a tirar o curso na escola de Hotelaria.
Faziam ainda parte da campanha: O Zé, o David Lopes Ramos e o Pedro Rodrigues (proprietário do Vírgula).

Começámos com pouca pujança, mas logo em níveis de excelência, com pastéis de massa tenra, empadas de galinha, croquetes de carne e pata negra de boa e especiosa cura. Avançámos depois para a degustação propriamente dita.

Não sei se sabem, mas neste tipo de refeições para "avaliar" moradas e cozinheiros é costume pedirem-se uma série de pratos que depois são divididos por todos os convivas, cada um deles dando seguidamente a sua opinião.

Nesta ocasião veio Pescada cozida para o coitado do David, cujos olhos até choravam a olhar para o resto... E nós os três avançámos para : sopa de cherne à alentejana (soberba) ; pézinhos de coentrada (bons de morrer) ; perdiz à moda do Convento de Alcantara (excelente, mas bicho meio aviárico); arroz de pombo (sápido qb) e terminámos com o Borrego assado no forno (esplendoroso).

Obviamente que quer o Zé ,quer o David (quer também o vosso amigo blogger, mas num outro registo) são amigos desta casa e "compagnons de route" do Amor e do Gabriel, mas o certo é que nos deu muito gosto ver que a Casa Fialho está ainda ali para as curvas e, mais do que isso, que tem já na Filha do Gabriel mão segura e braço de timoneiro que nos auguram uma calma passagem do testemunho quando e se tal for necessário.

Vinhos? Bem, o dinheiro do "Balsas" só estica até determinado ponto, pelo que houve que fazer alguma contenção e depois uma batotazinha. Assim começámos com um branco sem pretensões, do ano, da Pesseguina e evoluímos para um Tinto Soberana da gama média. Para o final o raulzinho fez-se à estrada e ofereceu à mesa uma garrafa do novíssimo Mouro de rótulo de ouro de 2005 e que nos deixou de boca à banda e a cair para o lado em tudo, desde o preço - 95€ no restaurante, cerca de 50€ na produção - até à extrema qualidade .

Por acaso o Produtor - Miguel Louro - que estava na mesa ao lado - logo se sentou ao pé de nós, discutindo as qualidades deste seu último "menino de ouro" porventura o melhor alentejano que me passou pelo estreito nos últimos anos. Negro, retinto, de força hercúlea, cheio de especiarias e tabaco, ao fundo uma promessa de frutos pretos e de baunilha, promessa essa que nos vai fazer esperar uns 3 ou 4 anos para vermos se se concretiza.

Acabámos em beleza com uns doces conventuais e um malte velho.

Quando saímos de Évora, já pelas 18.00 (!) vínhamos todos com uma beatitude espelhada na chapala que até parecíamos uns frades capuchinhos saídos do refeitório em dia gordo...

segunda-feira, novembro 24, 2008

As Cólicas Presidenciais e o BPN


O Presidente, Professor Doutor Cavaco Silva, não gostou de andar pretensamente nas bocas do mundo pela ligação ou ligações que teria (ou não teria) ao BPN de má memória.

Vai daí publicou no site da PR uma nota onde reafirma que nunca recebeu salários nem qualquer outro tipo de dinheiro do dito Banco, e nos dá conta que a sua única ligação com o BPN era como Cliente, sendo este um dos 4 bancos onde detinha as suas poupanças, "geridas localmente por especialistas dos mesmos bancos". Porquê estes 4 bancos e não outros? Nada temos a ver com isso, como é óbvio... Provavelmente terá sido por conselho de amigos...

É claro que ninguém em seu perfeito juízo suspeitaria que o PR tivesse andado a fazer pela vida em conúbios com o Dr. Oliveira e Costa, seu Secretário de Estado de antanho, nem será de bom tom ou sequer racional insinuar que qualquer 1º Ministro deve ser responsável pelos actos dos seus Ministros "ad aeturnum", desde que saiam dos seus Governos...

O problema não é esse!

O problema é que o Dr. Dias Loureiro enriqueceu à custa do BPN ou da Sociedade Lusa de Negócios, como afirmou diante das câmaras da RTP , andou socializando com o actualmente arguido Presidente do Banco em viagens algo estranhas pelas Caraíbas e Costa Rica, e está nomeado Conselheiro de Estado pelo PR Cavaco!

Não será ainda arguido , nem sequer culpado de nada, mas "à mulher de César não se exige apenas que seja honesta, mas também que o pareça"...

