Alguém ainda se lembra de quando usávamos a expressão do título?
Com ou sem utilizações mais clubísticas ("resultado garantido", "a vitória já ca canta", etc...) a velha frase - provavelmente pela primeira vez cunhada durante um antiquíssimo anúncio radiofónico da tal Farinha Amparo (que oferecia brindes nas caixas) - poderia muito bem continuar a ser hoje usada como sinónimo coloquial de "É certo e sabido", "Não tem dúvida!"
Achava eu. Até que a disse ao meu filho e senhorio. Este arregalou os olhos e não entendeu.
Perdeu-se na noite dos tempos o significado "popular", "corrente" e "abrangente" da citada expressão. E como dessa provavelmente também de outras , que fizeram um "linguarejar" típico da minha (da nossa) juventude mal amanhada, mas muito "colorida" e muito vivida, sobretudo durante a noite:
"É bar aberto ou quê? - Vale tudo o que se quiser?"; " O bófia ainda lhe tirou o chino - O polícia confiscou-lhe a navalha de ponta-e-mola"; " Fulano deve agasalhar o palhaço, ou então abafa a palhinha... - Fulano tem ar de ser Pan****"; "Vai mas é receber ao Totta! - Não te empresto dinheiro"; " Este gajo é mesmo um Pé - O gajo é mau em tudo o que faz"!; "Mas que ganda Pascácio! - Um grande ingénuo" ; " Criadagem: Hoje é tudo pr'á Boca!" - Aqui neste (bar, restaurante, café) hoje não pagamos nada"; " Vais a Penantes que te F*** - Vais a pé"....
E por aí adiante.
Todavia, outras expressões idiomáticas tão antigas como aquelas são ainda perceptíveis pelos menores de 30 anos. Talvez a mais conhecida de todas seja o eterno adjetivo "Nabo".
"Nabo" como substantivo é uma bem conhecida e até apreciada planta da família das couves. Usa-se ( e bem) no cozidinho, na lebre guizada, na sopa dos ditos. Faz-se com a respetiva rama uns "grelos de nabo" espetaculares para acompanhar carne assada, peixe cozido, etc...
Mas como adjetivo todos sabemos que representa um "azelha" , uma pessoa que não acerta em nada daquilo em que mete as unhas.
Por acaso, ou não, este vocábulo tem reconhecimento universal por toda a lusofonia, mas não se infira daqui que os "tugas" têm queda para nabice!
Outras palavras ou frases idiomáticas são mais locais. Por exemplo, parece que nas Caxinas (muito bom futebolista de lá veio ) ainda hoje se utiliza a deliciosa expressão :
"Se não tens mais juízo até te adeceibo meu ganda coirão!"
Trata-se de uma frase dirigida pelo marido (namorado?) à esposa (amante?) e que não prenuncia nada de bom, já que "adeceibo" significa no linguarejar local "desfazer alguém à pancada".
A senhora em causa também não se costuma ficar. E é normal que responda:
" Ando aqui a abanar os ananases e a matar cabritos para ouvir isto Oh meu ganda seco? Azeiteiro da M****! Vai mas é cavalgar na gibóia que é do que tu gostas! Ganda caga pr'a dentro que este me saíu!"
Como se observa a nossa língua materna não se limita a Camões, António Vieira e aos Sermões de Santo António.
Também destes chistes a mesma se faz.
E por aqui me fico, antes de avacalhar ainda mais o nível do Blog e armar por aqui uma lã de cão das antigas!
Até amanhã e não se metam no Berlaite que só dá chatices.
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