Não sei se esta conversa teria tido como pano de fundo a realização esta semana de uma Conferência em Portugal sobre a Motivação dos Recursos Humanos, organizada pela mais importante revista nacional do sector no Hotel Tivoli Tejo, mas de uma forma ou de outra apresenta argumentos para se falar um pouco mais do que irá acontecer às "funções do estado" nestes anos em que os Funcionários Públicos foram seleccionados para bodes expiatórios da crise, e como tal apedrejados e sovados q.b.
Marcelo Rebelo de Sousa já ontem também se referiu ao de leve a estas consequências, comentando o "desaguisado" entre Belém e S. Bento e afirmando para terem cuidado com a motivação dos professores e dos trabalhadores da saúde, coisas com que não se deve brincar agora que a crise vai obrigar muita família da classe média a enveredar pela Escola Pública e pelos Hospitais do Estado.... Não lhe ficou mal. Aliás, como é o maior perito nacional e internacional em "dar uma no cravo e outra na ferradura" o tio Marcelo desta maneira - Domingo Sim, Domingo Não, Domingo Assim-Assim - consegue não perder a sua base de espectadores, tão importante para garantir os "trocos" que recebe da TVI (privada).
Assim funcionam os cartomantes de maior sucesso. A grandiosa Maia, que publica na Revista Pública do Domingo a rúbrica que é a mais lida desse suplemento - Astrologia do Tarot - sabe perfeitamente que tem de "rodar" as más notícias com as boas previsões, signo a signo... Em caso contrário perdia "clientes". Nesta semana ficam bem os pares e para a semana serão os ímpares e por aí fora, de forma a ir equilibrando a felicidade prometida com os azares da vida...
Mas voltando à Motivação. Como se motivam colaboradores que já estão a fazer as contas ao ano que vem e à forma de conseguir manter as despesas obrigatórias em troca da descida do nível de vida? Os "Patrões" têm uma resposta clara e simples: A Motivação faz-se pela negativa: "Ou trabalhas ou acaba-se o emprego".
Muito certo, mas de que forma se vai exercer a aferição? Aumentando os mecanismos de controlo - partindo do princípio que os controladores estariam também eles motivados para controlar mais? Colocando um "rendimómetro" preso à testa de cada Trabalhador? Digo isto porque, para quem quiser fazer render a tarefa no tempo, os trabalhos do Estado dão oportunidades inúmeras... E depois, estar sentado à mesa do trabalho e trabalhar, são coisas muito diferentes...
Podem-se sempre aferir os resultados lá para o fim dos períodos de desempenho, mas será uma aferição a maior parte das vezes colectiva , dos grupos de trabalho, e um pouco tardia para corrigir ...
E quando se fizer a avaliação desse desempenho, obrigatória agora em quase tudo o que é Função Pública, como se vão diferenciar os que têm uma avaliação Boa ou Muito Boa daqueles que têm Medíocre? Pela publicação dos resultados? Admitamos que é pouco... E se calhar a Lei Geral do Trabalho nem isso permite.
Claro, muitos idealistas - onde me incluo - falam ainda daquelas coisas importantes como "o amor à arte", o "sentir a camisola", o "brio e a consciência profissionais"...
Sem dúvida! Mas eu próprio reconheço que estes são conceitos que florescem melhor à sombra de tempos normais, onde podem ser notados e premiados , do que agora, altura em que qualquer sacrifício do tipo "vou trabalhar este Sábado para ver se adianto o serviço que está atrasado" correm o risco de ser invisíveis para quem manda e até mal interpretados pelos colegas...
E se há quem não concorde , pensem nisto: O que seriam os Jogos Olímpicos se não existissem Medalhas?
Por isto tudo, como se diferenciará, em termos reais, a avaliação do desempenho de 2012 e de 2013 na Função Pública (e etc) do lançar as cartas do Tarot? Em calhando, muito pouco...
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