terça-feira, janeiro 05, 2010

O Casamento entre pessoas do mesmo sexo


Este não é um assunto do gosto  "popular"...Pelo menos tendo em vista que nos locais do mundo onde o mesmo assunto foi posto à consulta "popular", por meio de Referendo, levou sempre "tampa"...

Tudo indica que se a mesma matéria fosse avaliada em Portugal por intermédio do mesmo método referendário também seria chumbada. E, se calhar, por larga maioria.

Nestas condições porque é que a "Esquerda" insiste em fazer aprovar uma Lei que - pelo menos à primeira vista - parece ir contra a forma de sentir da maioria (se calhar até da esmagadora maioria) dos portugueses?

Não é a legalidade do processo que está em causa - sabemos que mesmo que exista uma petição de mais de 75000 assinaturas para que um assunto seja analisado na AR, esta continua a ser soberana para legislar sobre o mesmo assunto como entender - mas sim tentar perceber as "minudências" de uma questão que levanta problemas ao centro e à direita sem dúvida, mas que também não será assim tão "popular" como parece aos olhos da esquerda mais "republicana" digamos assim, para não lhes chamarmos a  " velha  esquerda", como já li em qualquer lado.

O maior problema, como muito bem disse André Freire, é que a Democracia não pode impor regras autoritárias das maiorias sobre as minorias.  Se assim fosse, víamo-nos aflitos para defender os direitos da população imigrante (por exemplo, numa altura em que muito boa gente lhes quer retirar direitos fundamentais) ou ainda sobre os direitos dos doentes infectados com HIV a trabalhar e a conviver, ou, para terminar, àcerca dos direitos dos toxicodependentes nesta sociedade onde vivemos. Para já não falar dos direitos dos "meliantes" que quebram as nossas leis e por isso são presos.

Estou seguro que, se fosse a referendo hoje uma Lei que desse ordem de isolamento  a todos os indivíduos "contaminados" com  droga ou em posse desta e que tornasse obrigatória a "limpeza" de sangue para trabalhar e para frequentar determinados locais públicos, muito provavelmente seria aprovada... E que dizer da expulsão dos imigrantes que temos, numa situação actual de desemprego como é a que atravessamos? Há dúvidas sobre os resultados?

Mas, a seguirmos por esse caminho, estaríamos a dar da Democracia Parlamentar uma ideia bem sombria... Mais parecida com o advento de Hitler na Alemanha do Pós-Guerra 14-18, onde o bom, culto e civilizado povo alemão foi, de referendo em referendo, dando poder à víbora que o havia de envenenar.

Reservávamos as Berlengas para os "sidosos", as Selvagens para os toxicodependentes "relapsos" e, quanto aos Imigrantes, das duas uma: ou vinham de bolso cheio para cá investir, ou já não saíam da Portela... Bandido que reicindisse no roubo violento seria de imediato despachado para um Hospital do Estado para se proceder à respectiva recolha de órgãos...

Imaginam quantas pessoas honestas deste País concordariam com estas medidas? Não? Olhem que assustaria qualquer um...

Federico Garcia Lorca foi morto pelos falangistas com um tiro no ânus por ser "maricon"... talvez mais por causa disso do que pelas simpatias pela República.

Não querendo chegar a esse extremo - nem a pôr essas ideias extremistas na boca dos proponentes do Referendo em análise - sempre direi:

Deixem a cada um a liberdade de escolher a forma como se quer relacionar com os outros, desde que isso não afecte os direitos fundamentais dos demais.

Quanto à Moral e aos bons Costumes - potencialmente postos em causa pela exibição pública do "obsceno" casamento - tenham em atenção que qualquer TV tem uns botanicos que permitem mudar de canal... E não estejam preocupados, pois a partir do 10º casamento gay este assunto deixa de ser notícia e tudo voltará ao habitual remanso neste Jardim à beira mar plantado.

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