Fora do dia habitual, por causa do feriado, aqui fica hoje o momento de poesia por conta de Fernando Pessoa, revestido das roupagens de Alberto Caeiro.
Escreve o poeta: "Deve haver muita cousa...Para termos muito que ver e ouvir".
Até BES e Montepios, BPN's e quejandos? Se calhar sim. Até esses. Para que se note a diferença entre os "bons" e os "maus"....
O problema é que, nos dias de hoje, já não há quem seja bom nem mau de todo...antes assim-assim, pouco mais ou menos...
É um mundo de café com leite, mais ou menos escuro... O "maschiato" da moda...
No Entardecer dos Dias de Verão
No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"
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