Ora Dias Loureiro não parece honesto. Pode sê-lo mas, peço desculpa, a mim não me parece que o seja.
Atentem na história de enriquecimento pessoal que nos contou na TV... Algo despudorada em momentos de crise onde há muitos portugueses a passar fome e sem emprego, nao acham? Eu achei.
Qual o mortal que , sendo pobre ou remediado enquanto estava no governo, depois de sair dele e no prazo de 2\3 anos, arrecada apenas a trabalhar mais de 1,3 milhões de contos (também confissão do Dr. Loureiro) ? Conhecem muitos? Eu não.
Alguém pode dar a receita deste enriquecimento subito e notório? E, coitado, sendo perfeitamente honesto e não um qualquer "Isaltino", não deixou de transferir para Portugal as suas muitas mais valias em Marrocos, pagando impostos sobre as mesmas. E como as obteve em primeiro lugar? Não temos nada com isso? Pois, mas não fomos nós que começámos essa conversa.

E se - depois desta história de milhões de contos - ainda se prova que mentiu sobre a entrevista que teve com António Marta, no Banco de Portugal? Não deveria ser arguido?

Por esse motivo eu esperava do Sr. PR algum distanciamento em relação ao seu Amigo de sempre. Mas não. Enfureceu-se por julgar que o implicavam numa trama com a qual obviamente nada tem a ver, excepto ... ter um Conselheiro de Estado, esse sim, nela envolvido...

É claro que estas coisas da Justiça têm os seus quês e porquês - veja-se a vergonha da Casa Pia .

Mas ainda sonho com o dia em que neste País se faça justiça sem ter medo de Partidos ou de compadrios...

sexta-feira, novembro 21, 2008

Para Descansar a Vista


Uma visita , que já tardava, a Herberto Hélder, nome maior da poesia portuguesa mais recente, um dos mestres de Eugénio de Andrade e de tantos outros. Nascido em 1930 , na Ilha da Madeira e felizmente ainda vivo, embora protegendo nos últimos anos o seu anonimato a todo o custo, foi este Grande Poeta um marginal na forma de encarar a vida e de com ela se relacionar.
"Tenho de inventar a minha vida verdadeira" disse ao Expresso em 1994, provavelmente a última vez em que concedeu alguma entrevista e anuiu a ser fotografado.


Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.

Herberto Helder

Correio-Mor

Mais uma vez o nosso Blog vem citado no Público;

Caderno 2 edição de hoje.

quinta-feira, novembro 20, 2008

seis a dois....


Teve Queiroz o seu tempo de tolerância à frente dos destinos da selecção nacional.

Acho que já basta. A partir daqui tem de levar na cabeça como qualquer treinador que - como ele - só tem arrancado resultados duvidosos... Nestes jogos todos ganhou duas vezes: contra a Malta e contra as Ilhas Faroe. Por muito que se respeitem estas equipas convirá assumirmos que é pouco. É muito pouco.

E falhou dois jogos importantíssimos, contra a Dinamarca em casa (perdeu) e contra a Albânia também em casa (empatou miseravelmente).

Levar 6-2 do Brasil até pode não querer dizer grande coisa - todos nos recordamos dos 7-1 do Sporting ao Benfica e mesmo assim o Benfica foi campeão nacional nesse ano - agora levar 6-2 depois dos resultados anteriores e jogando mal, mesmo muito mal, é que me parece concludente.

Carlos Queiroz não terá - em minha opinião - condições para se manter muito mais tempo como Treinador Principal. Não tem o carisma de Scollari, os atletas não estão com ele. É um teórico a quem os grandes clubes nunca entregaram a liderança em campo exactamente porque não lhe viam "pinta" de ganhador.

E as coisas são mesmo assim... Há quem seja muito bom na análise e depois deite tudo a perder no jogo e , ao contrário, há quem não se ocupe de esquemas nem de tácticas cientificamente trabalhadas mas quando chega ao campo, ganha!

O ideal seria ter dois personagens na mesma equipa, o Queiroz a preparar e um outro a liderar...

Mas quem ? perguntarão os leitores... Lá para os lados da Arábia e do Egipto existe o Manuel José... Nunca se lembram dele talvez porque tem a boca grande e é incómodo para o poder instituído - leia-se, para a Federação...
A Selecção está enferma. Urge encontrar uma cura. E rapidamente.

quarta-feira, novembro 19, 2008

A Tia Manuela e a "Alternância Democrática"

Pois pareceria que a Tia Manuela teria comido algo que não concordou com ela (com o seu intestino, para ser mais preciso).

