quinta-feira, fevereiro 23, 2017

São Favas Contadas!


Em bom português esta frase "Favas Contadas" significa que se conta como certo o prognóstico que foi feito. Por exemplo:
- "O SLB ganhar o campeonato de futebol deste ano são favas contadas!" (pensamento positivo...)
- "A passagem do SLB aos quartos de final da Champions não são favas contadas..."  (e antes fossem...)

O termo dá o nome igualmente a alguns restaurantes. Pelo menos a dois que eu saiba. Um em Ponte de Lima e outro no Fonte Nova, em Lisboa. Nenhum é deslumbrante, mas ambos muito aceitáveis.

Mas agora o caso é mesmo falar um pouco da "fava" e dar a receita bem portuguesa das "Favas Guisadas com Entrecosto".

Sobre a "fava" dizem os entendidos:
A fava é uma leguminosa tendo, no geral, uma composição nutricional muito semelhante a outros alimentos deste grupo. Além do elevado teor em proteína de origem vegetal, a fava é rica em amido, um tipo de hidrato de carbono complexo, que proporciona ao organismo níveis de energia estáveis por um período de tempo considerável. É também rica em ferro, vitaminas do complexo B, magnésio, potássio, zinco e fósforo.

Nem vale a pena dizer que no período pré-ração era considerada uma das melhores alimentações que se podiam dar aos solípedes (burros, mulas e cavalos).

Talvez por isso, quando posso e há na ementa, gosto de ir comer estas favas ao Jockey do Campo Grande. Casa de bem comer já aqui amplamente referenciada e onde se devem continuar a alimentar alguns "solípedes"... Fora a gente boa que lá vai e onde incluo toda a presente companhia de leitores.

"Favas Guisadas" eram antigamente um prato de Primavera, e sem teimar muito, suponho que lisboeta ou de origem "saloia", aproveitando as favas tenrinhas das hortas em redor de Lisboa. Faço-o muitas vezes em casa, seguindo mais ou menos esta receita:

É preciso um tacho grande e de boa base, para que aguente o convívio com todos os ingredientes durante o processo de refogar e de cozer.
Corta-se o entrecosto, um chouriço de carne , um chouriço mouro e um bom toucinho magro , todos aos pedaços .
Fazemos uma puxadinha com bom azeite, cebola e alhos picados. Juntamos uma mão meia de sal grosso e salpicamos com pimenta preta moída.
Logo que comece a alourar, juntamos o toucinho  e o entrecosto deixando suar um pouco e mexendo de vez em quando.
Adiciona-se a seguir um meio copo de vinho branco, duas colheres de sopa de uma base de tomate e o chouriço de carne, e voltamos a deixar refogar um pouco.
Depois metemos no tacho  5 dl de água  e deixamos cozer até as carnes estarem a ficar tenras.
Quando o toucinho e o entrecosto estiverem quase cozidos, juntamos as favas, o chouriço mouro, um ramo de coentros grosseiramente cortados e mais um pouco de água.
Deixamos cozer, rectificamos de  sal e pimenta preta.
Depois das favas cozidas, retiramos as carnes e deixamos apurar.
Normalmente acompanhamos com salada de alface temperada e polvilhada com coentros picados.


Um tinto indicado para este prato tradicional deve ser novo, vigoroso e fresco ao palato. Ou então...Que seja bom e vigoroso, deixemos a idade para outras núpcias! 

O Quinta das Bágeiras Reserva de 2011 (por cerca de 12 euros quando saiu) está ainda um portento!

Um comentário:

Unknown disse...

Rui Moreira quem é? Deixa-me curiosa mais pelo que falou do Restaurante Montenegro (Mamuda) mas só conheci a D. Teresa e muito.Ajudei-a a ter a sua reforma.Abraço!