sexta-feira, dezembro 21, 2012

Para Descansar a Vista - Parece que não é o FIM...

Tenho estado à espera desta pôrra do fim do mundo desde que me levantei e ..nada!

Já não se pode confiar em ninguém é o que é!

Estava já a afiar o instrumento para as odaliscas e assim, e o resto que viesse , e  depois nada!

Nadinha! Ou seja, tudo como dantes - Quartel General em Abrantes!

Não me parece bem. Os Maias eram gente de jeito, mesmo que o último rebento andasse embrulhado com a própria irmã Eduarda, mas o gajo não sabia que ela era irmã ( ao princípio do livro) e por  isso a maleita só deve contar depois da morte do avô , mais ou menos...

Mas pronto! Se não há fim do mundo - mesmo assim ainda tenho alguma esperança para a noite de hoje - lá tenho que botar poema.

Então tomem lá, de Saramago (esse mesmo) , passado, presente e futuro...

Passado, Presente, Futuro

Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.

Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.

Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

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