domingo, abril 04, 2010

Os Bandoleiros das Beiras nos idos de Oitocentos

A Beira (Alta e Baixa) sempre foi um território onde a confusão “central” lá de Lisboa, com o enfraquecimento do poder Real e depois, do Republicano, deu origem ao nascimento de baronias do cacete quase tão convincentes nas suas formas de influenciar as populações como o terão sido, noutros tempos, os grandes Senhores Feudais, de Pendão e Caldeira, administradores da justiça e cobradores de impostos, que apenas a El-Rei deviam preito de menagem. E de quando em quando…

Os nossos mais conhecidos Bandoleiros, produtos quase todos das guerras liberais-absolutistas foram: João Brandão, nas Beiras (à frente retratado), o Remexido, nos Algarves, o Zé do Telhado no Marão, Custódio, o Boca Negra, também nas duas Beiras, o Marçal de Foz Côa ou ainda o António da Costa Macário, por alcunha “o Caca”, sempre nas Beiras.

Estes caciques de Oitocentos, autênticos bandidos como existiam no Farwest Americano ou como eram os canganceiros do Nordeste brasileiro, deixaram uma estranha auréola , meio de Bandidos meio de Santos, que ainda hoje perdura nalgumas terras portuguesas.

O fenómeno não é só lusitano. Virgulino Ferreira da Silva , o Lampião (salvo seja!) , o Rei do Cangaço, quando foi morto pelo exército brasileiro, em 1938, terá deixado tantos crentes pesarosos com o acontecimento como familias das vítimas felizes por o verem morto…

Todos eles tiveram grandes protecções dos governos (consoante a cor deste) e altas autoridades, servindo o poder volátil como angariadores de votos e “mixordeiros” de eleições locais, a troco de vista grossa a todas as tropelias que faziam, e que foram mesmo muitas, desde roubos e assassinatos até a raptos com extorsão. Os crimes eram de extrema violência, sobretudo se disfarçados de “luta política”.

Por exemplo, o Caca, miguelista convicto que odiava os Padres liberais, entrou com a quadrilha pela igreja de Matança, Fornos de Algodres, tirou o Abade (Liberal) cá para fora do altar onde dizia a missa, e obrigou-o a andar de joelhos para cima e para baixo, no adro da igreja, cortando-lhe à vez as orelhas, o nariz e todos os dedos. Até que o mataram abrindo-lhe o peito e retirando o coração ainda a bater… Tudo isto se passou em 1843, algum tempo antes do próprio Caca ser morto a tiro pelos seus inimigos liberais, numa emboscada à casa onde se escondia que durou vários dias.

Imaginem o que Billy the Kid teria que aprender com esta tropa fandanga…

Neste ponto da matéria dada,  uma pergunta tem que se fazer: Porque motivo esta “gente” apareceu mais nas Beiras?

Não vou pelos historiadores e outros cientistas sociais, mas eles aqui estão, para quem lhes queira pegar: “Eleições e Caciquismo no Portugal Oitocentista”, de Pedro Tavares de Almeida. Ou ainda , de Brian Juan O’Neill , “Banditismo e Política: João Brandão no seu contexto político e social”

Para mim, que não sou perito nestas matérias, as razões deveriam ter a ver com aquilo que existe aqui em cima e em mais lado nenhum…

Ou seja: Vinho do Dão, Queijo da Serra, Aguardente de Zimbro. Mas disso tenho (graças a Deus) sido bem servido ao longo dos anos sem que – tanto quanto sei – me tenham dado esses ataques de loucura assassina…

Ah! Já me esquecia… Aqui existe também  Radão radioactivo (um descendente do Urânio que Salazar vendia indiferentemente a ingleses ou a alemães). Está ali (infelizmente) bem presente nas casas da Urgeiriça e de Canas de Senhorim ou perto de Mangualde, na Mina da Cunha Baixa (Na foto)!

Os jazigos de urânio tidos como mais importantes em Portugal, estão localizados na sua região central (Província das Beiras) dispostos na parte ocidental do Maciço Hespérico abrangendo a Cordilheira Central ( Serra da Estrela, Lousã, S. Pedro de Açor, Gardunha) e estendendo-se para a parte poente até às Serras do Buçaco, Caramulo e Montemuro.


(In Boletim da Sociedade Portuguesa de Protecção contra as Radiações)

Oh Diabo! Querem lá ver que o caciquismo\banditismo é provocado pelas radiações? Seria uma espécie de Mutação à moda da Beira… Os Bandoleiros, coitados, não seriam mais do que Hulks (salvo seja!) infectados pela radiação.

Fico em dúvida - porque a tanto não me chega a ciência geográfica - se lá para o lado da “outra” Beira, para a Covilhã , haverá Radão ou um seu sucedâneo… Isso explicaria algumas coisas, algumas mutações, cujas consequências são visíveis por todo o País…

Aqui deixo esta ideia aos investigadores sem pedir nada em troca.

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