Então aquilo diz-se minha Senhora? Seis meses de Ditadura e depois mais seis meses de Democracia...Eu próprio sou pela saudável alternância Democrática, mas assim também acho exagero!

E tenho uma dúvida... Quem é que "organizaria" os primeiros seis meses? Talvez pelo método da moeda ao ar...

Estou já a ver a coisa. Nos primeiros seis meses organizados, por exemplo, pelo Tio Jerónimo, abafavam-se uns mânfios da direita no Campo Pequeno, fechava-se a TVI e a SIC , deitava-se fogo à Editora do Público, nacionalizava-se a Banca e o Tio Belmiro.

Nos seis meses seguinte nada se fazia (era a democracia, discutiam-se as medidas anteriores).

Nos outros seis meses a seguir era a vez do Paulinho das Feiras controlar o Barco: Privatizava-se o Tio Belmiro, fechavam-se uns gajos da esquerda no Campo Pequeno , anunciava-se uma tournée nacional de conferências pelo Ex Presidente Georges W. Bush (dívidas antigas...), nacionalizava-se o Expresso para que o 1º Ministro o pudesse dirigir (anseios antigos...) e à Banca nada se fazia por que dava jeito a nacionalização.

Nos seis meses a seguir nada acontecia, excepto a discussão sobre as medidas anteriores.

A seguir era a vez do Dr Louçã exercer o músculo... Os portugueses que pudessem piravam-se para Espanha. Os outros que cá ficavam eram arregimentados para a reforma agrária e a das pescas. Todos os Jornais eram fechados. As televisões unificavam-se debaixo da sigla TVPUIS (Televisão do Portugal Único e Indivisível Sempre). O futebol era nacionalizado. Os casamentos de Santo António passavam a ter duas versões , a normal e a Gay. Os banqueiros e industriais eram fechados no Campo Pequeno.

Nos seis meses seguintes, nada...A não ser a queixa e pedido de indemnização compensatória à Provedoria de Justiça , feita pela Sociedade gestora do Campo Pequeno , com base no facto de nenhum touro querer lá entrar agora depois de ano e meio de desbunda e poluição da arena...

Acho que já perceberam como isto funcionaria...

Peninha Comenta o PIB e o RNB

Pois é, só faltou uma coisinha de que já ninguém sabe o valor. Refiro-me aos capitais (remessas dos emigrantes que saiem do país). Outrora, como dizia o "saudoso", "se bem me lembro", era uma fatia substancial que entrava e os poderes públicos contavam com ela; Agora será uma fatia, cujo valor se desconhece e que não fica cá.
Coisas da globalização e das economias ..... não é?
Peninha

Comentário ao comentário: é bem verdade Amigo Peninha... virámos pátria de acolhimento dos imigrados. E se nos queixamos nós, como estarão os locais de onde eles saem?!

terça-feira, novembro 18, 2008

A brincar com coisas sérias

O PIB (Produto interno bruto, a riqueza que criamos aqui em Portugal) até subiu, mas o RNB (o rendimento nacional bruto, isto é a parte do PIB que fica dentro das nossas fronteiras) estagnou.

Esta a conclusão do artigo de fundo de economia do Público, jornal que, por estes dias, melhor encarna a resistência ao Governo socrático.

Não é por isso que o compro, mas sim pela qualidade de alguns colaboradores, com relevo para o André Freire, Pedro Magalhães e por aí.

Ora o RNB parece ser - para alguns economistas - um melhor sintoma da qualidade de vida dos portugueses do que o PIB, já que é através do Rendimento Nacional Bruto que se medirá (em média) o que fica nas carteiras de cada um.

Em 2007 o PIB por habitante foi de 15 358€ e o RNB de 14755€. Em 1995 os mesmos indicadores foram de 8494€ e 8477€. Isto é, em 12 anos, afastaram-se estes dois indicadores um do outro cada vez mais.

É isto sintoma de "empobrecimento" dos autóctones? Em termos comparativos sim.

