terça-feira, março 14, 2017

Na "bisga"


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Estive a ouvir calinadas um destes dias, enquanto esperava pelas 8 da manhã, altura em que abria a oficina onde ia deixar o carro da família. Para fazer tempo fui a um café frequentado pelo povo, onde me deliciei com as "bocarras" do pessoal trabalhador.

Não deixa de ser estranho como a escassos dois quilómetros da mundana Cascais existe de imediato a civilização suburbana que não só limita a a área onde se pavoneiam os chiques e betinhos como decididamente tem tendência para a engolir. Basta afastarmo-nos do mar e ir para o interior. Interior onde ainda haja fábricas! O que é cada vez mais raro neste país de serviços.

As expressões lusitanas mais antigas enriquecem-se com o calão dos trópicos, cada vez mais ouvido nesse enquadramento. "Na bisga" significa rapidamente. É hoje pouco utilizada, substituída pelas mais modernas "bolina", "esgalha", "na gáspia" ou "na mecha".

Nas filas dos Salesianos, à espera de entrar nas aulas, era costume algum aluno mais afoito lançar uma "bombarda" e partir "na bisga", antes que algum padre,  ofendido pela má-criação ,lhe desse uma "lapada".

"Cavalona" e "cavalo de pau" (mulher grande ou magra e pequena) acho que já todos ouvimos dizer.
Mas "cavalo" já significa outra coisa que se consome (heroína ou um charro).

"Inhaca" é alguém que cheira mal, "lateiro" será comilão e "manolo" é um  amigo, companheiro do coração.

Um "mijão" é um gajo com muita sorte. E "mitra" é o mesmo que "azeiteiro" no Norte do país (chuleco). E um piropo  poderá ser  algo como: "Oh jóia, vem aqui ao ourives".

E "Apanhar uma put*"? Nada que meta redes e mulheres! Significa embebedar-se bem.

Agora o que nunca tinha ainda ouvido,  e achei deliciosa,  foi a expressão:
 - "Olha lá oh estúpido! Tás a confundir o olho do c* com a feira de Borba!" .

Temos que nos ir educando. Mas a pouco e pouco, porque muita cultura causa indigestão.

5 comentários:

não disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
não disse...

Caro Correio-Mor,

Escutar o vernáculo é um dos meus passatempos de sempre, ou não fosse de Leiria, terra onde se usa e cultiva o uso do palavrão sem a inocência do Norte nem o pudor do Sul.

A expressão que nunca tinhas ouvido, e que é sensacional, atravessa o país de lado a lado, só o sítio da feira vai mudando.

Assim, um albi-castrense dirá "confundir o olho do c* com a feira de Nisa"
e um algarvio "confundir o olho do c* com a feira de Castro" (Verde, suponho)
deve haver bem mais feiras...

abraço
Luis Antunes (não sei de onde vem o "não" que antes se assinava... não entendo bulhufas..."

manuel lourenço disse...

Carissimo,

Li por acaso um seu artigo bastante antigo sobre o Barca Velha. Tive como o senhor os mesmos "desalentos" com os Barca Velha dos anos 80. Tinha-os também guardados como se fossem as hóstias no sacrário. Quando abri uma de 1982 foi uma desilusão em relação ao esperado. Perante isto pedi conselho a um expert e a resposta dele foi esta: anteriores a 1999 despache-os (teceu considerações sobre as diferentes colheitas, estou apenas a resumir); o 99 ainda está grandioso (isto em 2012, será uma pena esperar muito se lhe quer retirar todo o prazer que ele tem para dar; o 2000 e 2004 (ainda não tinha saído o 2008) estão para durar. E a rematar avisou-me: não esquecer que um barca velha quando sai para o mercado já tem oito anos de idade e a maioria das pessoas não tem em casa as condições ideais para o guardar. Segui-lhe o conselho e despachei 99 para comemorar os meus 50 anos de casado há dois anos. Foi um excelente companheiro para esse dia. Presentemente conservo as colheitas da década anterior. As minhas três garrafas de 2008 chegaram-me recentemente. Não acredito no que se vê nos filmes americanos: "traga-me um D. Perignon de 58". Cumprimentos. Manuel Lourenço

Raul Moreira disse...

Muito bem! Esses filmes mentem!!!

Raul Moreira disse...

Gostei muito!
O país é pequeno..,