segunda-feira, outubro 03, 2011

A memória histórica e a velhice

Neste fim de semana -  e tendo por causa mais próxima uma dúvida colocada por um dos estudiosos de filatelia do fórum SP - dei por mim a magicar nestas coisas do acautelar conhecimentos para os vindouros, dado que existe cada vez menos memória "viva" (ou mesmo "morta" ) nas Instituições.

As pessoas estão em debandada de muitos serviços do Sector Empresarial do Estado, e os CTT não são excepção. Não se tem pensado muito na falta que essa gente nos faz (aqui na Casa e em todas as outras) para recompor ou recuperar o conhecimento intrínseco da sua vida de trabalho, e para garantir a passagem do testemunho em condições.

E urge que se faça essa análise, sob pena das Instituições empobrecerem de forma irremediável o respectivo património imaterial.

Os manuais de operações  são em todo o lado "refrescados"  face à obsolescência técnica, e o mais natural é que se perca o rasto dos antigos face à implementação dos novos, esquecendo que será através da manipulação e estudo dos "antigos" que se poderá mais tarde fazer a "história"... E quem os escreveu já cá não está para dizer como foi.

Mas se em relação à documentação escrita e formalmente publicada, têm os CTT sempre recorrido à FPC (melhor dito, ao Museu Postal que esta alberga) para repositório e arquivo, já no que respeita às práticas não escritas, do dia-a-dia,  o panorama é mais crítico.

As pessoas, que eram as memórias vivas desses tempos e dessas matérias , como já disse, vão infelizmente (ou não, depende do ponto de vista) retirando-se da vida activa e deixando de colaborar no esclarecimento das dúvidas de serviço.

No aspecto da Filatelia, matéria eivada de particularidades e de conhecimentos iniciáticos que apenas são cultivados dentro da respectiva Direcção, aposentaram-se recentemente 4 ou 5 responsáveis com  enorme cultura filatélica.   E esses conhecimentos, muitas vezes apenas  passados por boca a orelha, correm o risco de se perder quando os 2 ou 3 actuais responsáveis que ainda os dominam também se retirarem do serviço activo.

Quem sabe hoje o que é um carimbo "paquebot"? Quem sabe organizar uma "mala" de serviço aéreo com carimbo de voo inaugural ?  Quem poderá reescrever o Estatuto do Selo que venha a substituir o velhinho Decreto-Lei nº 360\85? Quem sabe retirar selos de circulaçao? Quem conhece e divulga o Manual de boas práticas filatélicas da UPU?  Quem sabe "contar a história" das obliterações de 1º dia?

Velhice, na prática, é eu olhar para trás e sentir que muita desta "canga" de conhecimentos, desta responsabilidade de esclarecer os outros, já repousa em cima dos meus ombros...

2 comentários:

Anônimo disse...

E já agora pergunto: quemn nos CTT sabe o que é um carimbo comemorativo e respectivo posto provisório para entrega de correspondência.
Já cheguei a deixar corres+pondência com carimbo comemorativo no respectivo posto, que depois ainda levou mais outro carimbo do dia datado de dois dias depois! (e finalmente lá seguiu para o seu destino)

Anônimo disse...

E já agora pergunto: quemn nos CTT sabe o que é um carimbo comemorativo e respectivo posto provisório para entrega de correspondência.
Já cheguei a deixar corres+pondência com carimbo comemorativo no respectivo posto, que depois ainda levou mais outro carimbo do dia datado de dois dias depois! (e finalmente lá seguiu para o seu destino)