sexta-feira, novembro 25, 2005

António do Barrote - Um regresso ao Alentejano na Pontinha

Fui Amigo do saudoso António Cordeiro (dono do Barrote Atiçado) e acompanhei a transferência deste para as novas instalações - também na Pontinha mas na Urbanização nova em frente às "garagens" do Metropolitano de Lisboa, à direita de quem vem do C.C. Colombo.

Já até aqui tinha recomendado o Cozido de Grão deste Restaurante.

Por motivos muito longos para estar aqui a enumerar mas que se prenderam também com o luto pela morte do António, deixei de frequentar o Barrote por 7 ou 8 meses.

No regresso à casa "António do Barrote" encontrei a D. Rosa na cozinha e o Mário (irmão do António) nas mesas, como de costume, o que me deixou tranquilo.

Convém saberem que o António Cordeiro era um grande cozinheiro rústico, que fazia jus à sua terra natal (Borba) e que aprendeu numa grande escola de restauração alentejana, ainda hoje disponível em Lisboa: o "Galito" de Carnide.

Sua esposa Rosa juntou aos conhecimentos práticos da cozinha do Barrote a teoria da Escola de Hotelaria e damos agora notícia dos resultados.

As entradas alentejanas apresentaram-se com coelho S. Cristóvão, pimentos vermelhos e verdes em vinagrete, torresmos do rissol e paio de Borba.

Não gostei muito do Paio, demasiado seco para o meu gosto. Das outras entradas (de bom paladar) apenas achei que havia algum azeite a mais nos molhos de acompanhamento.

Comemos em seguida Cozido de Grão (sempre às quinta feiras) e perdiz de escabeche desfiada e dessossada com batas fritas às rodelas finas. Muito bom o Cozido, com enchidos de qualidade e honrada sapidez do caldo das couves, grão e abóbora a embeber as carnes de porco e vaca servidas à parte. Como sabem este Cozido come-se com uma colher...

A perdiz de escabeche era de tiro, mas obviamente criada em aviário e solta algum tempo antes de ser abatida. Dentro do que tenho visto por aí (autênticos "frangos" alimentados a ração a que dão o nome de perdiz) devo confessar que estava muito boa!

Sobremesas a puxar para a Região Transtagana, mas para mim marmelada caseira e uma tira de queijo de Serpa.

Bebeu-se Terras de Zambujeiro Tinto de 2000. Excelente vinho da zona de Borba , mas caro na Loja e obviamente ainda mais caro no restaurante...

A alternativa - da mesma Herdade - a preços mais católicos, chama-se Monte do Castanheiro.

Já agora lembro que o mesmo produtor ainda tem um "topo de gama" chamado simplesmente "Zambugeiro" e ( diz quem o provou) que será melhor do que o Pera Manca... A provar proximamente à conta do subsídio de Natal.

Três pessoas, com cafés e dois Whiskies e sem vinho pagariam à roda de 80€.

Como se beberam duas garrafas do Zambugeiro lá teve a conta de chegar aos 160€...

Boas notícias para os Amigos do António (que deixou muitos). Temos "António do Barrote" à maneira e com cozinha honesta a que apenas algumas correcções de pequena monta dariam ainda mais alto estatuto.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito boa noite!queria deixar este comentário como forma de agradecimento por falar de quem fala, da gastronomia e do próprio restaurante! digo da minha parte que concordo plenamente consigo, claro que daquelas alteraçoes que reparou pelas entradas que disse, posso lhe dizer que seria normal, para mim digo isso porque as maus deixaram de ser as mesmas, logo a maneira e e o modo de fazer serão logo completamente diferentes de confeccionar o produto! Mas deixando aqui o meu agradecimento por este comentário ou artigo que eu tanto gostei e tive o prazer de ler! já agora apresento-me, eu sou o Bruno Cordeiro, Filho de António Cordeiro, que muitas saudades deixou e muitas coisas ainda queria aprender com ele! posso lhe dizer que segui o mesmo rumo e ainda com esperança de conseguir abrir um negocio idêntico ou ate com o mesmo nome! comprimentos Bruno cordeiro