O que significa a riqueza ir para fora? Normalmente está associada a duas coisas:
a) ao Investimento de grandes companhias portuguesas no estrangeiro, sobretudo nas economias emergentes - como Angola e Brasil .
b) ao facto de muitas companhias a actuar em Portugal já serem, de facto, pertença de grupos estrangeiros ,como a PT por exemplo, o que leva a que os resultados sejam transferidos para os detentores desse capital. No fim de contas, e de uma forma geral, às contra-partidas do Investimento estrangeiro em Portugal

Porque é que vai para fora essa riqueza? No primeiro caso da fuga do Investimento, porque as condições de remuneração dos capitais serão melhores nesses países emergentes do que em Portugal, por isso é que também fecham fábricas estrangeiras no Vale do Sousa para se irem abrir no Cambodja...No caso das participações estrangeiras na economia portuguiesa, porque os detentores do capital têm de ser remunerados estejam onde estiverem. É essa a lei do mercado.

Como se pode alterar esta "sangria"? Pelo Investimento em Portugal. Privado, de nacionais ou de estrangeiros, mas sobretudo pelo Investimento Público.

Oh Amigo Sócrates constrói lá o Aéreo, mais a Ponte nova e o TGV a ver se isto muda!

Mas rapidinho, antes que os berberes avancem por aí acima...

Nota: Na fotografia uma antevisão da Feira da Golegã daqui a uns anos...

segunda-feira, novembro 17, 2008

Jantar de Família

Não era bem família, família, mas era como se fosse. Aproveitando o amável convite da proprietária do Beira Mar para as tradicionais Galinholas ("qué raras son...") e tendo por pano de fundo a publicação do 1º livro do meu "senhorio", fez-se um desafio a alguns Amigos para se deslocarem no Sábado passado a Cascais para um jantar festivo que antecipou um pouco as festas de fim de ano.

Com licença da Dª Lurdes levei os vinhos:


- Branco - Casa de Santa Vitória 2006 (1º prémio do Concurso de Vinhos do Alentejo) poderoso, cheio de textura, sabor a pêssegos maduros, notável!

- Tinto - Quinta de Roriz Douro Reserva de 2004 - Era uma incógnita este tinto, do qual apenas sabia ter vencido a prova cega realizada na garrafeira do CCB entre os Pintas, Poeiras, Vale Meão e outros que tais do mesmo ano.... E a qualidade viu-se mesmo e provou-se. Austero ainda na boca , secando um pouco o palato. Não guloso como tantos dos seus irmãos feitos para agradar de imediato, mas de grande dignidade estrutural. Frutos pretos, poucos, e um pouco de pimenta. Auguro-lhe um grande - enorme futuro...

Para acompanhar estes "molhados" de grande categoria a resposta em "secos" teria de estar de igual para igual:

- Percebes da nossa Costa, incomparáveis de frescura , cozidos no momento.
- Caldeirada de lavagante nacional. Uma pequena puxada em azeite (extra virgem do melhor!) de lavagante fresco partido aos pedaços, com cebolinhas e um toque de pimentos.
- Galinholas estufadas à moda do Beira Mar, com castanhas, chalotas pequenas, batatas assadas e arroz dos seus miúdos.
- Torradas com manteiga composta de Galinhola (o famoso patê feito com os intestinos) e no final as cabeças das "bichas" para chupar a mioleira (só para os entendidos).

Para terminar este Jantar de Sábado um gole de Lagavullin e um puro cubano Epicure nº2.

Aqui vai, para quem se interessar, a indicação do livro do meu senhorio:

"Para uma Melhoria da Representação Política"
André Freire
Manuel Meirinho
Diogo Moreira

É da Sextante Editora e - na minha opinião - constitui uma boa leitura para noites de insónia... (ainda sou despejado lá de casa.)
Espero que ele não publique muito mais, porque se eu tiver de dar um jantar destes sempre que há livro , mais vale começar a aprender a lavar pratos ou candidatar-me a Administrador do BPN... (pôe-te na Fila!)

sexta-feira, novembro 14, 2008

Para Descansar a Vista


Nesta Sexta Feira de sol - e com a água já a escassear no Alentejo - um olhar sobre aquilo que deveria ser o Inverno num poema de amor perdido de Jorge de Sena, olhando das Américas este Portugal que o desdenhou em vivo para o recuperar depois de morto:

Glosa à Chegada do Inverno

Ao frio suave, obscuro e sossegado,
e com que a noite, agora, se anuncia
depois de posto, ao longe, um sol dourado
que a uma rosada fímbria arrasta e esfia...

Da solidão dos homens apartado,
e entregue a tal silêncio, que devia
mais entender as sombras a meu lado
que a terra nua onde se atrasa o dia...

