sábado, outubro 15, 2005

Horcher em Madrid: O velho Senhor da Restauração

Aproveitando uma rápida visita de trabalho a Madrid, falamos hoje de um Restaurante clássico da Gastronomia daquela cidade: Horcher, no Bairro de Salamanca, junto ao Parque del Retiro.

Madrid tem uma oferta gastronómica maravilhosa e abrangente, com restaurantes a todos os preços e para todos os gostos. Destaco o maravilhoso "Zalacain" moderno e com uma cozinha requintada e inovativa, de Mestre criador ; o "La Trainera" vizinho do Horcher, na Lagasca e especializado em Marisco e Peixe; o famoso "El Botín" tido como a mais antiga taberna do mundo, na Calle de Cuchileros à Plaza Maior, etc...

Mas hoje venho aqui falar do Horcher.

Tem mitologia própria de ter sido aberto por um cozinheiro de Hitler (t'arrenego!!) que fugiu ao tirano e se radicou em Madrid.

Era poiso habitual da família real, e até se conta que o actual Rei, chegado ao Horcher para jantar viu um antigo amigo do Estoril, vizinho de toda a vida da casa de seu Pai, o Conde de Barcelona, e terá de imediato dito aos seus acompanhantes: está ali um português que se pode gabar de já ter dado umas nalgadas ao Rei de Espanha! E logo o foi abraçar.

O neto do fundador do Horcher e actual proprietário continua a praticar uma cozinha sólida, burguesa à moda alemã, com grande destaque para a caça e para os assados de carnes.

Peçam um "pata negra" para mata-bicho inicial, e peçam ao mesmo tempo para o amabilíssimo trabalhador retirar de imediato o resto do Presunto da vossa frente, sob pena da refeição terminar por ali, tal a excelência da matéria prima!

Há sempre, nesta altura do ano, cogumelos frescos de muitas variedades e apresentados simplesmente grelhados, ou trabalhados com natas e cognac. A salada de Lavagante (Bovagante) é também um prato que resulta muito bem.

Para prato principal pedi Rabo de Touro à moda do Orcher (Olé!) e não me arrependi. A "Cola de Toro" é um prato típico de Granada e da sua região, mas mostrou-se aqui excelente, guizada em bom vinho tinto e acompanhada por ervilhas.

A terminar Sorvete de Tanjerina para uns, Pastel de Arbol para outros. O pastel de Arbol é uma espécie de massa fina de torta que se completa com chocolate quente e natas, feitas ao momento e espalhadas por cima do prato, juntamente com uma bola de gelado de baunilha.

Bebemos um "Pesquera" da Ribera del Duero, 2001. Émulo dos nossos vinhos do Douro, encorpado e com um bouquet de altíssimo nível. Tem a vantagem de dar um "cheirinho" de "Vega Sicília" mas a preços muito mais condizentes para o comum dos mortais que não herdou poços de petróleo.

Quanto custou esta refeição para três pessoas?

Bem, como fui convidado não vi bem, mas ia jurar que o meu anfitrião tinha pago perto de 250€...

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