sexta-feira, agosto 08, 2014

Para Descansar a Vista... Neste Verão

O tempo que faz e há-de fazer é negócio dos deuses.

Longe de mim misturar a foice em seara alheia. A César o que é de César.

A única coisa que cabe ao mortal marafado com a tragédia das férias à chuva, será dar graças aos céus por não ser cliente do mau banco...

E se for? Se tivesse sido? Bem, carpir as moléstias também não consta que tenha dado pontos aos tristes...

De uma maneira ou doutra tenho para mim que se sempre fomos farroupilhas não será a queda de alguns bancos que nos fará estremecer.

Essas dores de alma estarão para aqueles que sendo pobres, ainda não são os "pobres dos pobres". São os médios. Quem se lixa é o mexilhão. Não é o berbigão nem a ameijoa grada...

Porque os outros que sempre foram ricos... Nas Maldivas, Caimãs, Jerseys ou Luxemburgos hão-de encontrar almofadas e colchões.

No fim de todas as contas, l'important c'est la rose...

Venha então poema a condizer do meu mestre José Afonso:

Que amor não me engana

Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se de antiga chama
Mal vive a amargura

Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia

E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito

Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira

Em novas coutadas
Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
O nascer do dia

José Afonso


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