O vento tem sido predominante neste Agosto, pelo menos aqui na chamada "linha", mas mesmo assim continua a ser atraente fazer uma ou outra refeição "al fresco".
O vento incomoda, levanta as toalhas, derruba os copos de plástico (por isso nunca os usem!) deita os guardanapos de papel para o chão (mais um motivo para usarem de pano). Embora, por outro lado, baixe a temperatura ambiente. Não se pode ter tudo...
"Al fresco" sim, mas com cuidado para não voarem as perucas, capachinhos, panamás, bóinas e outros chapéus.
Quem tem terraços e quintais pode aproveitar. Quem não tem utilize as esplanadas, que as temos boas e para todos os preços.
Na Beira Alta só podemos comer no terraço pela tardinha, porque os calores das horas de sol alto não o permitem de outra forma, mesmo com sombra por cima das cabeças.
Suponho que a mesma receita seja válida nos outros locais deste nosso país, dando corpo à ideia que comer no exterior será sobretudo um privilégio do entardecer .
Ressalvo alguns paraísos, onde a sabedoria árabe continua a imperar sob a forma de fontes, pequenos lagos e riachos correndo pelos pátios, o que aliado às sombras naturais das latadas permite almoços dengosos e de autêntico sibarita, a deitar o olho para a otomana espreguiçadeira... lembro-me de um local assim , em Sevilha. No Hotel Alphonso XIII, antes de ter caído em decadência.
As sardinhadas e churrascos são sempre boas apostas para estas refeições ao ar livre. Excelentes ocasiões para o convívio e para cada qual meter as mãos à obra, seja fazendo as saladas, seja estando de serviço às brasas do carvão (balde de gelo ao lado, com cervejas enfiadas, é aqui de rigor para refrigério do assador de serviço).
Eu devo confessar que sou pouco apto para grelhar nas brasas. Falta de treino, mas sobretudo falta de paciência. E como sou ansioso (outros dirão "esganado") acabo por tirar do lume o material ainda sem estar no ponto da assadura.
Esse "ponto ideal de assadura" deve ser uma coisa que deveria fazer parte dos curricula no MIT lá em Massachussets, tal a dificuldade em alcançá-lo...
Por exemplo, segundo os especialistas "a sardinha quer-se branca e suculenta por dentro, dourada e estaladiça por fora, pele solta e carne firme".
E quanto ao processo da grelha leiam só isto:
Há, primeiro, que sacudir o peixe do sal; levá-lo inteiro à grelha, enquanto o fogo já se encontra no ponto. O carvão calcula-se em relação à quantidade de sardinhas a assar. A grelha entra, fica e sai da brasa no momento exacto, no ponto em que a sardinha assa uniformemente, soltando o pingo de gordura. O pão recebe a sardinha ainda quente, fumegante, soltando a pele e deixando perceber a carne branca e deliciosa.
Assunto para especialistas, obviamente. E que deixarei de bom grado a esses especialistas! (Força João Alves!! Nunca se cansem as tuas mãos desta labuta abençoada!)
Para mim, e se sou eu a ter de tratar do assunto manducal no exterior, do princípio até ao fim, prefiro ir por outros caminhos. Que têm sobretudo a vantagem de se poder preparar a refeição com antecedência, sem a pressão do momento certo que as brasas exigem.
Sugestão para um jantar de Verão comido "al fresco":
Para comer: Uma salada fria de feijão frade com ventrescas de atum (atum da barriga enlatado) e ovo cozido, uma mayonnaise de garoupa com ervilhas, cenouras e camarões. Um ou dois queijos merendeiros de Sousel, partidos às fatias. Melão gelado, bem maduro. De preferência casca de carvalho.
Para beber: Comecem com um Gin tónico (está cada vez mais em moda experimentar diferentes tipos de Gin). E continuem com um rosé de vinho verde. Ou o Espadeiro da Quinta dos Ingleses, ou o Rosé da Adega Cooperativa de Monção. Qualquer deles fica abaixo dos 4 euros (!) e são um delicioso refresco para estas noites mais quentes.
A minha mayonnaise de camarão e garoupa é para ser feita por solteiros sem pretensões a chefs!!
O truque para poupar dinheiro é comprar uma garoupa inteira, para aí com 2 kg, pedir para partirem a cabeça com respeitável "gola" para noutra ocasião cozermos tradicionalmente ou estalar no forno, e trabalhar a mayonnaise com as restantes postas e rabo.
Para além da garoupa ser fresca e de também comprar o melhor miolo de camarão a que puder deitar as mãos, para o resto recorro ao material embalado. Ora vejam aqui sff, para 4 pessoas:
Um pacote de ervilhas e cenoura baby congeladas (existem no Continente).
2\3 batatas grandes
1 cebola
1 kg de garoupa inteira, postas grandes e rabo
1/2 limão
cebolinho q.b.
1 frasco grande de mayonnaise ( para mim a melhor ainda é a Hellman's)
2 embalagens de camarão 15\30 (se o encontrarem)
1 embalagem de tomate cherry
2 ovos XL
salsa em rama q.b.
uma lata de azeitonas pretas sem caroço
Cozemos as postas da garoupa com um fio de azeite, sal, cebola. Deixamos arrefecer, limpamos de peles e espinhas e desfazemos em lascas. Cortamos as batatas em cubos e levamos a cozer durante 20\25 minutos. Cozemos também os ovos, as ervilhas e cenouras até estarem "al dente". Arrefecemos tudo, com água fria no passador.
Temperamos depois , batendo a maionese com o sumo de limão. Juntamos a garoupa lascada, metade do camarão descascado e o cebolinho picado aos legumes e envolvemos com a maionese.
Decoramos com tomate cherry, azeitonas pretas, ovo cozido, o restante camarão e salsa em rama.
Bom proveito malta!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Nos calores de outro verão quente, o de 75, estando uma lindíssima colega minha a arengar sobre o palanque, pedindo insistentemente "a cabeça " de uma assitente pouco dada as classificações/notas revolucionárias, ouviu um aparte de um saudoso colega meu, que insistia gritando: prefiro a " posta do rabo!" Ele lá sabia do que falava...
Abraço PC
Postar um comentário