Recordo o amor distante que em mim vive,
sem tempo ou espaço, e apenas amarrado
à liberdade imensa que não tive,

e que não há. Como o recordo agora
que a luz do dia já se não demora,
se apenas de si próprio é recordado?


Jorge de Sena

quinta-feira, novembro 13, 2008

A Recessão Técnica e a Escassez do Petróleo


Veio nos Jornais , no início da semana passada , a notícia :

PIB português deverá diminuir 0,3 por cento no terceiro trimestre deste ano, face ao três meses anteriores, e registar uma nova contracção, de 0,1 por cento, no quarto trimestre de 2008.

A Comissão Europeia prevê que, no final do terceiro trimestre de 2008, o conjunto da Zona Euro com seis países europeus, Alemanha, Irlanda, França, Itália, Estónia e Letónia, tenham entrado em recessão técnica.

No final do quatro trimestre, para além de Portugal, juntam-se a esta lista Espanha, Lituânia, Hungria e Suécia e o conjunto dos 27.

Hoje é notícia e glosa do editorial de José Manuel Fernandes - no Público - que o preço do Petróleo irá de novo subir face às contingências do processo de extracção do mesmo. Segundo parece, sem mais e maior investimento na tecnologia de extracção os poços actuais já deram o que tinham a dar em termos de rentabilidade. E os novos poços (Brasil e a Petrogal) necessitam ainda mais de investimentos até serem rentáveis eles também.

A recessão técnica - quebra sucessiva em dois trimestres adjacentes do valor do PIB - pode vir a ser recuperável desde que o País em causa sacuda a economia com medidas de conjuntura, mas para o fazer rapidamente é muito importante que tenha parceiros comerciais fortes e dispostos a absorver produto.

Ora neste caso da Europa o grande problema resulta do facto das "grandes economias" com destaque para a Alemã, estarem também elas já neste comboio dos malditos... Com quem se vão - então - fazer as trocas comerciais inversoras da recessão?

Quanto à quebra na produção de petróleo - e admitindo que esta é estrutural e tem já a ver com a escassez do bem - estamos no reino do desconhecido, ou como se costuma dizer em economês, entramos na "twilight zone".

Pela primeira vez deparamos com um limite não ultrapassável ao desenvolvimento humano: a falta da energia mais utilizada no mundo e para a qual ainda não existem substitutos credíveis em quantidade e rentabilidade dos respectivos factores de produção - por muito que nos doa a todos nós, já educados no respeito pelas alternativas energéticas limpas.

E a forma de ultrapassar esta questão fundamental não está resolvida.

Infelizmente - e sendo a natureza humana aquilo que é - em vez de esforços titânicos das maiores economias mundiais para atenuarem o gasto energético e procurarem rentabilizar tecologicamente alternativas, antevejo grandes conflitos e guerras pelos campos petrolíferos num futuro não muito distante...

Nunca mais - e nisso estou de acordo com o editorialista do Público - a sociedade das nações será aquilo que já foi em termos de abundância de recursos e de dolce far niente dos priveligiados que tiveram a sorte de ( e a insensatez) de gastar da Terra o que esta tinha, fosse muito ou pouco.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Em substituição da Golegã


Costumo todos os anos tirar um ou dois dias de férias por alturas do S. Martinho, para ir à Golegã.

Mas este ano um conjunto de circusntâncias alteraram-me os planos.

Em primeiro lugar a arreliadora gripe que não me larga, e que não aconselharia uma ou duas noites "ao léu" lá pelo Ribatejo.

Depois , o facto de no ano passado ter ficado algo decepcionado com a logística da Festa... Carro muito longe do centro, quase 45 minutos para "furar" entre os milhares de pessoas para chegar à manga, etc...

Finalmente , as vicissitudes da combinação de um almoço com os "maiores" da crónica gastronómica e de enologia em Portugal, sendo muito difícil encontrar tempo útil para reunir estes Amigos no mesmo dia e à mesma hora. E o dia que calhou foi exactamente ontem, 11 de Novembro.

Substituiu-se assim a ida histórica à Golegâ por este almoço de provas de vinhos e de troca de informações com quem sabe (Zé Quitério, David Lopes Ramos e João Paulo Martins).

