quinta-feira, março 03, 2016

Cuidadores ou Aforradores?



Tenho estado relativamente limitado por causa da incapacidade da minha mãe. Quando não estou eu em casa cabe ao senhorio tomar conta da ocorrência.

Logo que chego tenho de fazer o almoço para o dia seguinte e tratar das outras situações que a nossa empregada deixe por resolver. E que são poucas, ainda bem.

A reflexão sobre a idade e a incapacidade é dolorosa. Quem não tem familiares em lares percebe do que falo. E quem tem acho que também sofre com esta impossibilidade do estado social em resolver todas estas situações.

Vivem-se mais anos para quê ? E como? Não deixo de pensar que não desejo acabar assim, dependente de terceiros e a ver o pecúlio que juntei a alimentar bolsos desses terceiros...

Uma morte limpa e rápida. A isso acho que todos  temos direito . Infelizmente quem pôe e dispôe nestas coisas da vida e da morte não somos ainda nós. Não fomos criados com o botão "on\off", E , se calhar, por alguma razão.

O actual forrobodó em torno da eutanásia mais achas lança para esta fogueira. Quem quer morrer? Ou quem acha que os outros devem morrer? E porquê? Com que fins? Poupar na dor ou amealhar os cobres dos pobres tristes?

Como dizia o meu Pai quando a conversa não lhe agradava:  "Religião , Política e Mulheres casadas? Isso são assuntos que não se discutem". 

Mas hoje discutem-se mesmo.

Entre cuidar do colesterol para evitar o enfarte ou beber e comer à tripa forra para garantir a "passagem indolor" não parece à primeira vista haver dúvidas... O pior é quando chegamos aos 90's , sem colesterol,  mas também sem pernas,  nem braços, nem articulações e - pior do que tudo - sem miolos...

E se pudéssemos acho que diríamos:  "Bendito colestrol: Vem Cabr*** entope-me essas veias já!".

A vida é uma passagem . Tá bem. Mas há o Expresso do Oriente e o comboio de Chelas...Com todo o respeito...

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