O Amigo Albano dá a sua opinião sobre os Sistemas de Informação modernos e o Tráfego Postal em declínio:
CIPOST - O PPR DA FILEIRA POSTAL
A ameaça colocada pela fileira digital à fileira postal em Portugal é mais forte do que em muitos outros países: por um lado, as mensagens de conteúdo individual - as potencialmente mais ameaçadas - são a maioria; por outro lado, as mensagens de marketing directo - correio contacto e DM - sempre apresentaram uma enorme debilidade estrutural, já que apenas representam 4% do valor global do orçamento das empresas em publicidade, isto é, nada.
Creio que o grande factor de ameaça proveniente da fileira digital tem a ver, sobretudo, com o tamanho das mensagens; no entanto, no caso do correio contacto - em que a maioria das mensagens são grandes - assistiremos também a uma mudança para mensagens efectuadas através de "mobile devices", porque o paradigma social mudará para contactos muito simples e curtos, típicos de 1.ª vaga (como nas batalhas), continuando a 2.ª vaga a ser efectuada depois em DM, mas já com muito maior grau de eficácia do que acontece actualmente no retorno da campanha, decorrendo tal facto das bases de dados usadas, que passarão a ser obtidas a partir do endereço postal concedido pelo destinatário em resposta à 1.ª vaga; em resultado desta mudança na forma de obtenção das bases de dados, a dimensão média de cada campanha de DM será reduzida em mais de 50% face aos valores actuais (ainda assim, uma boa conjugação digital-postal poderá no entanto vir a aumentar de forma significativa a actual quantidade de campanhas de DM).
Como resultado do somatório de todos estes fenómenos - e ainda de outros que seria fastidioso estar aqui a enumerar - estou em crer que dentro de cerca de 10 anos o universo postal terá sido reduzido, no mínimo, em cerca de 50% face ao seu valor actual.
Neste cenário de "velhice" importa prepararmos o futuro, por forma a que a morte nos chegue da forma o mais suave possível; espero voltar em breve ao assunto do ataque da fileira digital à fileira postal numa perspectiva de "ressurreição" da Empresa, mas por agora vou cingir-me apenas à fileira postal.
A qualidade média dos meios humanos nas operações continuará a baixar, porque cada vez mais haverá menos tráfego e cada vez mais teremos que contratar pessoas em regime precário, por forma a que elas não prejudiquem os nossos próprios empregos; esta perspectiva corporativa é legítima e não vejo forma de lhe dar a volta.
Por exemplo, os operadores dos equipamentos de tratamento acompanharão sem dúvida este fenómeno de abaixamento de qualidade.
Por outro lado, os fornecedores dos equipamentos usados nesta indústria passarão também eles a ter muitos problemas, o nível do apoio pós-venda prestado degradar-se-á e tenderá a ser cada vez mais caro.
Neste cenário de morte anunciada, aos órgãos de manutenção dos Centros de Tratamento - CIPOST - será reservado um papel cada vez mais proeminente, sendo necessário que consigam assumir, muitas vezes sózinhos, uma boa parte das capacidades dos fornecedores do equipamento e até dos próprios operadores dos mesmos; a cadaverização de equipamentos será um facto (serão necessários menos máquinas) e a aquisição atempada de quantidades importantes de hardware de reserva é um factor a ter em conta; finalmente, a formação dos técnicos ganhará uma importância extrema.
Convirá assim que a Empresa reflicta nesta problemática e crie e mantenha uma estratégia permanente de valorização das equipas dos CIPOST, já que, a partir de certa altura, deverão passar a ser eles os maiores garantes futuros do funcionamento da fileira postal.
Ainda que a área da engenharia possa continuar a sofrer globalmente um declínio acentuado - como tem vindo aliás a acontecer nos últimos tempos -, é necessário que os CIPOST - cujas funções são justamente a última etapa da área da engenharia - sejam uma excepção a confirmar a regra.
Albano Rosa
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