Em prova estavam:
- Dois Champagnes (Bollinger Milesimé 1997 e Ruinard Grande date 1998) e uma cava (Juve Y Camps Gran Reserva 2004) - vieram todas de minha casa.
- Uma Magnum Barca Velha de 1995 (a última que me sobrou)
- Uma Magnum "mistério" trazida pelo JPM
- Duas Pintas 2005 (também da minha adega)

Escolhido o clássico "Solar dos Presuntos" pela afabilidade da carta e serviço, pelo facto de ser central a todos os convivas e, ainda, por ter espaço reservado (sala exclusiva) para este tipo de confraternização onde se podem fumar uns Havanos.
Comeu-se:
- Santolas ao natural e gambas frescas do Algarve (soberbas)
- Cracas dos Açores (quem se lembra de as comer em Lisboa!!??). Vejam a foto mais em cima para quem não sabe do que estou a falar.
- Pargo assado no forno (para alguns)
- Arroz de cabidela para outros.
- Queijo da Serra para acompanhar o resto dos vinhos
- Lagavullin e havanos "Epicure" nº 2.

Os vinhos estavam todos muito bem, com excepção do Champagne Bollinger (Hélas!!) que estava já demasiado oxidado para beber. Fez jus à antiga lei dos espumosos: "ao fim de 4 anos só se guardam à responsabilidade do dono".

O Senhor Barca Velha apresentou-se excelente, com os seus 13 anos de vida. Obviamente que não falamos de vinhos à Parker, cheios de vida, espremidos no máximo e alcoólicos que baste, mas numa referência toda ela feita de elegância.

O Vinho Mistério não era mais do que uma Magnum de Vale do Ancho de 2006. Gordo, cheio de frutos pretos e chocolate. Adivinha-se um grande alentejano! E eu dei com a região na prova cega!....

Jornada de amizade e confraternização que ocupou bem um destes dias de férias!

segunda-feira, novembro 10, 2008

Mais Comentários ao Selo Personalizado

Parabéns pela reflexão mon ami. Leitura perfeita! A fórmula de franquia "Selo Personalizado" embora não possua o SELO de qualidade emitido pela UPU, vingará e o modelo/versão actual sofrerá muitas mutações. Há que ser realista: este segmento de mercado é rentável, muito rentável; o processo já não terá marcha-atrás. Claro que os "timoneiros" que ocupam importantes cargos nos organismos nacionais e internacionais apoiarão esta política dos Correios: à maioria, só interessa organizar grandes exposições e promover as suas colecções clássicas e temáticas – uns verdadeiros amantes da medalhística.

Coleccionarão eles estes produtos? Sem as verbas dos Correios – leia-se filatelistas e, agora, também, doutro tipo de clientela – a coisa seria bem complicada…Uns pensa(va)m que a divulgação e promoção da filatelia passaria pelos Clubes, exposições e política filatélica. Outros há, que julgam que o futuro passará pela ordem inversa. O futuro dar-nos-á a resposta.

Cumprimentos,
Fernando Bernardo

Caro Correio-Mor:


Julgo que a sua opinião é sempre de ter em conta, e sobretudo Esta, considero-a bastante equilibrada e concordante em muitos aspectos com a minha, muito embora defendamos interesses tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes. Sem nenhum "tique", poderia subscrever o que opina.

PS- Esta última parte vai-me trazer... alguns "amargos".
Paciência.
Saudações,
Peninha

Comentário aos Comentários:
Uma única coisa ficou por dizer. A velocidade de transição do actual coleccionismo filatélico para o coleccionismo do Sec XXI (leia-se, com a "personalização") não será a mesma em todos os Países europeus , nem terá o mesmo sucesso em todos os lados. Esta é a variável ainda não quantificada que poderá "baralhar" as nossas opiniões e dar ainda espaço - por muitos anos - ao coleccionismo como o conhecemos.

E não nos esqueçamos das consequências da Crise económica! Numa actividade como esta, que não faz falta para alimentar o corpo nem para curar as doenças ou pôr um telhado por cima das cabeças, é mais provável que a crise afecte a compra "por impulso" - já de si considerada como "de luxo" - do que afecte as compras daqueles Filatelistas que , com fidelidade e há muitos anos vêm alimentando o espírito com os selos que adquirem...

Mas o Futuro o dirá melhor do que qualquer de nós...

sábado, novembro 08, 2008

A minha opinião - Selo personalizado

Embora a minha opinião de pouco valha, o certo é que , perante as novidades que vi e ouvi em Berna e com a maioria dos Países desenvolvidos da Europa a investirem nesta alternativa ao selo postal tradicional, achei bem fazer uma reflexão mais funda sobre esta temática tendo em atenção aquilo que eu penso poder vir a ser o futuro:

a) Em primeiro lugar convém dizer que o "selo personalizado" ainda é um fenómeno típico dos países desenvolvidos ocidentais. E muito "europeu" (enfim, também dos USA). Japão e China, por exemplo, não têm e não apoiam este tipo de alternativas por enquanto. Em África não existe. Na América Latina começa agora a levantar curiosidade...

b) Em segundo lugar é evidente que é atraente do ponto de vista do MKT postal. Trata-se de um desenvolvimento de um produto antigo - a Filatelia - que estava contido numa série de regras e constrangimentos face à dimensão dos Planos anuais e face aos Temas escolhidos para os selos.

