quinta-feira, janeiro 03, 2013

Começar bem o dia

Estou numa altura da vida em que começo a dar valor às pequenas coisas.

Este "dar valor" tanto pode ter reflexos positivos como negativos. Dou um exemplo relacionado com a movimentação urbana :  Da mesma forma que aprecio chegar às avenidas novas e passar da Praça de Espanha até à Versailles na Av. da República sem sinais vermelhos (caso raro) também me aborrece estar sempre a parar no trajeto entre  o Saldanha e a Cidade Universitária, pela 5 de Outubro.

Começar bem o dia é chegar ao meu cauteleiro, Sr. Saavedra ( o côxo, perdão, o manco) nas terças feiras, e verificar que tive a terminação. Trata-se de outro caso raríssimo, já que o Saavedra - apesar de manco\côxo - é conhecido por vender jogo mais branco do que o lavado com lexívia da antiga ( a que não era perfumada).

Na velhinha Versailles nem sempre os pasteleiros entram à mesma hora, ou então nem sempre obedecem à mesma "folha de cálculo" para iniciar o  labor dos fornos. Desta forma o folhado de carne  que mando vir  por vezes é uma delícia que se derrete na minha boca, quentinho. E outras vezes parece ter sido feito à meia noite e cinco, isto para justificar "ser de hoje"!

Nota: atenção para os que entendem esgrimir a língua de Cervantes: um Folhado em Castelhano é um "pastel" e nunca , mesmo nunca, um "Follado"!!)

Começar bem o dia pode também ser parar ao lado do quiosque dos jornais na Av. da República, à hora exata em que por lá passa uma das garotas mais engraçadas que tenho visto. Isto apesar da minha conhecida miopia e da hora em causa ser muitas vezes tão matutina que nem dá bem para distinguir as feições da moça. Mas nada disso interessa. Para mim ( e para outros 2 ou 3 que por lá estão e também embasbacam) essa visão matinal é prenúncio de um belo dia!
Estou feito um velho baboso? Olhem que quando o imortal Vinicius  e  o grande Tom Jobim escreveram a "Garota de Ipanema" o primeiro tinha 49 anos, e o segundo apenas 35 anos...

Dia estragado, na minha opinião, é aquele em que algum acidente na A5 me atrasa o "planeamento" diário. Ou ainda quando chego aos elevadores do Báltico e - por ser demasiado cedo - tenho de subir a pé até ao R\C para que a segurança accione as quatro "locomotivas".

São tudo pequenas coisas. Sim, mas como fazem a diferença entre entrar ao serviço bem disposto ou rezingão.

E nestas circunstâncias atuais, onde já não existem as coisas notáveis para nos dispor bem ( os aumentos de ordenados, os prémios de produtividade, etc...) temos que caçar com o que temos mais à mão. 

Passa-se da Holland & Holland ou da Purdey de canos alinhados à mais proletária  Beretta ou Benelli , e daí vai-se para o arco e flecha,  para a fisga e acaba-se na  pedrada simples , passando pelo laço de visco... 

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