Estamos em frente à fachada principal do MNE, às Necessidades. Damos-lhe a nossa direita e seguimos em frente, descendo pela Calçada do Livramento, à esquerda e tomando o cuidado de olhar para o Parque privativo do Restaurante "Casa de Goa".
Arrumado o carro há que subir e descer umas escadas (bem indicadas) as quais nos fazem passar ao longo de uma série de Ateliers virados ao Tejo até chegarmos, cá bem ao fundo, ao Restaurante em causa.
Este é um "clone" do já mais conhecido "Cantinho da Paz" em frente à Assembleia da República e que tinha fama de bem servir comida goesa há já muitos anos.
A gerência é a mesma, personalizada pelo excelente Senhor Sebastião, uma figura interessante que há mais de 35 anos apresenta aqui em Portugal a gastronomia típica de Goa.
E começamos exactamente por aí. Será que existe Gastronomia Goesa distinta da das outras regiões da Índia ?
Os entendidos dizem que sim. A passagem dos Portugueses pelo Oriente levou à adaptação de alguns pratos típicos da zona, afastando-os do standard do Sul da Índia, É claro que a culinária do Norte (Tandoori, etc...) é considerada pelos indianos mais Paquistanesa do que Indiana propriamente dita.
O que é que se come na "Casa de Goa"?
Excelentes Caris, à moda de Goa com leite de coco e muito subtis; ou à moda de Madras, mais fortes e picantes.
Amoutik de Cação, Balchão de Vitela, Sarapatel, Xacuti de Galinha ou de Vitela são também opções muito bem feitas.
Por encomenda o Senhor Sebastião faz um Cherne Inteiro Recheado com vegetais e ervas da Ìndia, onde os sabores do tamarindo ácido se misturam com os do zirémiré e os do picante natural. Esta é uma experiência que não deixarei de provar notra visita.
Nas Sobremesas avulta a BebinKa de Goa, aqui feita com uma base de chá, o que lhe dá um sabor muito particular.
Os Vinhos para uma Refeição deste tipo são muito difíceis de recomendar: criados na Europa não foram feitos para harmonizar tantos e tão diversos sabores.
Na minha opinião, e deixando a escolha do Chá como uma opção válida (tal como para a comida chinesa) não deixo de considerar que esta é talvez uma das únicas vezes em que um Branco de Moscatel (do tipo do João Pires ou Albis da JMF) pode funcionar bem como acompanhante , contrabalançando alguma acidez e o picante típico desta gastronomia.
Também como alternativa (mas não disponível neste Restaurante) teremos os vinhos de "Colheita tardia" feitos à semelhança dos Bergerac franceses. São doces , bem sei, e nem toda a gente os aprecia, mas combinam bem com sabores muito fortes e contrastantes.
Agora os Preços:
Duas pessoas, 1 garraf de João Pires, Caril de Gambas à Goesa e Caril de Vitela à moda de Madras, Chamuças de carne e de camarão para entrada, juntamente com um "dip" de papairi.
Duas bebinkas e dois cafés.
Total: € 68,10.
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Um comentário:
Será que existe Gastronomia Goesa distinta da das outras regiões da Índia ? CLARO QUE SIM.
Brevemente iniciaremos pesquisa aprofundada.
Convém perceber que, como todos os "pratos" muito confeccionados, o resultado vai variando conforme a zona geográfica, a matéria prima disponível e o gosto do artista. Por isso, o caril goês é muito diferente de outros (veja-se os diversos caris paquistaneses e indianos, o tailandês, e os que se provam na costa oriental de África).
Mas vamos ás provas um dia destes.
Abraço.
João
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