Neste momento e partindo do princípio que só colecciona este tipo de selo quem o desejar efectivamente, a única restrição para o desenvolvimento desta actividade será (serão) as do próprio mercado: os Operadores Designados terão a tendência de apresentar este selo como se se tratatsse de um produto como os outros, com campanhas de publicidade e de promoção que se justifiquem face ao potencial de vendas.

c) Em terceiro lugar ainda não está explicado qual o efeito de substituição\canibalização que este tipo de nova "oferta" terá face ao selo tradicional. Os Filatelistas vão migrar de um para o outro? Continuarão a comprar os dois? Não sabemos.

Parece - pelo menos assim o dizem os colegas mais avançados nestes aspectos - que o selo personalizado explora segmentos de mercado até aqui não vocacionados para o coleccionismo filatélico, mas todos sabemos - e aqui em Portugal também - que nos últimos tempos são exactamente esses segmentos de mercado de "não coleccionadores" que mais compram filatelia nas estações, por impulso...

d) Por fim, o êxito comercial que pode vir a ter - traduzido em subidas do volume de vendas do negócio Filatelia em todos os Operadores Designados - terá como consequências que os "poderes que mandam" não se possam alhear desta alternativa... E quanto mais dinheiro a Filatelia dos Operadores Postais angariar como negócio mais também (pelo menos em teoria) poderá investir na actividade... Daí que organismos como a FIP e a IFSDA , por exemplo, não deixam de apoiar estas iniciativas esperando colher , ao final do dia, a sua quota-parte de benefícios.

Gente tão insuspeita como o Sr. Paul Sussman ,Presidente da Associação Comércio Filatélico de França e Co-Presidente da IFSDA disse , à minha frente, em Berna: "Avancem , vendam e façam dinheiro, mas não se esqueçam de o reinvestir nas Exposições e no apoio global à Filatelia no Mundo."

E por agora fico por aqui, ressalvando mais uma vez que referi atrás apenas a minha opinião pessoal e os sentimentos com que fiquei depois da reunião em causa.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Comentário Selo personalizado

O Sr Silvério comenta:

Bom dia
Muito interessante o tema .Já agora não foi discutido no forum a forma como o selo personalizado é concretizado em cada país. Integral, chamo-lhe eu, como o nosso ( Espanha, Austria, Finlândia,...) ou sob a forma de vinheta com os Australianos um pouco à semelhança dos nossos Corporativos? É que pelas regras da FIP a vinheta é irrelevante.

CSilvério

De facto esse aspecto pareceu irrelevante também no âmbito da discussão, já que muitos países têm ambos os aspectos (com vinheta ao lado ou personalização dentro da moldura) ao gosto do Cliente! Enquanto que outros decidem apenas por uma ou por outra forma.

Em França começaram com vinheta e evoluiram para uma forma integral, por exemplo. Em Portugal, Finlândia e Áustria só existe a forma integral , e por aí fora.

Forum sobre o Selo Personalizado

Agradecendo a todos os que desejaram as minhas melhoras (Amigo Peninha , obrigado!) aqui venho então dar testemunho do que se passou em Berna.

Vou distinguir neste texto o Resumo das apresentações (que foram 7!!) e farei depois noutro Post o meu comentário.

De uma forma geral o selo personalizado é comercializado pela maioria dos Operadores Postais Designados (esta a nova forma de dizer "correios tradicionais" na UPU) dos Países desenvolvidos. Contaram-se mais de 30 respostas afirmativas ao inquérito que a UPU realizou sobre o tema.

O nível de desenvolvimento deste produto varia muito em cada país, desde aqueles que apenas utilizam o selo personalizado para o segmento individual da população - celebrando amores, nascimentos, animais de estimação, etc... - até àqueles países que distinguem já dentro do selo personalizado vertentes diferentes como a do personalizado individual (aquele que primeiro se referiu) a do personalizado temático (que não é mais do que uma extensão do Plano anual de Emissões desse País) e do personalizado empresarial ( glosado em distintas opções como a do personalizado vocacionado para Recolha de Fundos para ONG's, vocacionado para acções de Publicidade, de Promoção e Relações Públicas de Empresas privadas, etc...).

