segunda-feira, dezembro 09, 2013

O Homem Perfeito

Não existem "homens perfeitos". A doutrina cristã assevera que Jesus Cristo é o paradigma da perfeição humana, a métrica pela qual se mediria a "perfeição" na humanidade. Poderíamos dizer o mesmo de Maomet, ou de Buda, se a nossa crença fosse diversa.

Admito até, como os italianos mais "tifosi", vir a dizer de Leonardo da Vinci que foi o mais perfeito homem ao cimo da terra depois de Jesus Cristo.

Lendo e ouvindo as parangonas de louvor a Nelson Mandela bem pareceria que a tal "perfeição humana" teria de novo encarnado na figura do grande político. Com a excepção de Vasco Pulido Valente (quem esperava outra coisa?) caíu-se numa uniformidade de opiniões mundiais, desde a China aos Estados Unidos, que na prática saúdam, louvam, endeusam Nelson Mandela.

Sem lhe retirar o enorme valor como pessoa e como político, não sei bem porquê fico sempre com algumas comichões quando a unanimidade sobre estas coisas é definitiva e absoluta...

Será do meu mau feitio? Ou então porque fui educado a desconfiar dos tais unanimismos...

Nelson Mandela seria sempre uma figura enorme da história de África e do mundo, mas obviamente que não foi a "perfeição imaculada" que depois de morto querem fazer parecer.

Para construir estradas é preciso limpar primeiro os caminhos e, se necessário, dinamitar montes e aplanar vales...  Essas são tarefas necessárias à evolução da espécie - e passar do apartheid para uma sociedade verdadeiramente democrática (embora ainda hoje não integrada) é sem dúvida um enorme evolução! Mas na sua execução muitas vezes há que atalhar a moral e os princípios éticos.

Tudo se desculpa por causa da tal célebre questão dos "fins e dos meios"...Certo, mas a história é sempre escrita por quem vence.

Dito isto, é mister curvar-nos um momento, em  respeito,  pela figura de Mandela. Mas por tudo aquilo que ele foi, e não apenas pela imagem de "Serafim do Qunu" com que o pretendem agora transvestir...


Um comentário:

Américo Oliveira disse...

Alguém sensato disse um dia que aos 18 anos descobrimos que há o Bem e o Mal, aos 30 que nem todos os Bons estão do nosso lado e nem todos os Maus estão do outro lado, mas é preciso esperar pelos 50 para descobrir que nem tudo o que os Bons fazem é bom e nem tudo o que os Maus fazem é mau...