terça-feira, junho 28, 2005

O Mercado de Courrier, Express e Parcels (CEP)

1 . O Mercado CEP é uma “figura de MKT” criada para facilitar a abordagem conjunta de Produtos\Serviços fora do âmbito da distribuição de mensagens não urgentes que é (foi ) tão característica dos Operadores Postais tradicionais.

Em princípio esta definição – Mercado CEP - engloba o transporte físico de objectos com características comuns de “traçabilidade” – T&T, mas onde se torna cada vez mais difícil distinguir “produtos”. As fronteiras entre Expresso, Parcels e Courrier estão esbatidas. Cada vez mais o Cliente tem um conjunto de necessidades que é necessário satisfazer, independentemente da forma como essa satisfação se concretiza.

Trata-se de um Sector onde, em Portugal e na Europa, o relacionamento entre os operadores intervenientes se traduz por um regime de concorrência perfeita, existindo um altíssimo nível de competitividade.

2 . O negócio de transporte de mercadorias ou objectos organiza-se historicamente em torno de dimensões conhecidas:

a) Velocidade de entrega (urgência)
b) Âmbito local, regional, nacional, internacional
c) Existência , ou não, de Traçabilidade dos objectos
d) Dimensão (peso/volume) dos objectos
e) Existência, ou não, de serviços de valor acrescentado (seguros, garantias, etc...)
f) Número de origens/destinos (concentração/dispersão da oferta e da procura).

Uma primeira segmentação deste negócio global tem a ver com Volume (da carga) e Dimensão de cada objecto. Os transitários ocupam-se sobretudo do que se convencionou chamar “Mercadorias Industriais”, constituídas por serviços programados, com menor carácter de urgência, peso variável mas em regra elevado, utilizando veículos pesados de transporte de mercadorias (ou navios), passíveis de contentorização ou paletização, lidando com Clientes industriais de cuja cadeia logística fazem parte.

Neste segmento de mercado não actuam os CTT nem a cttExpresso actualmente, nem se prevê que o mesmo faça parte da sua estratégia de desenvolvimento a médio prazo.

O Mercado CEP (courrier, express, parcels), onde queremos situar-nos, caracteriza-se genericamente por tratar objectos com carácter de maior urgência (prazos de entrega inferiores a 2/3 dias), com pesos relativamente baixos (menor que 30Kg), utilizando normalmente os meios de transporte e os encaminhamentos mais rápidos, e, em regra, com maior dispersão de destinos do que no caso anterior.

Dentro deste segmento CEP distingue-se o negócio das Encomendas, com preços mais baixos e menor velocidade de entrega (2/3 dias), dos negócios Courrier e Expresso, ambos vocacionados para entregas em 24 Horas ou menos. Courrier ou Estafetagem, são conceitos de transporte urbano de documentos, ultra rápido (mesmo dia), que consiste na entrega ponto a ponto de objectos numa mesma cidade. Expresso é uma designação que inclui o transporte nacional internacional de objectos, com carácter de urgência, com track&trace e outras garantias associadas, sendo hoje em dia difícil de o caracterizar também com base em pesos ou dimensões dado que a respectiva abrangência é cada vez maior.

A segmentação de todos estes produtos foi feita – na cttExpresso - tendo por base o padrão de entrega:

Desta forma, todos os produtos com entrega no próprio dia (onde se inclui a antiga gama PExpresso) constituiriam uma Gama EMS “Today” mesmo que as entregas se desenrolassem fora dos circuitos urbanos. Os seus preços de venda seriam os mais altos.

Por outro lado, os produtos com entrega no dia seguinte seriam todos EMS seguidos do respectivo padrão (9, 12, 18, etc...).

Por fim, utilizou-se uma nova denominação – QUICK - para definir um novo Produto que seria resultado da transferência de cerca de 54% das Encomendas contratuais não Mailer dos CTT e de cerca de 56% das Encomendas Ocasionais CTT, o qual teria um Padrão de entrega superior (D+2/3) e os preços mais baixos.


3. Num Documento interno de que tive conhecimento - “Novo Modelo CEP” - estabelece-se a necessidade de criar um portfolio de produtos mais simplificado do que o descrito no ponto anterior, onde o paradigma da segmentação tivesse por base a “concentração\dispersão” dos objectos e já não ( ou não unicamente) o “prazo de entrega”. Por outro lado dá a ideia (mas posso estar enganado) de que os Produtos de Courrier\Estafetagem (Today) não foram considerados no âmbito da remodelação proposta.

Parece-me que esta nova segmentação pode ser importante para ganhar algum mercado, mas recordo que a respectiva implementação, anteriormente, não foi possível dada a dificuldade em enquadrá-la com um sistema operativo baseado em “janelas de oportunidade” que lidavam com prazos de distribuição distintos (D+0, D+1, D+2\3).

A alternativa, ao tempo, consistiu em criar um Produto específico – EMS Múltiplo –com preços mais baixos para Expedidores de objectos com maior concentração de destinos.

Por outro lado, a simplificação dos produtos e do tarifário é muito boa para um mercado de “balcão” , onde a concorrência ainda não chega, mas “choca” com a necessidade de fazer preços à medida de cada Cliente (em limite) para o sector Contratual.

Em concorrência perfeita o preço tem de ser uma variável permanentemente ajustada ao mercado e não só às condições da Operação.


4. Uma última palavra para a proposta de generalização da “distribuição domiciliária” a todos os produtos (por norma) incluídos no mercado CEP.

Esta solução foi sempre menos bem recebida pela actividade de VPC, com base nas eventuais dificuldades de tesouraria de algumas famílias, que poderiam fazer aumentar o nº de objectos devolvidos: por vezes não existe dinheiro ou cheques em casa para pagar os objectos encomendados.

A alternativa de proceder , também por norma, à “marcação antecipada” da entrega, como fazem hoje a Adicional e a ChronoPost teria de ser encarada no âmbito deste projecto, como Serviço de Valor Acrescentado , mas a preços baixos.

Não esqueçamos que para este mercado da VPC a questão mais importante é o preço que nos pagam pela distribuição de cada objecto (para os actuais níveis de qualidade).

Mas todo este aspecto da Venda por Correspondência e a análise da sua incidência em Produtos CTT merece - sem dúvida nenhuma - texto específico que não deixarei de publicar ASAP...

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