quarta-feira, dezembro 05, 2012

Lobo Bom

Em Ourique, no centro da Vila,  procura-se a sede da notável Associação de Criadores de Porcos Alentejanos, para sempre ligada à figura de José Cândido Nobre, seu presidente e fundador,  infelizmente desaparecido antes do tempo e a quem presto aqui homenagem sentida.

Mesmo pegado com essa ACPA temos de dar de caras com o :

Restaurante "O Lobo"
Rua da Armação de Pêra
7670 OURIQUE
Telef - 286 512 284

Debaixo da orientação de José Lobo, gerente e filho dos proprietários, esta casa de comer é mesmo modesta: apresenta-se com mesas revestidas de papel e com guardanapos também eles do dito, embora de boa qualidade. Copos e talheres que não destoam do ambiente geral, inevitável plasma na parede, felizmente censurado de som na altura dos almoços.

Tem uma carta baseada na oferta gastronómica do Alentejo mais sulista,  aquele que confina  com o Algarve: lombinhos de coentrada, jantarinho de grão com carne  e fumados de porco alentejano, diversas migas com carne de porco certificado alentejano, e por aí. Mas o prato emblemático não tem a ver com o Alentejo: Cabrito na Púcara...

Sendo rei naquelas zonas da planície o Porco de Montado alentejano (erradamente chamado "porco preto") é engraçado que o prato mais conhecido e pedido da mesma casa seja "Cabrito na Púcara"... Mas é ! E não é mau. Pelo contrário.

Vamos dar nota das provas:


Começámos com queijo de cabra (assim -assim), mas depois a coisa recompôs-se com um excelente  Paio de Garvão fatiado, bela Linguiça assada (as carnes Montarraz estão ali bem perto!) e umas migas com carne de alguidar como entrada,

Para prato principal o tal "Cabrito na Púcara". Trata-se de um cabrito guisado lentamente com todos os temperos a que tem direito, e que já feito é trazido para a mesa com batatas fritas aos quadrados grossos. E acompanhando com fatias de bom pão. Quase que um ensopado, mas em que se acrescenta refogado, embora ligeiro.

Come-se bem, temperos precisos, sem se abusar do pimentão. Mas só aqui para nós questiona-se se um borrego mais velho (lá para os 12 kg) ou até a cabra , não seriam mais apropriados para esta confeção?  E se a batata primeiro entalada , depois colocada dentro da púcara, não seria também mais agradável do que  simplesmente "frita"?

De todas as formas, o prato comeu-se bem e recomenda-se.  E conta o "patrão"  que tem já mais de 40 anos de existência na casa.

Sericaia feita pela Mãe do gerente ( e co-proprietária) revelou-se acima de qualquer suspeita. Muito boa!

Com 3 garrafas de vinho (Branco da Herdade dos Grous e tinto da Albernoa - Santa Vitória)  pagou-se cerca de 70€ para três pessoas.

Não faz esquecer o "Novo Coimbra", mas numa aflição - como foi o caso - serve bem e em conta.

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