A Quinta da Bacalhoa tem uma história notável que não valerá a pena aprofundar aqui.
Para enquadramento da importância histórica basta termos a noção de que pertenceu a um filho de D. Francisco de Albuquerque e de que, na opinião de Mestre Joaquim Rasteiro, " possui o maior e melhor acervo de azulejaria primitiva portuguesa do mundo".
Foi desde a altura em que um casal de Norte-Americanos - Mr. e Mrs Scorville - se apaixonou pela Quinta da Bacalhoa e a comprou aos antigos proprietários (cerca de 1973\74) que se começou a produzir em Portugal um Vinho Tinto à moda de Bordéus (região mítica de quem o casal Scorville era aficionado).
O Grande Senhor do Vinho que era e é, felizmente, o Engº Francisco Avillez plantou cepas de Bordéus (Cabernet Sauvignon e Merlot) na propriedade e ao fim de uns anos já se produzia o "Quinta da Bacalhoa".
Tudo isto a propósito do Luiz Duran e eu próprio termos sido convidados pelo Sr. Comendador Joe Berardo para almoçarmos na Bacalhoa e discutir colaboração de carácter filatélico para o futuro.
O Comendador agarrou no monumento deixado pelo casal Scorville (que vendeu recentemente as suas participações e a quem temos todos de agradecer o que fez pelo Património Nacional) e , com o seu bom gosto e a sua capacidade financeira notável está a transformar os terrenos, as vinhas e o próprio Palácio, num respeito intransigente pelas traças originais.
Dá gosto (e recomenda-se) uma visita ao antigo Pavilhão que foi construído para as Selecções do Reader's Digest em Azeitão e ver como tudo aquilo está agora adaptado ao Turismo enológico, com jardim japonês, adega e loja de vinhos, sem esquecer os magníficos azulejos - todos etiquetados - espalhados pela Adega e recintos interiores.
Num Lago artificial nadam carpas japonesas, patos bravos e cisnes australianos, à sua volta estão replantadas Oliveiras com 2000 anos que o Comendador Berardo salvou do Alqueva. Só por isso mereceria estátua (na minha opinião, pois sou daqueles que veneram a Oliveira, dádiva de Atena e símbolo da Paz)
Nos locais onde se anichavam os magníficos e insubstituíveis Medalhões em baixo relevo de Terracota de Luca De La Robbia, que foram roubados dos Jardins do Palácio, estão agora "imitações" do mesmo material, feitas expressamente em Itália.
O único medalhão sobrevivente está no interior das caves do Palácio em exposição permanente.
Sabem que a Interpol detectou que um dos roubados terá sido vendido em Londres, nos anos 80, por Meio Milhão de Libras? Existiam mais de 20...
Ao Almoço provaram-se os Vinhos da Casa:
Excelente Espumante Natural Blanc de Blancs Loridos Extra Bruto (das propriedades da Estremadura).
Notável Quinta da Bacalhoa 2001 - talvez o melhor dos últimos anos.
Muito Bom Moscatel Velho de 25 anos.
O Topo de Gama ainda em afinação - Palácio da Bacalhoa - foi por mim comprado posteriormente e provado em casa.
Quem, como eu, tinha (e acho que ainda tenho) algum desdém pelas castas estrangeiras plantadas em Portugal - porque estariam a tirar o lugar e a impedir a divulgação das nossas castas autóctones - não pode deixar de ficar surpreendido, pela positiva, com o resultado de uma mescla de Cabernet e de Merlot em Terras de Setúbal\Azeitão!
Este "Palácio da Bacalhoa 2000" que se vende por 18€ na Loja de Vinhos da Bacalhoa (Imperioso visitar!!) "bate-se" quase de igual para igual com as minhas memórias de um Cheval Blanc de Bordéus!! Mesmo admitindo que a memória é selectiva é um feito extraordinário para um Vinho ainda em afinação.
E estamos a falar de um Grande Senhor de Bordéus que se vende (em anos normais) a mais de 500€ por garrafa!
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