O Cozido à Portuguesa é um prato emblemático de toda a gastronomia regional (ou popular) ocidental e mediterrânica e não apenas, como muitos pensamos, de Portugal.
Em Espanha existe a Olla , em Itália o Bollito Misto, em França o Pot au Feu, etc...
Mesmo em Portugal o paradigmático "Cozido à Portuguesa" tem variações significativas de região para região e de acordo com as Estações do ano.
Talvez que a variação mais conhecida em Lisboa e no Porto seja o Cozido de Verão à Algarvia ou à Alentejana, com carne de Borrego, feijão verde e grão-de-bico.
De todas as formas, e em geral para todas as regiões do País, , trata-se de um prato típico do Outono e do Inverno, muito completo, e que adquire especificidades regionais de acordo com os enchidos típicos de cada zona onde é feito.
Um bom Cozido, como o que se fazia em minha casa, tinha obrigatoriamente de ser feito quando as couves portuguesas desse ano já se começassem a vender na Praça de Cascais. A essas juntávamos as batatas vermelhas, os nabos, cenouras e repolho. Podia levar (ou não) galinha do campo, podia (ou não) levar chispe e orelha, podia (ou não) levar salsichas frescas, mas incluíamos sempre :
- Carne de vaca (a do chambão é das melhores)
- Costela de Porco
- Chouriços de carne, mouros e morcelas, chouriços de sangue e vinagre (frescos)
- Farinheiras
- Paio do lombo
O arroz feito com o caldo das carnes e enchidos era obrigatório, e nele se desfazia uma farinheira ou um chouriço fresco de vinagre e sangue, para apurar.
Era uma festa de Sábado ou de Domingo aos almoços, para a qual se convidavam os tios e os primos. Começava-se a cozer a carne pelas 8.00H da manhã, os homens cortavam os enchidos e empratavam as travessas, tudo para garantirmos que às 13.00H estava tudo sentado à mesa, onde nunca éramos menos do que 9 ou 10...
O cheiro das panelas invadia a casa e tão marcante ele era que me habituei, já homem, a confundi-lo com a atracção dos valores primordiais: paz, lar, conforto e sossego em família.
Ainda hoje tento manter esta tradição, somos é poucos para tão majestático banquete...
Ora bem depois de tão longa introdução, a puxar para a nostalgia, vamos lá aos Restaurantes que eu conheço e que têm Cozido com qualidade, sobretudo em Lisboa:
O Funil (Rua Elias Garcia)
O Polícia (Av. Conde de Valbom)
O 31 da Armada (Largo da Armada)
A Casa dos Pneus (não se assustem que é mesmo Restaurante, à entrada de Bucelas. As doses são para três que comam bem, mas a qualidade não se ressente, é muito razoável).
O António do Barrote (à alentejana, com grão e feijão verde, junto às instalações do Metro na Pontinha).
O Poleiro (Rua de Entrecampos, perto da PT Prime)
O Miudinho (em Carnide, mais proletário).
Todavia, para mim que não conheço todos, o grande campeão do Cozido à Portuguesa não é de Lisboa:
Campeão em Título: Restaurante São Gião (Moreira de Cónegos) . Este Cozido - se ainda o fizerem desta maneira - é um monumento que leva mais de duas horas para ser apreciado. E não falo do tamanho da dose (pantagruélica) mas da inexcedível qualidade de tudo o que contém.
Telefonem primeiro e confirmem se ainda há aos Sábados e Domingos ao Almoço : Telefone - 253 561 853.
Por fim, um pequeno comentário sobre os vinhos para o Cozido à Portuguesa: manda a Tradição que sejam vinhos novos, vigorosos e com alguns taninos e adstringência para ajudar a "desmoer" tão farta comezaina, imprópria de gente delicada.
Algumas Sugestões:
Duas Quintas Tinto de 2003 (Colheita normal a 8,90€)
Quinta de Saes Dão Tinto de 2004 (Apenas 3,20€ mas muito bom !).
Herdade Porto da Bouga Reserva de 2003 (Um campeão do Alentejo a 5,99€).
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