Na Revista Pública de Domingo passado consta uma Entrevista muito interessante a um dos Gurus do Marketing Cultural, o Prof. francês François Colbert.
"Em vez de perguntarmos ao Mercado o que ele quer, e depois dar-lhe o produto exacto - o que se faz no MKT que todos conhecemos - no Marketing Cultural tentamos encontrar o Público exacto para o trabalho artístico"
Esta frase resume o pensamento de François Colbert e, ao mesmo tempo, traça em linhas gerais a estratégia do Marketeer da Cultura: o especialista de MKT comercial modificará tantas vezes quantas as necessárias o "seu" produto de forma a agradar cada vez mais aos Clientes. Ao invés, o outro especialista em MKT Cultural considera que o trabalho artístico permanece intocável e íntegro, cabendo-lhe procurar as pessoas que o apreciem "as it is".
Diferença de perspectiva que traz consigo também diferenças na manipulação das várias "ferramentas" típicas dos "Mercator" e outros textos especializados...
O Research, em MKT Cultural, não se baseia na procura do Produto para um determinado Target, mas sim na procura de um Target para um Produto existente e imutável.
Hoje em dia esta atitude decorre mais da Necessidade do que apenas de uma tendência de Moda.
De facto, a competição para atrair tempo e dinheiro dos diversos públicos ligados à procura de ofertas do tipo Cultural é cada vez maior. "O sucesso não é automático e por vezes grandes trabalhos podem ficar completamente incógnitos se ninguém os der a conhecer".
Por outro lado, o Professor Colbert deixa também uma afirmação preocupante: "O ideal da democratização da Cultura nunca aconteceu, nem em Países como a França e a Alemanha".
A audiência para a arte de elite (teatro, dança, música clássica, ópera e Museus\galerias de Arte)
mudou muito pouco na Europa nos últimos 40 anos.
Se a isto somarmos a constatação de que quanto mais a "Arte" viver à custa de subsídios estatais menos importância se dá à necessidade de MKT Cultural, conseguimos compreender que é em Países como os USA - onde os dinheiros públicos contribuem com menos de 10% para o orçamento da entidade artística - que vender bilhetes ou atrair clientelas se torna mais vital. Daí que seja também ali que existem os maiores especialistas em MKT Cultural.
Nos CTT a Filatelia tenta fazer um pouco de MKT Cultural mas com as restrições de "massa" inerentes ao facto de não querermos vender uma Plateia de apenas 300 lugares por emissão, ou um Bilhete de época para a Ópera, mas sim 200 000 séries de selos 20 vezes por ano...
De facto, um Selo é o maior múltiplo de Arte que existe no Mundo e, por isso mesmo, as variáveis que devem constituir drivers da sua aquisição não se podem limitar ao Coleccionismo puro e duro, mas também explorar a adesão dos compradores ao nível da expressão formal do design e da estética, do interesse pelo assunto retratado e da "proximidade" que o mesmo assunto tenha junto dos potenciais compradores.
Um Plano de Emissões tem de tentar estabelecer um difícil Equilíbrio entre a obrigação da divulgação de Figuras, Datas e Acontecimentos da nossa História (mesmo que pouco atraentes) por um lado, e a criação de selos cuja temática seja de apelo mais "popular" e imediato, por outro.
Por cada selo dedicado , por exemplo, a comemorar o Filósofo e Pedagogo Agostinho da Silva - que hoje faria 100 Anos de Nascimento e que será celebrado em selo ainda este ano - não vem mal ao mundo que se emita outro selo dedicado , também por exemplo, ao campeonato da Europa de Futebol de Sub-21, que se inicia em Portugal em Maio...
Semelhanças com o MKT Cultural existem ao nível do conceito do produto mas já não são tão evidentes ao nível das propostas de venda, as quais dependem dos "Mass Markets" para concretizar o sucesso das Vendas das Emissões.
A satisfação das élites por outro lado, também não é antagónica com a venda por grosso das Emissões filatélicas.
Saber apresentar a "Monsieur tout le monde" uma proposta "popular" mas revestida de "glamour" que baste será um desafio que teremos obrigatoriamente de ganhar para fazer esgotar todas as Emissões sem especular.
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