Todos conhecemos o clássico Mouchão , impressionante tinto Alentejano feito à moda antiga pelos proprietários , na sua Herdade do Mouchão, em Sousel , e cuja segunda marca também muito agradável e mais razoável para a carteira é o Dom Rafael.
Apareceu depois o Mouchão Tonel 3 4 , da mesma casa agrícola, topo de gama que nalguns anos achei um pouco excessivo (e não me refiro só ao preço, mas às características organolépticas das poucas garrafas que me couberam).
Mais tarde tive ocasião de provar uma novidade chamada "Gloria Reynolds" obviamente que com ressaivos familiares (graças ao apelido) com os antigos proprietários da Herdade do Mouchão, mas trazendo informação no rótulo que era produzido entre a Vila de Arronches e a raia da estremadura espanhola, lá para os confins da Serra de S. Mamede.
Este "Gloria Reynolds", de que provei a colheita de 2002, pareceu-me um belo vinho tinto com personalidade e marca de frutos vermelhos e pretos (amoras e ginjas) talvez não tão taninoso e encorpado como o Velho Senhor seu antepassado de Sousel, mas ganhando-lhe em elegância.
Faz até lembrar (se o bebermos tapando o nariz) um ...Dão! (e esta Hein?)
De facto, até a sua cor granada bem bonita mas distinta dos negros retintos do Mouchão de Sousel lhe permite este "travesti" com os nossos sentidos...
Custará entre 20€ e 30€ dependendo do local de compra e devo dizer que é uma experiência muito interessante de um jovem produtor Julian Reynolds que com este Vinho suponho que pretendeu homenagear a sua Mãe.
Já agora, sabem que a família Reynolds está ligada aos CTT?
Eram Comerciantes Ingleses estabelecidos no Norte do País no Século XIX, até que um dos primos se veio instalar no Alentejo. De entre as propriedades que adquiriram contava-se uma casa apalaçada em Évora, no Largo das Portas de Moura e paredes meias com a morada do Senhor Arcebispo, que foi mais tarde comprada pelos Correios para instalar os serviços do Departamento Postal de Évora.
Ainda hoje lá se encontram serviços postais.
Não admira portanto que os homens e as mulheres dos correios fossem normalmente bemvindos na Herdade do Mouchão (já agora Mouchão significa "pequena elevação").
Lembro-me de lá irmos comprar vinho a garrafão , aí por volta de 1985, e recordo-me de uma conversa engraçadíssima que ouvi a um dos velhos adegueiros do tempo (e que conto porque decerto já não está o autor na nossa companhia) .
"Oh Senhor João! Acabaram-se os rótulos de 1976! " - Gritou um dos moços da adega, onde estava a engarrafar directamente de um Pipo.
Resposta do Senhor João: "Nã faz mal Tóino! Vai colando os de 78! É tudo Tinto aqui da casa!"
O que importava é que o Vinho era bom...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário