Esta polémica que envolve a figura de Maomé e as caricaturas que terão aparecido sobre o Profeta na Imprensa Dinamarquesa tem contornos interessantes.
O humor ocidental, corrosivo (à la mode do velho Canard Enchainé) ou da nossa própria verve satírica nacional que sempre fez pouco da Política e da Religião (melhor dito, dos seus Padres) desde Fialho e até ao perseguido Vilhena do Marcelismo, não deve - penso eu - ser compreendido pelas outras culturas que agora reagem desta forma digamos que "primária" à falta de um adjectivo mais contundente.
Lembro-me da dificuldade que eu tive em fazer sorrir colegas (e eram ocidentais) com algumas anedotas do portfolio nacional. Por exemplo, os Ingleses nunca compreenderam a velha história de que "o Papel Higiénico nunca parte pelo picotado" muito simplesmente porque na terra deles parte mesmo pelo picotado...
Humor árabe ou mais genericamente Muçulmano nunca vi.
Suponho (tenho a certeza) que existe pois a capacidade de rirmos de nós próprios e dos outros faz parte integrante de uma Cultura antiga e sólida o suficiente para poder brincar consigo própria.
Ora os nosso vizinhos àrabes de Córdova eram já Poetas e Matemáticos (e tinham infra estruturas sanitárias nas suas casas) numa altura em que os antepassados germânicos do Raul (isto é verdade) ainda andavam à pedrada aos Ursos e atrás dos Auroques...
Por isso faz-me espécie esta história de ameaças de bombas e de censura jornalística...
Evidentemente que os Grandes Poetas e Filósofos do Al-Andaluz e de Bagdad (do Califa) pelo seu refinamento e sibarita forma de estar na vida decerto olhariam com algum desprezo estas actuais movimentações das massas ignaras e fundamentalistas. Eram uma élite e comportavam-se como tal.
Cultura antiga , que saiba rir de si própria e dos seus demiurgos é saudável e recomenda-se a todos os níveis!
Viva o D. Quixote de la Mancha e o seu fiel escudeiro Sancho Pança!
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