terça-feira, dezembro 20, 2005

A Gastronomia Inevitável da "Saison"

Estejam descansados que não vou falar só de Perú, ave que era de carne delicadíssima quando selvagem nas suas origens Ameríndias, ou mesmo quando , já domesticada e aqui em Portugal, viajava em bandos e comia da terra o que lá havia, no Alentejo e no Ribatejo.

Hoje é um McDonald´s ambulante alimentado a farinha de peixe...

Venho sim e obviamente, falar um pouco da Tradição do Natal: Consoada e Dia de Natal em terras portuguesas.

Aqui começa o problema, porque existe só um Natal, mas há várias formas de o celebrar gastronomicamente, de acordo com as regiões do País.

Desde a célebre refeição de Natal do Minho - que segundo Ramalho Ortigão, "desbancava todos os banquetes de Paris" - até às formas alternativas que os transtaganos têm de celebrar a mesma data.

Quando a Missa do Galo ainda era mais do que um episódio social compreende-se que não havia muito tempo, na véspera de Natal, para estarem as donas de casa atascadas na cozinha.

A mesa ficava posta de tarde - e assim se mantinha até aos Reis - e a comidinha da ceia tinha de ser escolhida para ser integrada no ritmo da liturgia.

Quando a Missa era à meia-noite, comia-se antes. Quando a Missa era às 21.00H comia-se depois.

Daí que o "fiel amigo" fosse "apertado" em breve fervura, assim como as batatas e as pencas (couves portuguesas) para depois da chegada da Missa ser apenas necessário um quarto de hora para começar a ceia.

No Norte o Polvo, em filetes, destrona o Bacalhau cozido como Ceia preferente.

Ainda antes de deitar fazem-se os fritos: filhoses, rabanadas, sonhos de abóbora, etc... bebe-se um Porto Vintage ou um Grogue, feito com Vinho Verde, açucar e canela.

A "deita" nunca se fazia antes das 2h ou das 3h da manhã.

Começava o Dia de Natal com mais outra Missa - desta vez às 10.00H ou às 11.00H - e vinha-se tratar do almoçinho.

Para quem se deitou tarde, almoçavasse "roupa velha " feita com as sobras do bacalhau da véspera e das couves.

Ao Jantar (ou ao almoço dos bem dormidos) : Cabrito serrano com batatinhas pequenas, no Norte e Centro; Lombo de Porco ou Caça, no Alentejo e Sul. E o tal Perú que se introduziu nos nossos hábitos alimentares a partir do Século XIX, um pouco por todo o País.

Em Trás-os -Montes era tradição fazer neste dia o Cozido Rico, onde entravam todas as espécies de carnes de vaca e de porco, frescas ou fumadas. Também - o que é curioso - em certas localidades Algarvias.

Sobremesas tradicionais eram o Leite Creme queimado no fogão com ferro em brasa e o Arroz Doce, numas terras sem ovos, para comer junto com o leite-creme, noutras com as gemas incorporadas.

Um comentário:

Anônimo disse...

almoçavasse ?