A maioria dos Operadores Postais Designados apenas comercializa, por enquanto, o selo personalizado individual.

Outros, como a Espanha, a Croácia, Portugal, etc.. já têm as suas variantes de personalizado temático ou empresarial, para além dos individuais.

Na TNT (operador privado designado nos Países Baixos) e nos Correios austríacos está este Produto muito mais desenvolvido, tanto em variantes como na qualidade da respectiva apresentação.

Do ponto de vista da técnica de produção normalmente os operadores Postais designados começam pela impressão a laser e depois migram - consoante o êxito obtido - para a produção em off-set ou até em roto-gravura, o que permite uma qualidade gráfica indistinguível da dos selos do programa filatélico "oficial".

Qualquer Operador Designado enquadra legalmente este tipo de franquia. Existem em todos os países leis próprias que codificam o código de ética , a capacidade do produto para franquear objectos postais, a forma de apresentação , os Grafismos obrigatórios, etc...

Quanto ao sucesso de vendas deste produto: Desde a TNT que clama vender mais de 2 milhões de Euros com os seus programas de personalizado temático, passando pela Finlândia, país pioneiro que vende por ano 40 milhões de personalizados individuais, até ao Royal Mail que admitiu algum desconforto com o relativo insucesso do lançamento dos seus personalizados (a que chamam "smilers" no Reino Unido)...

Oferta Pública do Selo personalizado: os selos personalizados individuais são exclusivos do cliente que os comprou, assim como os selos personalizados empresariais. Apenas depois de circulados entram no dominío publico. Os selos personalizados temáticos são propostos aos Clientes e ao Público em geral como se fossem selos dos planos anuais "oficiais".

De notar que aquilo que chamamos em Portugal "corporate " é uma derivação de um selo do plano já existente, e não tem nada a ver com o que se designa internacionalmente por "personalizado empresarial". Este último não está ligado ao plano anual de emissões e é exclusivo do Cliente que o encomendou.

Reacção dos Filatelistas e das suas Associações (clubes, etc..): de boa a muito boa - de novo a experiência de Operadores Designados como a Espanha, Finlândia, Áustria e TNT na Holanda, países onde as associações Filatélicas são clientes do produto, emitindo um selo por ano com o seu emblema, até (de novo) ao Reino Unido onde a recepção dos filatelistas não foi boa...

Ideias a reter da reunião: o Selo Personalizado veio para ficar. Será uma alternativa para vender mais produto e temas mais apelativos para o público face aos Planos anuais filatélicos demasiado protegidos pela regulamentação e - de per si - também já muito cheios de selos e de emissões.

Será coleccionável (ou não) dependendo da vontade dos Filatelistas.

Aparecerá inevitavelmente em colecções a competir em circuitos FIP. Os jurados FIP têm já instruções - pelo que me foi dito particularmente - para os considerar e avaliar "como qualquer outro tipo de selo"...

E mais,o selo personalizado temático é normalmente apresentado aos detentores de Planos filatélicos (contas-correntes) junto dos Operadores Designados, como complemento do Plano Anual de Filatelia. E desses "coleccionadores com plano" há quem os compre e há quem não lhes ligue nenhuma... mas não nos disseram qual a taxa (ou taxas) de adesão em cada País onde isto já acontece-

quinta-feira, novembro 06, 2008

Obama for ever!


Apenas um apontamento - nos intervalos da ressaca de gripe que trouxe de Berna - para louvar a escolha dos norte-americanos e esperar, penso que como todos os habitantes deste planeta com boa vontade, que prevaleçam nesta nova administração os valores de Humanismo, Liberdade e Responsabilidade (sobretudo ecológica) que me pareceram algo distantes dos propósitos da política de Georg Bush.

Foi, em minha opinião, um presente de Natal adiantado que todos recebemos...

Só espero que as infinitas esperanças depositadas neste ícone anteontem eleito não sejam demasiado pesadas para a sua verdadeira humanidade... Barak Obama é apenas um homem, e como tal sujeito a errar...

Para já há que celebrar a Vitória e as suas consequências enormes de todos os pontos de vista...


E talvez lembrar que eu próprio, há um ano atrás, tinha já antecipado neste Blog este acontecimento...