terça-feira, fevereiro 14, 2006
A casa de Pedro Miguel Gil
É difícil encontrar ao longo do país hoteleiro um profissional tão apaixonado pelas artes da mesa como Pedro Miguel Gil, grande mestre de cerimónias gastronómicas no seu restaurante Flora que fez este ano (2002) 45 anos.
A sala é pequena e recatada, funcionando como restaurante da pequena pensão homónima, em Vila Franca de Xira. Poucas mesas, luz cortada pelos cortinados que nos protegem do sol e dos olhares inquietos, silêncio quase religioso porque aqui se pratica uma das melhores cozinhas portuguesas.
Mesmo o leitor que não esteja instalado na residencial pode frequentar o restaurante.
Há nele uma nítida influência do rio Tejo, que corre umas centenas de metros abaixo desta rua Noel Perdigão.
Os linguadinhos fritos, a açorda de sável na sua época, assim como a lampreia, os carapauzinhos fritos em escabeche, os jaquinzinhos fritos estaladiços com açorda de alho, enguias fritas ou ensopado das ditas.
Há nesta paleta de gastronomia vilafranquense uma arte e grande sabedoria na sua execução, que se estende às carnes: costoletas de porco assadas no forno, lebrão com feijão e couve lombarda.
Isto e mais a caldeirada de bacalhau e o cabrito assado no forno.
A garrafeira é extensa e recentemente actualizada
tel 263 27 12 72
in "Os 150 restaurantes de José A. Salvador (2002/2003)"
Sou cliente deste restaurante há quase 10 anos.
Descobri-o lendo especialistas gastronómicos tal como o aqui referido.
Foi umas das grandes descobertas.
Infelizmente nunca pude, tal como o Raul fez, partilhar estes espaços, cheiros e sabores, com o meu pai.
De certeza que seria um almoço que nunca mais acabaria. Quantas histórias para partilhar, quanto défice de afecto que teria que ser preenchido.
É um vazio que me acompanha.
Na sua ausência resta-me beber um bom vinho e saborear a memória dos bons momentos que partilhei com ele.
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