Realiza-se para a Semana, em Montevideo, uma WorkShop sobre Filatelia e Correspondência Privada, organizada pela UPU e onde eu falarei sobre os problemas com que se defronta esta actividade em todo o Mundo.
Desde logo com relevo para a necessidade de cativar a Juventude para os Selos e - antes disso, ou ao mesmo tempo - para os prazeres da escrita epistolar.
Escrever uma carta que não seja de negócios, simplesmente para dizer alguma coisa a um Amigo, à Namorada, ou a quem nós quisermos, é uma actividade perdida nesta era da InterNet e do OutLook, das SMS e das chamadas telefónicas via Web. Quase que aposto que as poucas cartas que ainda escrevemos são a reclamar qualquer coisa...
Imediatismo, eficácia, feedback imediato (ou quase) têm hoje um peso importante nos processos de Comunicação pessoais, o qual faz a diferença quando comparado com a velha correspondência privada.
A favor desta última conta a elegância do meio - de tão pouco utilizado foi "promovido" a meio "Premium", mais exclusivo e refinado do que qualquer dos outros - a possibilidade de ainda "fazer prova" quando enviada sob Registo e Aviso de Recepção (mesmo esta característica vai ser apropriada pelos novos meios electrónicos seguros, como a anunciada CEPU) mas, sobretudo, a capacidade de mostrar melhor o que somos e o que queremos, pois o traço da tinta no papel constitui uma "impressão digital" bem mais pessoal do que a escrita electrónica.
Por outro lado, se é admissível que a rapidez da comunicação via mail ou via chat traga consigo liberdades de escrita que fariam corar os Gramáticos, também não deixa de ser verdade que o papel de carta e a caneta nas unhas nos impôem mais respeito, obrigando-nos a aprimorar o estilo e a procurar as palavras certas para exprimir os nossos sentimentos.
É uma Batalha perdida, dirão alguns. Mas que convém ir sempre travando, tipo "guerra de retardo", para que não desapareça da nossa vida a componente de literacia que nos faz apreciar um bom romance ou ter vontade de comprar um livro de poesia.
Nem só de TVCabo, Futebóis e de MP3 deve viver o Homem, mas também da Leitura e da Criação Artística em geral.
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Um comentário:
E tem razão caro Director, concença essa gente que escrever sobre papel é lindo e depois, lamber um selo português, dos mais bonitos do mundo... dá cá um gozo!
Gracinda
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