Tenho estado à espera desta pôrra do fim do mundo desde que me levantei e ..nada!
Já não se pode confiar em ninguém é o que é!
Estava já a afiar o instrumento para as odaliscas e assim, e o resto que viesse , e depois nada!
Nadinha! Ou seja, tudo como dantes - Quartel General em Abrantes!
Não me parece bem. Os Maias eram gente de jeito, mesmo que o último rebento andasse embrulhado com a própria irmã Eduarda, mas o gajo não sabia que ela era irmã ( ao princípio do livro) e por isso a maleita só deve contar depois da morte do avô , mais ou menos...
Mas pronto! Se não há fim do mundo - mesmo assim ainda tenho alguma esperança para a noite de hoje - lá tenho que botar poema.
Então tomem lá, de Saramago (esse mesmo) , passado, presente e futuro...
Passado, Presente, Futuro
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário